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Ingerência política desmobiliza manifestação de professores em Ituaçu

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Por Redação

Uma manifestação convocada pelo Sindicato dos Professores de Ituaçu (SinProi) para protestar contra supostas perdas de direitos ao serem exonerados pela Administração Municipal, marcada para esta segunda-feira (10), acabou esvaziada por ingerência política. Foi pequena a adesão dos profissionais da Educação à manifestação realizada nesta manhã na cidade.

A discussão em relação à suposta não observância, pelo Governo Municipal, de normas previstas na Lei Municipal 897/13 (Plano de Carreira dos Profissionais da Educação do Município], segundo professores que não aderiram à mobilização, está sendo desvirtuada pela apropriação das bandeiras dos profissionais por lideranças políticas locais. “Estávamos prontos para aderir a mobilização, inclusive à paralisação proposta pelo Sindicato, mas desistimos ao constatar que a manifestação foi apropriada por políticos. E nós não pretendemos servir de escudo para esses embates”, ponderou uma professora que refletiu o sentimento de colegas que chegaram a se deslocar para o local da concentração e recuaram, ouvida pela reportagem do JS.

Segundo a professora, que concordou em falar desde que tivesse preservada sua identidade, a participação no movimento de ex-vereador, do irmão e do sobrinho do ex-prefeito [referia-se ao ex-vereador Cocão (Emanuel Gonçalves da Silva, do PSD), Zé Bofo (José Euvaldo Brito Costa) e Flávio (Flávio José Wanderley Brito), respectivamente cunhado, irmão e sobrinho do ex-prefeito e principal adversário político da atual gestão Albércio da Costa Brito Filho], que não tem nenhuma ligação com a Educação, reforça a tese dos professores que se retiraram da mobilização.

 

A participação de parentes do ex-prefeito e principal líder da oposição local, deu caráter político ao movimento e desmobilizou a categoria

 

Esse também é o sentimento de diversas pessoas nas ruas. Muitas, indignadas com a paralisação parcial das Escolas, criticaram abertamente a manifestação, afirmando que os profissionais presentes seriam “os privilegiados” da categoria, “que ganham R$ 7 mil por mês”, conforme enfatizou uma moradora que gravou um vídeo enviado ao JS.

 

 

De acordo com o chefe da Casa Civil do Governo Municipal, Aroldo Lima Chaves, os Decretos que teriam justificado a manifestação, assinados pelo prefeito Adalberto Alves Luz (PTB), referem-se a exoneração de profissionais já aposentados, como forma de abrir espaço para novas contratações e possibilitar avanços na melhoria das condições de salários dos professores da ativa sem comprometer o cumprimento dos limites prudenciais previstos na legislação vigente [lei de Responsabilidade Fiscal]; corte de gratificações de pessoal celetista, que foi recomentado pelo Tribunal de Contas dos Municípios, e suspensão, até que sejam avaliados os documentos probatórios, da gratificação por formação. “Nada, portanto, que fira direitos ou possa, de alguma forma, comprometer o fiel cumprimento da Lei Municipal invocada no chamamento do Sindicato para o protesto”, pontuou Chaves.

A reportagem do JS tentou, sem sucesso, ouvir a presidente do Sindicato dos Professores de Ituaçu, Risoleide Costa Silva, para que ela pudesse detalhar os pontos do Plano de Carreira estariam sendo desrespeitados pela Administração Municipal, a avaliação da Entidade em relação à adesão à mobilização e como recebia as críticas de setores da população de politização do movimento. A sindicalista não atendeu e não retornou, até o fechamento desta matéria, as ligações feitas para o telefone móvel celular (77) 98102-**09.

A secretária municipal de Educação, Cultura e Lazer, Érica Santos Luz Amorim, ouvida por telefone pela reportagem do JS, foi incisiva ao afirmar que não são procedentes as queixas do Sindicato. “Não houve qualquer agressão aos direitos dos professores previstos no plano de Carreira. Pelo contrário, apenas foi cumprida recomendação do Tribunal de Contas dos Municípios e observados preceitos previstos na legislação para adequação das despesas com a necessidade de recomposição do quadro e ajustes para que possamos fazer novas contratações”, ponderou a secretária.

Concluindo, Érica Amorim se juntou aos profissionais que não aderiram ao movimento para lamentar a apropriação indevida da categoria por políticos e reafirmou que a Secretaria está aberta ao diálogo e espera que o Sindicato reavalie a forma como está conduzindo o processo. “É preciso não transigir na defesa de interesses legítimos dos professores, mas essa luta não pode ser contaminada por interesses que não sejam os legítimos da categoria”, afirmou a secretária.

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