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Ganha perde

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Ontem foi aniversário do meu maior pesadelo.

 

Mesmo tendo passado tanto tempo nunca me esqueci da afronta pela qual passei.

 

Estava a Menininha doente quando o pai foi até Ele e pediu que a curasse.

 

Ele que ocupado estava continuou cuidando de seus afazeres.

 

Daqui a pouco os empregados chegam com a notícia de que ela não precisava mais de ajuda.

 

Havia morrido.

 

Ponto para mim.

 

E Ele, com a maior tranquilidade, fala para o pai acalmar-se.

 

Vai lá e traz a menina à vida.

 

Como assim?

 

Desde que comecei nesse jogo nunca um ponto me tinha sido tirado.

 

Desde então passei a acompanha-lo mais de perto.

 

Outro dia, enquanto caminhava, Ele se depara com um cortejo fúnebre.

 

Eu já tinha computado mais aquele ponto e já estava em busca de outros quando eles se encontraram.

 

Consolou a mãe daquele que não mais respirava e falou com o garoto.

 

De um segundo para o outro, ele começou a falar.

 

Eu, que não sou acostumada a ter gol anulado,  queria ver o fim daquele, que agora me desafiava de maneira recorrente.

 

O tempo passou e eu até já estava mais tranquila quando o encontrei chorando à beira de um túmulo.

 

Logo vi que aquilo não iria prestar.

 

Ele mandou que aquele  fosse aberto.

 

Como assim?

 

Chamou seu amigo que já estava lá há quatro dias e o cara veio. Todo enrolado em panos como fora ali colocado.

 

Mas veio .

 

Minha revolta só aumentava e o único pensamento que eu tinha era que Ele deveria ser levado por mim.

 

No dia em que isso acontecesse, eu não mais teria problemas.

 

E esse dia chegou.

 

Fiquei deveras aliviada quando o tomei em meus braços.

 

A brincadeira de perde e ganha havia enfim terminado.

 

Passados três dias, um terremoto.

 

Quando isso acontece, recebo centenas, milhares de pontos de uma só vez.

 

Não nesse.

 

Após a Terra sacudir,  Ele veio de onde estivera com uma beleza e majestade nunca antes vista.

 

Não só veio como trouxe alguns de seus amigos que já eram meus.

 

Isso tem muito, muito tempo.

 

Mesmo assim, a cada ano nessa época, eu me recordo.

 

É que Ele disse que um dia irá virar o placar em definitivo.

 

Os que nEle creem se alegram.

 

Eu tenho medo.

 

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744