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Fuga de cérebros e talentos

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Uma questão premente no Brasil é a de equilibrar o nível educativo de seus jovens porque aumenta a distância entre os que sabem pouco e os que sabem muito. Esta educação deverá, ainda, ser suficiente para que tais jovens tenham condições de lutar por um país melhor. Nesta ocasião, gostaria de fazer alguns comentários sobre o que se costuma chamar fuga de “cérebros” e talentos.

É fundamental entender que o Brasil insere-se num sistema competitivo, de disputas de mercado e poder entre países. Não quero dizer com isso que o mundo todo seja assim. Contudo, o Brasil faz o jogo de países poderosos, que não têm comiseração de nossos problemas sociais. Está tudo num esquema de objetividade de nosso comportamento cívico. Por isso, temos que prepararmo-nos para enfrentar esta realidade das relações internacionais sem ter receio de não ir para o Céu porque nossas religiões pregam a abnegação e a servilidade.

Desde este ponto de partida, alerto ao fato de que aumenta a distância entre os que sabem pouco e os que sabem muito. Por exemplo, bolsas milionárias do governo brasileiro financiam estudantes no exterior enquanto gestores da Educação ainda não abriram a porta certa que levará os jovens pouco educados ao caminho do esclarecimento. Em consequência disso, temos a formação de elites e a desatenção aos ignaros; estes dispõem de poucos recursos.

O governo tem dinheiro para fazer boas políticas públicas para a Educação, porém seus gestores têm a afobação de dar um passo maior que a perna.

Nesta tentativa, temos também o problema de estudantes que pesquisam em áreas pouco desenvolvidas ou inexistentes no Brasil para que, quando retornem ao seu país de origem, fiquem desempregados por dificuldade de inserção profissional. Mas, devido a compromissos firmados com agências financiadoras de bolsas de estudo no exterior, estes estudantes retornam ao Brasil. Muitos deles, porém, acabam exercendo outras atividades profissionais que aquelas correspondentes aos seus estudos. Mais grave ainda é que estas bolsas de estudo no exterior tiram dinheiro de um país pobre que mais precisa e depositam num país rico que menos precisa. Por isso digo que ele percorre o dólar-duto nos Estados Unidos, o libro-duto na Inglaterra e o euro-duto na Europa.

Assim, o Brasil investe em sistemas universitários estrangeiros (muitos deles sem “excelência” nenhuma, ao contrário do que se acredita) e deixa ao Deus-dará o futuro das elites formadas. Há um círculo vicioso na crença de estudantes brasileiros de que o que se faz no exterior é melhor (é de “excelência”, é de “primeiro mundo”); assim, bolsas para estes estudantes acabam financiando portas giratórias, vidraças caras e sistemas automatizados de universidades cujos “staff members” têm boa experiência em “vender o peixe”.

Sem mais comentários sobre as particularidades destas bolsas de estudo, menciono aspectos mais pertinentes à fuga de “cérebros” e talentos. Enquanto os exemplos que dei nos parágrafos anteriores referem-se a profissionais de quem se espera retorno no Brasil pelos investimentos educacionais, tal fuga também ocorre no cinema, na literatura, na música, nas artes e nas ciências.

A economia e os índices sociais do país de origem sofrem danos incalculáveis com a fuga de “cérebros” e talentos. Esta evasão ocorre quando profissionais de destaque aceitam propostas de estudo e de trabalho no exterior e lá desempenham atividades que não melhoram as condições de seus países de origem. É assim que pesquisadores árabes, chineses, indianos, coreanos, sul-americanos, africanos e europeus de competência elevada fazem inovações científicas e tecnológicas em instituições universitárias nos Estados Unidos.

É verdade que muitos estudantes e profissionais brasileiros precisam ter vínculos fortes (geralmente familiares e de amizades) com o país de origem ou patriotismo para aceitar um salário baixo, o trabalho numa área distinta da de sua formação e a vida em meio à violência (hoje generalizada) para recusar propostas de emprego em países com melhor infraestrutura cívica e laboral.

Igualmente, a questão da fuga de “cérebros” e talentos é tão preocupante que ela ocorre dentro do próprio território brasileiro. Refiro-me ao fenômeno dos “trainees” de empresas transnacionais. Estas fazem processos seletivos para absorver “cérebros” e talentos das melhores universidades brasileiras. Porém, o aproveitamento profissional de seus escolhidos ocorre em função dos interesses destas empresas, que prestam contas a suas sedes noutros países.

Para retomar um ponto inicial, é preciso equilibrar a Educação no Brasil em vez de promover a formação de elites que serão convidadas a fugir daqui. Numa condição equilibrada, a chance é maior de que haja muito mais “cérebros” e talentos e de que, mesmo que alguns saiam, outros fiquem.

Assim, sugiro que tomadores de decisão do governo invistam muito mais dinheiro público no Ensino Fundamental e Médio e incentivem seus professores destes níveis de escolaridade. Logo estes transmitirão conhecimentos aos jovens como forma de liberdade, prazer, poder e oportunidade.

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Uma questão premente no Brasil é a de equilibrar o nível educativo de seus jovens porque aumenta a distância entre os que sabem pouco e os que sabem muito. Esta educação deverá, ainda, ser suficiente para que tais jovens tenham condições de lutar por um país melhor. Nesta ocasião, gostaria de fazer alguns comentários sobre o que se costuma chamar fuga de “cérebros” e talentos.

É fundamental entender que o Brasil insere-se num sistema competitivo, de disputas de mercado e poder entre países. Não quero dizer com isso que o mundo todo seja assim. Contudo, o Brasil faz o jogo de países poderosos, que não têm comiseração de nossos problemas sociais. Está tudo num esquema de objetividade de nosso comportamento cívico. Por isso, temos que prepararmo-nos para enfrentar esta realidade das relações internacionais sem ter receio de não ir para o Céu porque nossas religiões pregam a abnegação e a servilidade.

Desde este ponto de partida, alerto ao fato de que aumenta a distância entre os que sabem pouco e os que sabem muito. Por exemplo, bolsas milionárias do governo brasileiro financiam estudantes no exterior enquanto gestores da Educação ainda não abriram a porta certa que levará os jovens pouco educados ao caminho do esclarecimento. Em consequência disso, temos a formação de elites e a desatenção aos ignaros; estes dispõem de poucos recursos.

O governo tem dinheiro para fazer boas políticas públicas para a Educação, porém seus gestores têm a afobação de dar um passo maior que a perna.

Nesta tentativa, temos também o problema de estudantes que pesquisam em áreas pouco desenvolvidas ou inexistentes no Brasil para que, quando retornem ao seu país de origem, fiquem desempregados por dificuldade de inserção profissional. Mas, devido a compromissos firmados com agências financiadoras de bolsas de estudo no exterior, estes estudantes retornam ao Brasil. Muitos deles, porém, acabam exercendo outras atividades profissionais que aquelas correspondentes aos seus estudos. Mais grave ainda é que estas bolsas de estudo no exterior tiram dinheiro de um país pobre que mais precisa e depositam num país rico que menos precisa. Por isso digo que ele percorre o dólar-duto nos Estados Unidos, o libro-duto na Inglaterra e o euro-duto na Europa.

Assim, o Brasil investe em sistemas universitários estrangeiros (muitos deles sem “excelência” nenhuma, ao contrário do que se acredita) e deixa ao Deus-dará o futuro das elites formadas. Há um círculo vicioso na crença de estudantes brasileiros de que o que se faz no exterior é melhor (é de “excelência”, é de “primeiro mundo”); assim, bolsas para estes estudantes acabam financiando portas giratórias, vidraças caras e sistemas automatizados de universidades cujos “staff members” têm boa experiência em “vender o peixe”.

Sem mais comentários sobre as particularidades destas bolsas de estudo, menciono aspectos mais pertinentes à fuga de “cérebros” e talentos. Enquanto os exemplos que dei nos parágrafos anteriores referem-se a profissionais de quem se espera retorno no Brasil pelos investimentos educacionais, tal fuga também ocorre no cinema, na literatura, na música, nas artes e nas ciências.

A economia e os índices sociais do país de origem sofrem danos incalculáveis com a fuga de “cérebros” e talentos. Esta evasão ocorre quando profissionais de destaque aceitam propostas de estudo e de trabalho no exterior e lá desempenham atividades que não melhoram as condições de seus países de origem. É assim que pesquisadores árabes, chineses, indianos, coreanos, sul-americanos, africanos e europeus de competência elevada fazem inovações científicas e tecnológicas em instituições universitárias nos Estados Unidos.

É verdade que muitos estudantes e profissionais brasileiros precisam ter vínculos fortes (geralmente familiares e de amizades) com o país de origem ou patriotismo para aceitar um salário baixo, o trabalho numa área distinta da de sua formação e a vida em meio à violência (hoje generalizada) para recusar propostas de emprego em países com melhor infraestrutura cívica e laboral.

Igualmente, a questão da fuga de “cérebros” e talentos é tão preocupante que ela ocorre dentro do próprio território brasileiro. Refiro-me ao fenômeno dos “trainees” de empresas transnacionais. Estas fazem processos seletivos para absorver “cérebros” e talentos das melhores universidades brasileiras. Porém, o aproveitamento profissional de seus escolhidos ocorre em função dos interesses destas empresas, que prestam contas a suas sedes noutros países.

Para retomar um ponto inicial, é preciso equilibrar a Educação no Brasil em vez de promover a formação de elites que serão convidadas a fugir daqui. Numa condição equilibrada, a chance é maior de que haja muito mais “cérebros” e talentos e de que, mesmo que alguns saiam, outros fiquem.

Assim, sugiro que tomadores de decisão do governo invistam muito mais dinheiro público no Ensino Fundamental e Médio e incentivem seus professores destes níveis de escolaridade. Logo estes transmitirão conhecimentos aos jovens como forma de liberdade, prazer, poder e oportunidade.

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