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Governo de Minas lança projeto da Pinacoteca Cemig Minas Gerais e Centro do Patrimônio Cultural Cemig

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O maior edifício do Conjunto Arquitetônico da Praça da Liberdade, o Prédio Verde, será sede da Pinacoteca Cemig Minas Gerais e do Centro do Patrimônio Cultural Cemig

Por: Petrônio Souza

No próximo dia 22 de junho – quarta-feira, às 16h30, o governo do Estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo; o IEPHA/MG; a Cemig e a APPA – Arte e Cultura, que faz a gestão das obras de restauração do espaço, farão o lançamento oficial do Projeto Pinacoteca Cemig Minas Gerais e Centro do Patrimônio Cultural Cemig. Serão apresentados detalhes desses novos equipamentos culturais, o cronograma das obras e dos projetos, sua conclusão e a abertura para visitação dos novos espaços do Circuito Liberdade.

A Pinacoteca Cemig e o Centro do Patrimônio Cultural Cemig serão equipamentos culturais articuladores dos conteúdos de cultura e patrimônio do Circuito Liberdade, em diálogo permanente com os municípios de todo o Estado de Minas Gerais. Juntos, a Pinacoteca e o Centro do Patrimônio Cultural vão promover, preservar, contribuir para a salvaguarda e proteção do patrimônio material e imaterial do Estado, bem como dos acervos de valor cultural, por meio da sistematização de informações, educação patrimonial, ações educativo-culturais e a promoção da visitação pública presencial e virtual.

Instalado no Prédio Verde da Praça da Liberdade, antiga sede da Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas, a  Pinacoteca Cemig e o Centro de Patrimônio Cultural Cemig abrigarão em seus nove mil metros quadrados distribuídos em quatro pavimentos, a sede administrativa do IEPHA-MG – Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais e parte de seu acervo; lojas com espaço para degustação das iguarias mineiras; receptivo do Circuito Liberdade e até um restaurante voltado exclusivamente para a cozinha mineira. Espaço para exposições e pequenas apresentações artísticas estão na lista dos muitos atrativos da Pinacoteca e Centro do Patrimônio Cultural da Praça da Liberdade.

O IEPHA ocupará o andar térreo com seu arquivo e biblioteca, para atendimento ao público e o quarto andar será destinado para suas atividades administrativas e institucionais. A ideia é que parte de seu acervo fique exposto para visitação.

O Centro do Patrimônio Cultural Cemig, além de referência estadual como articulador da cultura e história de Minas Gerais, trabalhará com ações e projetos de forma permanentes, além de divulgar a valorização do patrimônio imaterial de Minas Gerais, com espaços dedicados à cozinha mineira, ao artesanato, congado, capoeira, folclore, a cultura de matriz africana, entre tantas outras manifestações artísticas e culturais existentes no Estado.

Devido à sua distância dos grandes centros do Brasil Colônia e pela riqueza de suas reservas minerais, que atraíram diferentes povos para o seu território, Minas Gerais desenvolveu características próprias e manifestações autóctones, que fundiram tradições culturais das pessoas que viviam e que aportaram aqui para a exploração do ouro.

O secretário de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, Leônidas Oliveira, destaca “que esse é o maior edifício do entorno da Praça da Liberdade. O Governo de Minas continua investindo na Cultura, através de parceiros. O Circuito Liberdade ganhará um espaço diverso, dedicado às artes visuais e ao Patrimônio Histórico. O prédio está localizado na capital, mas ele representará todo o Estado, como um atrativo turístico, mas também de acolhimento da nossa gente que vem a BH, um lugar de identidade, onde Minas Gerais estará essencialmente presente em síntese. No primeiro andar, serão construídos espaços de convivência, onde a cozinha mineira, o artesanato e diversas manifestações culturais, de todos os cantos do Estado, estarão presentes, gerando renda a quem vive de cultura e turismo em Minas”.

O diretor de Comunicação Empresarial e Sustentabilidade da Cemig, Cláudio Bianchini, salienta a importância  do novo equipamento cultural. “É um espaço único, valorizando traços fundamentais da cultura mineira e reforçando sua diversidade. É um orgulho para a Cemig, que é a maior incentivadora da cultura em Minas, tornar isso possível. Um presente da companhia, na comemoração de seus 70 anos, para Minas e o Brasil”.

Para o presidente da APPA – Arte e Cultura, Xavier Vieira, “esse vai ser um espaço dedicado às artes visuais e ao nosso patrimônio material e imaterial. É uma junção grandiosa, de duas áreas que carecem de locais que as valorizem e promovam. O local terá potencial para ser um importante atrativo turístico nacional e até internacional, sendo indutor inclusive para que o visitante conheça outras regiões de Minas Gerais. Além disso, o espaço vai funcionar em prol da autoestima do mineiro, já que o Estado tem uma história riquíssima nas artes visuais e no seu patrimônio histórico e artístico. A Pinacoteca Cemig e o Centro de Patrimônio vão o tempo todo convidar as pessoas a entrarem no prédio, haverão espaços de convivência, de formação, de fomento. Todas as regiões de Minas estarão representadas. Queremos que esse prédio esteja sempre cheio de vida e gere renda para o nosso turismo e nossa cultura”.

O Centro do Patrimônio Cultural de Minas Gerais

Entre as suas muitas e múltiplas ocupações, o Centro do Patrimônio abrigará, inspirado no formato dos grandes museus internacionais, boutique dos museus e dos equipamentos culturais do Circuito Liberdade, trazendo produtos especiais de nossa cultura mineira. Isso tudo tendo espaço de convivência e de desenvolvimento promocional e mercadológico da mineiridade, unindo a cultura, o turismo e a economia criativa.

Lojas apresentarão iguarias mineiras, como queijos de diferentes regiões e tipos produzidos no Estado, com degustação, consumo e venda. O espaço contará com lojas no mesmo formato para doces, cachaças, cafés, cervejas artesanais, águas minerais, além de outros produtos que traduzem bem a cultura mineira. Haverá também loja dedicada ao artesanato regional mineiro, uma loja com curadoria de design mineiro, mobiliário, objetos e uma loja com curadoria de marcas mineiras, roupas e acessórios de design.

O projeto prevê também um restaurante dedicado especificamente à cozinha mineira, com chefs convidados por temporadas.

A história da Pinacoteca de Minas Gerais

Constituída por obras recolhidas a partir de 1928, quando foi criada pelo então Presidente do Estado, Antônio Carlos de Andrada, a Pinacoteca Oficial de Minas Gerais surgiu como uma seção complementar ao Arquivo Público Mineiro.  A aquisição do quadro “Solar Tradicional”, de Aníbal Mattos, marcou solenemente o início da coleção. Posteriormente, mais dez telas de Aníbal Mattos, duas obras de Honório Esteves e uma de Alberto Delpino foram incorporadas.

No início da década de 1970, por iniciativa de Dona Coracy Uchoa Pinheiro, esposa do governador Israel Pinheiro, a Pinacoteca do Estado ganhou novo impulso. Inicialmente, foi aberta uma exposição ao público em 1971, em uma das salas do Palácio da Liberdade. A coleção exposta foi organizada sob a coordenação do escritor Murilo Rubião e do artista e crítico de arte Márcio Sampaio, que recolheram obras do acervo do Arquivo Público Mineiro e o do próprio Palácio da Liberdade, além de reunirem trabalhos de artistas contemporâneos que atuavam na época. Esses artistas eram convidados a fazerem a doação de uma obra representativa de sua carreira e, muitos deles, generosamente, doaram significativos exemplares para essa finalidade.

O objetivo principal da iniciativa era ampliar a coleção com vistas à implantação futura de um museu estadual. E isso de fato ocorreu com a instalação, na década seguinte, do Museu Mineiro, dedicado à cultura mineira. Parte significativa dessas obras estão em reserva técnica ou em exibição na exposição de longa duração Minas das Artes, Histórias Gerais, inaugurada em 2018.

Em maio de 2022, o acervo da Pinacoteca recebeu mais 24 obras que estavam sob responsabilidade da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). Agora,  passam a integrar o acervo da Pinacoteca obras de Lotus Lobo, Carlos Bracher, Inimá de Paula, Sara Ávila, Nello Nuno entre outros grandes nomes das artes visuais  A exemplo de outras instituições artísticas nacionais, que também criaram sedes definitivas para suas coleções pictóricas, a realização desta ação, demandada tanto por parte do público quanto pela classe artística, tem em vista o cumprimento de uma proposição importante do Governo e da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo: a salvaguarda e a difusão da cultura artística mineira.

O edifício sede da Pinacoteca

O edifício sede da Pinacoteca fica em uma das extremidades da Praça da Liberdade. De arquitetura eclética, o edifício faz parte do projeto original da Nova Capital do Estado de Minas Gerais, o edifício foi uma das primeiras construções da nova capital, inaugurada em 1897. Ele é um equipamento cultural do Circuito Liberdade, que é composto por equipamentos entre museus, centros culturais e de formação, que mapeiam diferentes aspectos do universo cultural e artístico.

A edificação projetada pelo arquiteto pernambucano José de Magalhães, que integrava a comissão construtora de Belo Horizonte, o mesmo arquiteto que projetou o Palácio da Liberdade, tem estilo eclético com influência do neoclássico. Entre o segundo e terceiro andares existe uma porta e um vitral que dão para uma varanda que se debruça sobre o pátio interno. Nas paredes do grande hall, estão pinturas parietais do artista plástico Frederico Antônio Steckel, o mesmo que decorou internamente o Palácio da Liberdade.

O restante do prédio histórico é composto por amplas salas, com enormes pés direito. Na fachada posterior, possui uma entrada secundária, de menor suntuosidade que a principal e que fica um nível abaixo desta.

O edifício, por suas características históricas, é um bem do povo mineiro, e integra o conjunto arquitetônico e paisagístico da Praça da Liberdade, cujo tombamento, pelo Iepha, compreende a Praça da Liberdade, seus jardins, alamedas, lagos, hermas, fontes e monumentos, bem como os prédios das Secretarias de Estado da Fazenda, Obras Públicas, Educação, Segurança Pública, e Interior e Justiça, pelo seu aspecto externo, incluindo as fachadas de frente, laterais e posteriores, e seu interior com decorações, escadarias monumentais, pinturas de tetos, painéis, vitrais e os prédios dos Palácios da Liberdade e dos Despachos.

O “prédio verde”, como é popularmente conhecido, possui um hall que é acessado por uma escada de granito. Do hall, sai uma escadaria de ferro fundido pela, obra da companhia belga Societé Des Acieries de Bruges. É um trabalho artístico que foi montado em um sistema inovador para a época, o joly, que permite a sustentação do próprio peso a partir de um eixo central.

Sobre o tombamento do edifício

O prédio da antiga Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas fez parte do centro cívico da administração estatal e da fundação da nova capital e integra o conjunto arquitetônico da Praça da Liberdade, coração do corredor cultural e turístico denominado Circuito Liberdade. Foi tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico, Iepha-MG, em 1977, como parte do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Praça da Liberdade e pelo município de Belo Horizonte em 1994. O tombamento foi aprovado pelo Decreto 1.851, de 02/06/1977 (art. 1o, XI).

Foto da Capa: Poly Acerby

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