Catadores da região amazônica organizados em cooperativas podem se inscrever para coletar os materiais recicláveis descartados pelo Banco da Amazônia
Por: Angélica Córdova/Agência Brasil 61
Cooperativas de catadores de materiais recicláveis têm até o dia 29 de julho para se inscreverem para atuar nas unidades do Banco da Amazônia (BASA). A instituição abriu um edital para selecionar cooperativas que façam a coleta e destinação dos resíduos sólidos secos gerados no banco – papel, papelão, plásticos, metais, vidros e madeira.
Podem participar cooperativas de catadores da Amazônia Legal, nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Além disso, também serão selecionadas cooperativas para atuar nas unidades do banco de São Paulo e Brasília. “Queremos cadastrar o maior número de cooperativas possível e dar isonomia. O ideal é que cada unidade do banco tivesse pelo menos uma cooperativa cadastrada”, informou o gerente executivo de Patrimônio e Gestão de Contratos do Banco, Edson Braga.
O Banco da Amazônia possui 127 unidades. Os detalhes sobre a participação podem ser conferidos no edital, disponível neste link. Após a triagem, o banco vai assinar contrato com as cooperativas. Dúvidas podem ser encaminhadas para o Comitê de Licitações pelo endereço de e-mail: licitacoes@basa.com.br.
A ideia do Banco da Amazônia é reduzir o descarte inadequado de resíduos sólidos. Nos últimos cinco anos, apenas na sede do BASA, em Belém (PA), foram geradas e coletadas mais de 36 toneladas de resíduos com potencial de reciclagem. Parte desse material, considerado lixo por muitas pessoas, foi coletado pela Cooperativa de Trabalho de Catadores de Resíduos Sólidos da Amazônia (Cootacresan), que reúne 10 famílias de Belém. Davi dos Santos, presidente da cooperativa, conta que trabalha com coleta de resíduos desde 2014.
Davi já fez de tudo um pouco: atuou como ajudante de pedreiro, como ferreiro antes de começar como catador, uma atividade que ele considera mais rentável. “Para nós, está sendo bom, está sendo ótimo. Porque todo o resíduo que a gente recolhe é de grande valia, porque a gente depende desse material para que a gente possa fazer o rateio e para a gente sustentar nossas famílias”, conta Davi.
A Cooperativa de Trabalho de Catadores de Resíduos Sólidos da Amazônia regularizou o CNPJ, adquiriu dois caminhões e alugou um galpão para triagem e separação no Bairro da Cidade Velha, em Belém. Além de coletar no Basa, os catadores também trabalham com os resíduos gerados por outros órgãos públicos em Belém e em condomínios.
Economia circular
O Brasil tem mais de um milhão de catadores. Estimativas da Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais) apontam que cerca de 82,5 milhões de toneladas são descartadas todos os anos só no Brasil. Desse total, apenas 3% são reciclados. Um número que poderia ser muito maior, uma vez que o volume dos resíduos secos com potencial de reciclagem é de cerca de 37 milhões de toneladas/ano.
Com os catadores, se conclui uma parte importante do que se chama de economia circular. O trabalho deles consiste em recolher o descarte de empresas e condomínios, separar os materiais no galpão e vender para indústrias. Por meio dessa lógica, economiza-se a extração de insumos da natureza e evita-se que resíduos sólidos virem lixo e se acumulem na natureza causando danos ao meio ambiente. O insumo volta, portanto, para o ciclo produtivo.
A ideia do Banco da Amazônia é estimular que outras cooperativas também possam se beneficiar com a coleta. “Eles fazem o recolhimento desse material (bens móveis, papelão, papel, por exemplo) que são separados no banco. No dia certo da semana as cooperativas vem fazer o recolhimento. E aí eles vão dar a destinação. Eles vão fazer essa triagem final e vão reciclar ou vender: gerar recursos e geração de renda para eles”, explica o gerente executivo de Patrimônio e Gestão de Contratos do Banco, Edson Braga.
“É uma grande oportunidade para todas as cooperativas para que elas possam vir e ser agraciadas também. Com a coleta seletiva do Banco da Amazônia que com certeza vai ser rentável e sustentável não só pro banco, mas para as cooperativas”, estimula Davi dos Santos.
O credenciamento das cooperativas faz parte de um programa maior do Banco, o Amazônia Recicla. “Este edital intensifica a responsabilidade da Instituição com os tratados da ONU sobre alcançar a gestão sustentável e o uso eficiente dos recursos naturais até 2030”, acrescenta Braga. O banco também está investindo em outras ações de sustentabilidade, como a contratação de energia limpa para suas unidades. A iniciativa do Basa também colabora com a efetivação do Plano Nacional de Gestão de Resíduos Sólidos, que prevê a eliminação de lixões no Brasil até 2024.