Especialistas falam sobre a importância e os desafios do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
Por Ascom/ Sistema de Ensino Aprende Brasil
Desde 2007, o ensino em escolas de todo o Brasil tem um objetivo claro e numérico: atingir as metas do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Um dos principais indicadores de qualidade da educação, o Ideb passou a ser o norte pelo qual todos os agentes educacionais se orientam. Mas, com quase uma década e meia de existência, a forma de calcular o índice começa a apresentar algumas deficiências à luz do século XXI.
Se ainda há o que melhorar, não se pode esquecer que a implementação do Ideb, em si, já foi um grande avanço rumo a uma educação melhor e mais igualitária em todo o país. Com as metas estabelecidas de acordo com o perfil de cada município, as Secretarias de Educação podem entender quais pontos precisam ser revistos e desenvolver planos de ação para isso. Para o ex-presidente do Todos pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação, Mozart Neves Ramos, “é fundamental que o país tenha um sistema sólido de avaliação, capaz de aferir a qualidade do ensino oferecido. O Brasil tem uma larga experiência nesse campo e o Ideb é um indicador que tem sido capaz de mobilizar as pessoas em prol dessa qualidade. Ele não apenas estabeleceu metas, mas está também dentro dos debates da política, por exemplo, em momentos de disputa eleitoral. Isso é muito positivo, apesar das eventuais limitações”.
A ex-presidente do Inep e membro do comitê gestor da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Maria Inês Fini, lembra que o Ideb foi criado tendo como referência os direitos constitucionais das crianças e adolescentes. “Sabemos que existem famílias que não têm uma estrutura organizada, ou que vivem situações de vulnerabilidade, e isso influencia na aprendizagem. Mas, de qualquer forma, o papel da escola é garantir esses direitos constitucionais e universais”, destaca a educadora. “Nesse sentido, uma avaliação como o Ideb ajuda a nivelar a educação oferecida em diferentes lugares do país por meio não da comparação com outras regiões ou realidades, mas com o próprio histórico conquistado nas avaliações”, completa.
Ramos defende que qualquer sistema de ensino que seja aplicado no século XXI precisa ter flexibilidade, capacidade de se reinventar e de permitir o desenvolvimento de novas competências em estudantes e professores. “Cada vez mais, vamos precisar de pessoas criativas, com pensamento crítico”, afirma. Ele explica que as escolas precisam ter projetos de atuação adequados ao projeto de vida dos alunos e, como o mercado de trabalho vem se modificando nos últimos anos, exigindo novas habilidades que nem sempre estão relacionadas à aplicação do que se aprende no currículo escolar tradicional, essa adaptação será mais fundamental a cada ano.
“Hoje, queremos que o ensino seja mais interativo e dialogue com os estudantes de maneira mais adaptativa. Se a escola brasileira souber como fazer isso, daremos um salto de qualidade”, ressalta Maria Inês. Para ela, essa readequação será necessária também porque os sistemas de ensino estão se adequando. Segundo a especialista, a pandemia também veio nos provocar e nos mostrar que, embora o ensino híbrido jamais vá substituir o presencial, podemos trabalhar de outras maneiras.
Maria Inês e Mozart estão juntos no 15º episódio do podcast PodAprender, cujo tema é “A importância do Ideb para a educação pública”. O programa pode ser ouvido no site http://sistemaaprendebrasil.