Em 12 de novembro se comemora o dia do diretor e da diretora, profissionais que enfrentam desafios diários nas escolas de todo o país para melhorar o ensino
No dia 12 de novembro se comemora o dia do diretor e da diretora escolar. Dentro da composição escolar tradicional, o diretor ou a diretora figura em posição de destaque. Muitas vezes, temidos pelos alunos, outras, adorados. Fato é que uma escola reflete muito da personalidade e do trabalho de quem está no comando.
A antiga imagem do diretor que se escondia atrás da burocracia e não extrapolava as paredes da sala mudou. Foi substituída por figuras que se envolvem com a comunidade escolar, circulando entre alunos, conhecendo aquele espaço e apoiando aquelas pessoas que participam do processo de aprendizagem.
Para a coordenadora-pedagógica da unidade educativa CEDAC, Angela Luiz Lopes, a função do diretor ainda é subestimada no Brasil, mas ela avalia.
“Os diretores são responsáveis pela implementação das políticas educacionais na escola, visando melhorar a aprendizagem de todos os estudantes. Eles atuam como maestros, que regem a escola, assegurando as condições de ensino que contentem a aprendizagem e o desenvolvimento integral dos estudantes.
A coordenadora complementa que “a gestão escolar é responsável por manter um clima favorável à aprendizagem, otimizar o desenvolvimento profissional da equipe, gerar condições para que os estudantes participem da vida escolar e vivenciem experiências educativas significativas. Além disso, também cabe aos diretores garantir que materiais e alimentação escolar também estejam adequados às necessidades dos estudantes. Bem como cuidar das relações das escolas com as famílias e com a comunidade.”
O sertão entre os melhores
Em outubro deste ano, a Escola de Referência em Ensino Fundamental Evandro Ferreira dos Santos, da rede municipal de Cabrobó, no sertão de Pernambuco, conquistou o segundo lugar no prêmio Melhores Escolas do Mundo. Contrariando todas as expectativas, a vice-liderança para a instituição veio na categoria “superação de adversidades” e foi o resultado da iniciativa da diretora Elineide Fernandes, que está há menos de dois anos na gestão da unidade.
“O gestor precisa acolher a comunidade e precisa ter um olhar completo do ambiente onde ele está direcionando as atividades. Para que os projetos aconteçam, para que a aprendizagem aconteça, o gestor precisa ser a pessoa que incentiva, que motiva, que fomenta esses projetos, esse acontecimentos que trazem a transformação dentro da escola.”
Educadores, sim, gestores também?
Segundo o Ministério da Educação (MEC) são 162 mil diretores e diretoras de escolas no Brasil atualmente, mas apenas uma pequena parcela com capacitação para o cargo. Só 10% desse total têm curso de formação continuada em gestão escolar, como mostra o Censo Escolar de 2021.
“A falta de formação específica dos diretores tem fragilizado a construção de projetos políticos-pedagógicos focados nas aprendizagens e no desenvolvimento dos estudantes, pois é necessário ter conhecimentos sobre a gestão escolar. A consolidação de espaços de formação para diretores se torna fundamental para o fortalecimento dessas práticas, baseados em princípios democráticos, no conhecimento de dimensões e ferramentas da gestão escolar, na constituição e consolidação de equipes mais colaborativas e ainda no fortalecimento da articulação com a comunidade escolar”, avalia a coordenadora pedagógica Angela Lopes.
Para o dirigente municipal de educação de Cabrobó, Pedro Kaio, um bom gestor escolar se faz com mais do que competência pedagógica e profissional. Para ele, a emoção de ser educador, a competência socioemocional é característica fundamental na construção dessa carreira.
“O professor no chão da sala de aula e o gestor na ponta da escola para receber a gama de situações e ser capaz de conciliar um trabalho pedagógico, burocrático, de prestação de contas e uma gama de situações que só quem já esteve nessa situação entende”, avalia o dirigente, que ainda ressalta ser fundamental preparar esses profissionais para ocuparem os cargos.
“A gente tem trabalhado em Cabrobó muito com base no programa de habilidades, na gestão democrática e também no planejamento estratégico. O trabalho com a minha equipe, usa a tabela FOFA: de forças, oportunidades, fraquezas e ameaças, nas quais a gente pode, sim, estar direcionando e otimizando o perfil de um gestor, de um coordenador, de uma secretaria como um todo.”