Estudos devem ajudar o país a desenvolver uma economia de baixo carbono e ampliar a matriz energética
Por Nathália Ramos Guimarães
Os Institutos SENAI de Inovação (ISIs) têm criado, testado e implementado projetos em energias eólica, fotovoltaica e biomassa para ampliar o potencial de energias renováveis no Brasil. Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a inovação é “fundamental” para que o país aproveite a oportunidade de desenvolvimento produtivo em uma economia de baixo carbono.
Melina D’Ávila, pesquisadora do Instituto SENAI em Biomassa de Três Lagoas (MS), aponta que a matriz energética mundial, hoje, é dependente de combustíveis fósseis, oriundos do petróleo. “O Brasil já tem uma matriz energética de fontes renováveis. A maior produção de energia elétrica do país é de fonte renovável — a hidrelétrica. Entretanto, o Brasil consome muito combustível fóssil, como gasolina, óleo diesel e carvão mineral”, informa.
A biomassa possui potencial para a produção de energia limpa e sustentável. Trata-se de um material orgânico vegetal ou animal que pode vir da madeira, dos resíduos orgânicos, de óleos vegetais e de vegetais não lenhosos.
A principal área de atuação dos Institutos SENAI de Inovação em Biomassa concentra-se no reaproveitamento desses recursos. Para isso, são realizadas pesquisas para uso do bagaço da cana-de-açúcar, da produção de bio-óleo e também resíduos de milho.
“O Brasil tem um potencial imenso, porque temos uma área agrícola muito grande. Podemos plantar insumos para virar combustíveis. Nós já trabalhamos com projeto do uso de resíduos da indústria de milho, por exemplo, para fazer um etanol de segunda geração”, explica Melina D’Ávila.
Mercado eólico
Outra forma de aumentar o potencial de energias renováveis na indústria brasileira é por meio de soluções no mercado eólico. Em Natal, no Rio Grande do Norte, o ISI de Energias Renováveis utiliza o túnel de vento, que permite fazer testes aerodinâmicos para o mercado de energia eólica — e trouxe para o Brasil tecnologias que eram acessíveis apenas em outros países. Caso da responsável pela calibragem dos anemômetros, equipamentos meteorológicos que medem a velocidade do vento e precisam de regulagem a cada três anos.
Além disso, enquanto a maior parte do hidrogênio hoje é produzida a partir de gás natural, gerando emissões de gás carbônico, avanços tecnológicos brasileiros têm permitido o desenvolvimento de um hidrogênio sustentável e competitivo. Em Camaçari, na Bahia, a rede de Institutos SENAI de Inovação testa quatro tipos de tecnologias para produzir o combustível e pensar em soluções para armazenamento, transporte e aplicações do gás.
“O Brasil tem uma grande oportunidade de desenvolvimento produtivo. Nós temos uma estabilidade geopolítica que é importante e um enorme potencial de produção de energia verde. Se nós acertarmos a mão de uma coordenação como projeto de país em torno da transição digital e da transição verde, o Brasil certamente vai emergir em um ciclo virtuoso de desenvolvimento”, ressalta o diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi.