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JOÃO DA SILVA CAMPOS

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Engenheiro, escritor, historiador, folclorista e pesquisador.

N. 27/01/1880 – F. 04/06/1940

Nasceu a 27 de janeiro de 1880, na freguesia de Oliveira dos Campinhos, município de Santo Amaro, Bahia, era filho do Dr. Hermenegildo Lopes de Campos (médico) e D. Maria Virgínia da Silva Campos.

Diplomou-se em 17 de maio de 1905, como engenheiro geógrafo, pela Escola Politécnica da Bahia, partindo, logo depois, para Manaus, onde esteve o resto do ano e parte do seguinte, como engenheiro do Estado.

Iniciou o curso de Humanidades em Salvador e estudou, com persistência e profundidade, a tradição histórica nacional, principalmente a de sua velha e querida Bahia.

Foi um dos iniciadores do movimento simbolista na Bahia, idealizando, fundando e mantendo, em 1900, com outros moços, seus companheiros de ideias, a sociedade literária Nova Cruzada, em cuja revista deixou muitas páginas de excelente prosa. Nela começou a publicar, em 1902, as Crônicas d’Antanho.

No quinquênio em que demarcou terras no Amazonas (1907-1911) deixava o instrumento do engenheiro na visada da terra para ouvir os trabalhadores da turma – caboclos nortistas e nordestinos, e as histórias do boto, do jurapari, do matintaperê.

 Sozinho ou acompanhado (o padre Manoel Barbosa era um dos seus companheiros) observava monumentos, examinava lugares históricos, sondava subterrâneos misteriosos, qualificava ou classificava prédios coloniais ou arruinados, investigava ou averiguava fatos verídicos ou detalhes raros, fotografava aspectos inéditos, apanhava flagrantes de vida urbana, recolhia, por fim, o que do passado conseguia salvar. Também permaneciam, ambos, por longo tempo, diante de pintura religiosa, de azulejo profano, de altar de talha dourada, de fonte maltratada, como pesquisadores que eram do grandioso passado baiano.

 Silva Campos viveu, durante longo tempo, ausente de sua terra natal: na Amazônia, no Rio Grande do Norte, no Espírito Santo, em Minas Gerais, no exercício de sua profissão de engenheiro. Nestas viagens observava e investigava, sincera e cuidadosamente, as coisas do passado, assimilando, tanto a sua história como a sua tradição.

João da Silva Campos faleceu nesta capital, pelas sete horas do dia quatro de junho de 1940, na casa em que residia, ao Largo do Barbalho, número 40. Morreu aos sessenta e meio anos de idade, deixando viúva, em segundas núpcias, a Senhora D. Maria Campos. Do seu primeiro matrimônio com D. Isaura Rosa Campos, deixou três filhos: Francisco de Assis Campos, farmacêutica Maria de Lourdes Campos e Antônio Rosa Campos.

 Foi sepultado no “carneiro” n. 16, quadra da Ordem Terceira do Boqueirão, no Cemitério da Quinta dos Lázaros, em Salvador.

Foi colocada na torre do Santíssimo Sacramento, na matriz da Conceição da Praia, uma lápide de mármore, oferecida pelo IHGB, para recordar um dos melhores historiógrafos baianos.

Na Academia Brasileira de Letras, o acadêmico Pedro Calmon fez expressiva referência a Silva Campos, para ele figura das mais destacadas das letras baianas.

Foi homenageado, no Museu do Estado da Bahia, com a inauguração de seu retrato, numa sala que passou a ter seu nome.

Bibliografia:

CONTOS E FÁBULAS POPULARES DA BAHIA – Publicação no “O FOLCLORE NO BRASIL”, de Basílio de Magalhães, Rio de Janeiro, 1928. Segunda edição na revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, volume 172 (1937);

PROCISSÕES TRADICIONAIS DA BAHIA – Secretaria de Educação e Saúde. Publicações do Museu da Bahia, 1941;

TEMPO ANTIGO – Crônicas d’antanho, marcos do passado, histórias do Recôncavo. Publicações do Museu da Bahia, nº 2. Secretaria de Educação e Saúde,1942;

TRADIÇÕES BAIANAS – Revista do Instituto Histórico da Bahia nº 62, 1936;

A VOZ DOS CAMPANÁRIOS BAIANOS – Bahia, 1936;

CRÕNICAS BAIANAS DO SÉCULOP XIX – BAHIA 1937;

Deixou inéditos – CANTOS E RIMAS POPULARES DA BAHIA – O PRECONCEITO REGIONAL DO FOLCLORE BRASILEIRO – BALANDANDÃS (NOTAS FOLCLORIANAS).

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