Em 2016, a Fórmula 1 foi adquirida pelo conglomerado de telecomunicações Liberty Media por US$ 8,5 bilhões e está com uma nova cara. Desde então, novas medidas para tornar a categoria mais dinâmica e rentável foram tomadas pela empresa proprietária.
Recentemente, Sean Bratches, chefe comercial da F1, colocou em dúvida o futuro de tradicionais circuitos da categoria por conta de questões financeiras, pois as taxas de participação são uma fonte importante de renda para a F1 — circuitos mais novos geralmente rendem mais para o campeonato.
Para os fãs, seria uma perda muito grande não ter mais circuitos clássicos e seus principais pontos de referência na pista, como acontece anualmente no GP de Mônaco há 63 anos. Um dos grandes momentos do GP de Mônaco ocorre quando os carros enfileirados aceleram sucessivamente na descida do Casino de Monte-Carlo — um dos casinos mais famosos do mundo. Já Silverstone já foi palco de dezenas de momentos marcantes ao longo de sua história.
“Nós somos os beneficiários de interesse de cidades, estados, países, municípios de todo o mundo, e temos adotado uma abordagem muito cadenciada em termos de como vamos ao mercado quanto a promoção de corridas, escolhendo cuidadosamente para que as corridas potenciais se encaixem bem com a estrutura existente que temos e a direção em que queremos ir no futuro”, analisa Bratches, em nota publicada no site da ESPN.
Portanto, circuitos tradicionais presentes no atual calendário da F1, como Silverstone, Hockenheim, Monza, Mônaco e Barcelona, poderiam deixar de fazer parte da categoria nos próximos anos.
O caso mais preocupante a curto prazo é de Silverstone. Tradicional circuito britânico que inaugurou a categoria em 1950, o risco de não ter o GP britânico na próxima temporada é relativamente possível, pois o contrato se encerra ao fim da atual temporada e ainda não foi anunciada a renovação para os próximos anos.
Vale destacar que Silverstone acumulou prejuízos combinados de £ 7.6 milhões em 2015 e 2016. No entanto, ambas partes não descartam a renovação de contrato. “A porta não está 100% fechada. Temos um diálogo contínuo e é por isso que é melhor mantê-lo entre nós”, disse o diretor Stuart Pringle, responsável pelo GP de Silverstone, à revista F1 Racing.
Caso não haja renovação entre as partes para Silverstone, a intenção da Liberty é manter Londres no calendário da F1, mas com um circuito de rua. “Se houvesse uma oportunidade de correr nas famosas ruas de Londres, isso seria ideal para os fãs da F1 ao redor do mundo”, indica Bratches em comunicado à imprensa.
“Silverstone foi o primeiro grande prêmio, mas nós não corremos em Silverstone todos esses 68 anos. A corrida foi realizada em Brands Hatch e outros locais. Nada é imutável neste esporte em termos de onde corremos”, avisa o chefe comercial.
A boa notícia é que Spa-Francorchamps está garantida no calendário da F1 até 2021. A renovação de contrato do circuito aconteceu em meados de 2018 e agradou milhões de fãs no mundo inteiro.
Assim como Silverstone, o GP de Spa estreou na F1 em 1950, mas teve seu traçado original modificado ao longo das últimas décadas, pois o circuito belga era considerado pelos pilotos como um dos mais perigosos no passado.
Em 1983, ano da última grande mudança do circuito de Spa, o percurso da pista foi reduzido para 7 km. No entanto, suas principais características foram mantidas e curvas como Pouhon, Eau Rouge-Raidillon e Blanchimont ainda são um grande teste para as habilidades dos pilotos.
Além do aspecto histórico que representa o circuito belga para a F1, financeiramente é algo rentável para toda a região da Valônia — entidade federada da Bélgica.
“Este é um bom negócio que garante que um evento tão importante permaneça em nossa região, colocando-nos em uma plataforma de visibilidade global”, disse Pierre Yves-Jeholet ao site da Fórmula 1, Ministro da Economia na região da Valônia.
“O benefício econômico regional e nacional é significativo: em 2017, tivemos um retorno de investimento de 315% e a venda de ingressos aumentou 7,5%. É também uma novidade significativa para nós, já que agora concluímos uma negociação bem-sucedida e recompensadora com a Fórmula 1”, conclui Yves-Jeholet.
Apesar dos circuitos históricos terem grande apelo no cenário automobilístico e cultural, está claro que eles terão que ser rentáveis a longo prazo para continuar na F1, pois a Liberty está claramente focada em dar novos rumos à categoria e visa principalmente a questão financeira como umas prioridades.