Retrações foram observadas nas horas trabalhadas e na Utilização da Capacidade Instalada, mas indicadores mantêm patamares pré-pandemia
Por: Paloma Custódio/Brasil61
Atividade industrial teve quedas em maio, mas se mantém em patamares observados antes da pandemia de Covid-19. De acordo com levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), houve retrações significativas nas horas trabalhadas na produção e na Utilização da Capacidade Instalada (UCI).
A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) afirma que o setor industrial é um dos maiores geradores de emprego no Brasil, mas foi fortemente afetado por toda a crise provocada pela pandemia da Covid-19.
“Com a vacinação em curso, percebemos uma retomada desses setores econômicos, que voltam com força, produzindo, gerando empregos e renda e fazendo a economia girar como deve ser”, observa a senadora.
O conselheiro Lauro Chaves Neto, do Conselho Federal de Economia, ressalta que a atividade industrial no Brasil praticamente recuperou o patamar pré-pandemia.
“Isso se deve à reestruturação das cadeias de suprimento e logística e à retomada das cadeias de distribuição para o varejo, para o atacado e, principalmente, para algumas rotas de exportação. Nesse período da pandemia, a indústria brasileira conseguiu se reinventar e promoveu inovações muito importantes nos seus processos, o que gerou um ganho de produtividade que também explica essa retomada.”
Segundo o levantamento da CNI, as horas trabalhadas na produção tiveram queda de 1,8% em maio, em relação a abril de 2021. Considerando os números de março e abril, o indicador mostra uma tendência de queda em 2021.
O faturamento aumentou 0,7% de abril para maio, mas vem oscilando entre altas e quedas desde o início do ano. Segundo os pesquisadores da CNI, o indicador apresenta uma tendência de queda, pois as altas não têm compensado as retrações.
Já a UCI teve uma pequena retração de 0,3 ponto percentual em maio, em comparação com abril, mas atingiu 81,6% – o terceiro mês consecutivo acima de 80%, o que não ocorria desde o período entre novembro de 2014 e janeiro de 2015.
Outros dados do levantamento apontam que o emprego na Indústria de Transformação reforçou a tendência de alta em maio, com crescimento de 0,5% em relação a abril. Já a massa salarial voltou a cair após dois meses de alta, com retração de 0,8% em maio, em comparação ao mês anterior. Além disso, o rendimento médio registrou queda de 2,5% no quinto mês de 2021.
Índice de Confiança
O levantamento mais recente da CNI mostra que o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) aumentou 0,3 ponto em julho de 2021, atingindo 62 pontos. Essa é a terceira alta consecutiva e mantém o indicador no patamar de confiança, acima dos 50 pontos. Desde maio, o ICEI acumula crescimento de 8,3 pontos.
“O cenário de confiança na indústria é esperado e tenho certeza que as expectativas serão correspondidas e até superadas, pois todos os setores estão ansiosos por essa retomada da economia do nosso país”, comenta a senadora Soraya Thronicke.
Lauro Chaves Neto destaca as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) como razão para o aumento da confiança no setor produtivo. “O setor produtivo e também o industrial retomam a confiança pela expectativa de crescimento do PIB acima de 4,5% em 2021 e a continuidade dessa retomada para 2022. E, sobretudo, pela retomada da agenda de reformas, a qual o setor produtivo imputa como prioritárias para a melhoria da produtividade e a redução do Custo Brasil”, observou o especialista.
Economia dos Estados
No estado do Mato Grosso do Sul, o índice de evolução da produção industrial encerrou o mês de maio com 52,5 pontos, sendo o melhor resultado para o mês em toda a série histórica. O dado também é da CNI, divulgado pela Federação das Indústrias do Estado do Mato Grosso do Sul (FIEMS).
Já o percentual médio da Utilização da Capacidade Instalada na indústria sul-mato-grossense fechou em 72% em maio, com crescimento de 6 pontos percentuais em relação ao mesmo mês de 2020. O resultado é o melhor dos últimos sete anos para o quinto mês do ano.
A senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) comenta a relevância da indústria no estado do Mato Grosso do Sul. “A nossa história é mais voltada a setores que, de certa forma, são considerados essenciais e talvez alguns tenham até crescido nesse período. Os cinco maiores setores de atuação da indústria sul-mato-grossense são os serviços industriais de utilidade pública, celulose-papel, construção, alimentos e derivados de petróleo e biocombustível.”
O economista Lauro Chaves Neto ressalta que os estados que criaram melhores condições de investimento e infraestrutura para os negócios, com redução de burocracias, conseguem se destacar com indicadores industriais melhores do que a média nacional. Ele também reforça a importância do debate do Pacto Federativo no Congresso Nacional.
“Nós precisamos fortalecer cada vez mais a distribuição de recursos para os estados e principalmente para os municípios, porque quando há essa descentralização, você promove a economia local; e só o desenvolvimento local vai ajudar a combater as desigualdades e a redução da pobreza extrema”, destaca o especialista.
Foto de capa: Rodrigo Félix Leal/AEN-Paraná