Segundo o médico Matheus Todt, da S.O.S. Vida, efetividade do imunizante não terá melhor resultado sem o atendimento do protocolo correto
Por Litiane de Oliveira
É consenso entre médicos e cientistas que o caminho para o controle da pandemia de Covid-19 passa pela vacinação. Além dos problemas de disponibilidade de vacinas e da logística da campanha de imunização, a sociedade enfrenta outros desafios para efetividade dessa ação. Um deles é o abandono da aplicação da segunda dose. Segundo matéria da Folha de São Paulo, até o dia 8 de abril, 562,2 mil pessoas que receberam a Coronavac no Brasil não retornaram para completar sua imunização, o que representa 14,13%. Em Salvador, os dados apontam que mais de 3,5 mil pessoas não foram tomar a segunda dose da vacina. Em Sergipe, a taxa de abandono vacinal está em 22,97%, a terceira maior do país.
O médico infectologista as S.O.S. Vida, Matheus Todt, salienta que a maioria das vacinas contra Covid-19 desenvolvidas até o momento precisa de uma dose de reforço para oferecer a proteção máxima de cada imunizante.
Esta definição sobre como é feito o esquema vacinal é estabelecida durante o estudo de desenvolvimento da vacina. Nessa etapa, é definido se serão uma ou duas doses, o tempo de espera entre a aplicação de cada uma delas e o período necessário para uma imunização completa.
“Os protocolos vão sendo testados com uma dose e duas doses, com diferentes intervalos entre a primeira e a segunda, para saber qual o caminho mais efetivo, o que gera mais anticorpos. Se a pessoa não tomar a segunda dose, pode ser que a quantidade de anticorpos caia, por exemplo”, explica.
Outro equívoco comum é pensar que, após tomar a vacina ou mesmo após completar todo o esquema de vacinação tomando as duas doses, a pessoa adquire uma imunidade imediata.
Matheus explica que em média, são necessárias duas semanas após a segunda dose para que o sistema imunológico gere a quantidade de anticorpos necessária para neutralizar o coronavírus. Ele aconselha que quem ainda não foi tomar a dose de reforço procure uma unidade de saúde o quanto antes.
“De forma geral, vacina não tem validade. Se a dose é atrasada, pode ser tomada. Por ser uma vacina nova, a gente alerta a necessidade de seguir o protocolo corretamente”, alerta.
No Brasil, a Coronavac e a AstraZeneca, as duas vacinas fornecidas e administradas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) atualmente são compostas por duas doses. A segunda dose é dada algumas semanas depois de aplicada a primeira dose, no caso da Coronavac. Portanto, é necessário que cada pessoa observe a data de retorno para aplicação da segunda dose, no cartão de vacinação ou no site da prefeitura de Salvador.