Ao fim da campanha Novembro Azul, que alerta para os cuidados com a saúde integral dos homens, pesquisa revela que uma educação machista pode conduzir os homens para a falta de cuidados com as doenças
Por Max Gonçalves
Estamos chegando ao fim da campanha Novembro Azul, que alerta para os cuidados com a saúde dos homens. O câncer de próstata é a segunda doença que mais afeta os homens no mundo, e especialistas alertam contra o preconceito e o medo do tratamento. Pesquisa de comportamento mostra que a discussão do tema é muito desmotivada pelo machismo e tabus ligados à virilidade masculina. Enquanto isso, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), em média, 71,1 mil brasileiros confirmam o diagnóstico anualmente no país.
A Campanha Novembro Azul busca conscientizar os homens sobre a importância da prevenção ao câncer de próstata, mas é preciso um olhar para a saúde masculina de forma mais ampla. Agora, se muitos homens deixam de buscar tratamento para a saúde física, os dados mostram que a saúde emocional é bastante negligenciada. Pesquisa mostra que 65% deles nunca fizeram terapia.
Quando se trata da saúde emocional, a segunda edição do “Panorama da Saúde Mental”, realizado pelo Instituto Cactus e AtlasIntel, mostra que apenas 5% dos brasileiros fazem terapia. Além disso, 56% da nossa população afirmaram nunca ter procurado um profissional da saúde para lidar com transtornos de ansiedade. Entre homens, a situação é pior e o índice chega a 65%.
A psicóloga Bárbara Couto, mestre em Psicologia Clínica e Saúde pela Universidad Europea del Atlantico (UNIAtlântico), da Espanha, explica que normas culturais e sociais incentivam os homens a internalizar as dificuldades e a nunca demonstrar fraqueza. Essa socialização masculina tradicional valoriza algumas características, como auto suficiência, controle emocional, força, e gera culpa e vergonha quando se tem algum tipo de sofrimento.
A especialista explica que, desde criança, o homem aprende que tem que engolir o choro para virar homem e nunca pode demonstrar nenhum tipo de sentimento. É como se o sentimento afetasse a masculinidade. Nesse contexto, a saúde mental é totalmente ignorada, porque é vista como fraqueza.
De acordo com a psicóloga, para parte da sociedade, a única emoção que o homem pode ter é a raiva, o que pode condicionar pessoas mais agressivas e mais difíceis de lidar. Essa formação equivocada, que muitos de nós temos, acaba perpetuando o ciclo de masculinidade tóxica e reforça o silêncio em relação à saúde mental, explica a especialista. Poucos homens conseguem, portanto, reconhecer suas fragilidades e dificuldades em lidar sozinhos com suas emoções.
A dificuldade de dialogar sobre o tema e a recusa em procurar ajuda têm consequências graves. Segundo dados do Ministério da Saúde, o suicídio é quase quatro vezes mais incidente entre os homens.
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
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