Eles são todos do Pleistoceno – o período retratado no filme “A Era do Gelo”. E, por sorte, já haviam sido extraídos do chão pela erosão. Era só pegar.
Por Bruno Vaiano/Superinteressante
Duas cavernas com 7 km de túneis cada uma, nas redondezas do pequeno município de Serra do Ramalho, no sudoeste da Bahia, contêm fósseis de 29 animais que viveram no Pleistoceno – o período geológico imediatamente anterior ao atual, que vai de 2,5 milhões a 11 mil anos atrás.
Os ossos foram coletados entre 2012 e 2014 e analisados por pesquisadores do Serviço Geológico do Brasil, em parceria com as universidades federais do Paraná (UFPR) e do estado do Rio de Janeiro (Unirio). Os resultados estão neste artigo científico. Os 450 fragmentos estão guardados no Museu de Ciências da Terra (MCTer), no Rio de Janeiro.
O Pleistoceno faz parte do imaginário popular: nele ocorreu o evento de glaciação mais recente, que é representado na animação A Era do Gelo. Mamíferos como preguiças e capivaras gigantes são dessa época, bem como tigres dentes-de-sabre, mastodontes e rinocerontes lanudos – peludos de grande porte que foram extintos em parte graças a mudanças climáticas, em parte por causa de predadores de outra espécie: o Homo sapiens.
Tudo começou em 2011, quando pesquisadores do CPRM (sigla pela qual é conhecido o Serviço Geológico) analisavam cavernas de nove municípios do sudoeste da Bahia. É sempre bom ficar de olho em fósseis nessas situações – às vezes eles dão as caras em locais inexplorados –, mas encontrá-los não era o objetivo principal do levantamento.
Calhou que, em duas das cavernas, havia fósseis. Muitos. E eles sequer precisaram ser escavados: já estavam expostos graças a uma ajudinha da mãe Natureza.