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Guido e Rafa: uma história linda de amor e amizade

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Apesar da bonita história de amor, nem tudo são flores para as pessoas com deficiência em nosso país, como Guido e Rafa

Por Comunicação/ Marcelo Bacellar

Rafaela Apolonia, 23 anos, tem uma síndrome rara chamada Angelman e Guido Garcez, 27 anos, tem paralisia cerebral. Eles fazem parte de um grupo de Pessoas com Deficiência (PcD) jovens que se reúnem para festas e passeios. Num desses encontros, Guido viu a Rafa e ficou perplexo, sem conseguir parar de olhar para ela, sorrindo o tempo todo. Passaram alguns encontros, o encantamento parece ter sido recíproco pois, em seguida, eles começaram a namorar. Os responsáveis perceberam e começaram a promover mais passeios e encontros do casal.

Apesar da bonita história de amor, nem tudo são flores para as pessoas com deficiência em nosso país, como Guido e Rafa. A mãe dela, Andrea Apolonia, professora de Educação Física, que lidera um grupo de mães chamado “Juntos” (@juntos_grupo) explica que há várias barreiras enfrentadas pelas pessoas com deficiência em espaços de lazer, nos shoppings, transportes públicos, repartições, edifícios, escolas, universidades, sanitários, entre outros locais. “Isso impede e dificulta muito a vida cotidiana das pessoas com deficiência. Não são as pessoas que são deficientes, e sim os lugares que são! Sem falar das barreiras atitudinais, relacionadas às atitudes das pessoas, que também precisam ser enfrentadas. Há aquelas que usam o elevador sem precisar de prioridade, que sentam em mesas destinados aos deficientes,  que usam os banheiros destinados a pessoas especiais e ainda alguns que estacionam os carros nas vagas reservadas para esse público. Sair de casa não é nada fácil”.

Andrea e Cristiane Garcez (mães do casal) em todos os “dates” que combinam com os filhos esbarram com falta de respeito e de empatia. “São poucos os locais e espaços preparados adequadamente para recebê-los” afirmou Andrea.

O casal é parte de um contingente 18,6 milhões de pessoas com 2 anos ou mais (9% dessa faixa etária) que possuem alguma deficiência no país, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua 2022. No mundo, de acordo com Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 1 bilhão de pessoas vivem com algum tipo de deficiência, física ou intelectual, sendo que 80% delas estão em países em desenvolvimento.

No Brasil, os primeiros discursos em relação à defesa dos direitos das Pessoas com Deficiência (PcD) ocorreram na década de 1960; sendo reivindicada ainda apenas a possibilidade de convivência social. Atualmente, em 21 de setembro, há o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.

Segundo Cristiane, mãe do Guido e que ajuda nas iniciativas do grupo, até hoje, a sociedade não recebe bem as pessoas com deficiência. “É verdade que tivemos pequenos progressos com a adoção de algumas poucas políticas públicas, mas ainda há muito o que avançar, principalmente com relação ao preconceito e à desinformação”, afirmou.

A inclusão das pessoas com deficiência no Brasil é muito pequena e a situação ainda fica pior em famílias de baixa renda. O que torna ainda mais importante dar visibilidade ao assunto, mostrando assim um lado diferente que pode ajudar o Guido e a Rafaela e tantos outros milhões de pessoas na mesma situação a serem vistos com menos preconceitos, lhes dando oportunidade de ter uma vida melhor.

Foto de Capa: Reprodução

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745