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ITUAÇU MOCÓS E RABUDOS

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ITUAÇU MOCÓS E RABUDOS

Na Chapada Diamantina depois de 1892, as disputas políticas no Brejo Grande/Ituaçu estavam acirradas entre Mocós e Rabudos, agravadas entre 1897 a 1910. Com o assassinato de José Antonio  da Silva Gondim, líder político,  o coronel Gondim,  em 20 de janeiro de  1900,  e a seguinte  absolvição do suposto assassino, o  que causou tristeza e comoção pública.  A refrega se  prolongou até 1906 com  a briga de Clemente Gondim e a intendência.

 A partir daí a família Gondim constatou um grupo de jagunços com o intuito de vingar a morte de José Antonio da Silva Gondim, o que deixou a população em pânico. Intui-se que a família Gondim era adversária do grupo político do governador Severino Vieira.

 Esses conflitos foram intensificados após o assassinato  do Coronel  José Antonio da Silva Gondim, o Coronel Gondim,  liderança política  e Intendente Municipal da Vila do Brejo Grande, atual Ituaçu, período de 1895-1896.

A polícia tinha como missão garantir a ordem pública, prevenir e combater o crime e promover o respeito às leis, mas nem sempre esses preceitos foram respeitados, arbitrariamente as polícias e autoridades cometiam abusos e praticavam    crimes diversos, e se envolviam com as facções locais dos coronéis,  em acordo com interesses pessoais.

 Ciente dessa situação,  o governador Severino Vieira, enviou em  maio de 1891,  uma expedição com 40 (quarenta) soldados  sob o comando do Tenente  Lopes, para por fim aos conflitos deflagrados entre mocós e rabudos.  Essa expedição foi derrotada pelo grupo de jagunços liderados por Hugolino Gondim.

 O governador, então enviou  em 28 de maio de 1901 para Ituaçu,  uma segunda expedição  policial  sob o comando do delegado Regional ou   especial,  Methodio Coelho para apurar os fatos e punir os responsáveis. Ele restaurou os ânimos da população, promoveu o respeito  aos  direitos e garantias dos cidadãos, a tranquilidade,  e a confiança na ordem legal.

O Bacharel Methodio Coelho foi nomeado delegado regional no momento em que a população de sua área de atuação, especialmente Ituaçu, convivia com os conflitos entre grupos políticos. Havia o temor de que o exemplo de Canudos se espalhasse para outras regiões do Estado, daí a posição firme e decidida do governador,  fazer uma intervenção dura e exemplar a esses acontecimentos de perturbações sociais e a intranquilidade pública, assegurando  os direitos constitucionais e republicanos dos cidadãos,  pois até o Juiz local  estava correndo perigo.

Segundo o delegado Regional ou especial, muitos conflitos deflagados em sua região eram promovidos por soldados indisciplinados e o despotismo de autoridades violentas e desprezadoras do direito alheio. Os contingentes de  policiais enviados pelo governo estavam infiltrados  de malfeitores acobertados pela farda policial.

O Delegado Regional  Methódio Coelho,   enviou em 1902 para o  governador Severino dos Santos Vieira  relatório contendo  as informações de sua atuação na  região sob o seu  comando  (Ituaçu, Lavras Diamantinas, Campestre, Paraguaçu, Maracás, Brotas , Vitória da Conquista e Jussiape, com destaque para Ituaçu,   onde os ânimos políticos  estavam  acirrados, pelas disputas de mando, vingança pelas mortes perpetradas,  ressentimentos pessoais, entre os grupos que se odiavam,  e o envolvimento da população nessas questões.

Em seu relatório primou pela descrição fidedigna dos acontecimentos e das medidas legais  adotadas para conter os espíritos mais resistentes, capazes de ameaçar a paz pública. Esse conceito evidenciava condutas morais e legais que o delegado acreditava serem corretas.

 Afirmou ainda, que muitas prisões efetuadas pelas polícias eram de pessoas pobres e desprotegidas e  ou vítimas do rancor e  da perversão da justiça e das autoridades policiais praticadas a depender da cor da pele e da condição social do criminoso e da vítima. Os agentes policias julgavam, condenavam e, ao mesmo tempo, davam absolvição da pena ao infrator, era essa a prática na primeira República na Bahia.

Para cumprir com êxito a sua missão determinou:

a)      Ao carcereiro da prisão de Ituaçu, que fosse assentado no livro de prisão a entrada e saída de todos os presos, e ordenou expressamente  a não receber no estabelecimento , em prisão e custódia, indivíduos  cuja detenção não  tenha sido efetuada  com as observações das condições legais.

b)      Enviou  um ofício para o comandante  da força policial estacionada em Ituaçu e recomendou que  comunicasse a todos  os responsáveis pelo policiamento da cidade;  que de ora em diante,  promoverei o processo  e punição , no juízo comum, dos que atentarem contra a liberdade de qualquer cidadão,  sem ordem escrita de autoridade competente , a não ser em  caso de flagrante delito.

Após um ano e três meses de trabalho, (1903) o delegado Regional Methodio Coelho,  enviou um relatório  ou mensagem ao governador  Severino Vieira,   que havia restabelecido a calma e  a tranquilidade no município de Ituaçu, dando como finda a sua missão e solicitou a sua demissão que lhe foi concedida pelo decreto de 26 de agosto.

Pesquisas:

Ituaçu: Bandeirantes e Sertanistas na chapada Diamantina/Ordávio Souza Guimarães/2004;

Tecelões da (des)ordem: Cotidiano e policiamento nos sertões da Bahia (1891-1930).

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, como prova para obtenção do grau de doutor em história.  Com orientação dos professores da  (UFBA, UEL, UFRJ, UEFS).

João Reis Novaes, salvador maio de 2021.

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