De tradicional família de Rio de Contas, José Álvaro Dantas – Dr. Zezito – nasceu em 14 de novembro de 1929. Filho de Álvaro Aurélio Dantas e Athanagilda Vianna Dantas que tiveram os seguintes filhos: José Álvaro Dantas (Zezito), João Álvaro Dantas (Joãozinho), Lígia Maria Viana Dantas, Zênia Maria Viana Dantas, Antonio Álvaro Dantas e Marízia Eny Viana Dantas.
Seu pai enviuvou-se em 1948 e, em 1950, em segundas núpcias, casou-se com Gerolina Viana Dantas – D. Sinhá – (prima e comadre) e tiveram os filhos Álvaro José Dantas, Lizemar Lúcia Dantas e Nivaldo Aurélio Dantas.
Avós paternos: João Aurélio Dantas e Ana Cândida Dantas.
Avós MATERNOS?
Viveu a infância como toda criança da sua época: jogou bola (bola de meia) e divertiu-se com outras brincadeiras concernentes à idade, uma pequena cidade do interior baiano, localizada na Chapada Diamantina sem muitas opções de lazer. Estudava e ajudava o pai. Ficou órfão de mãe aos 18 anos.
Cursou o primário na escola Barão de Macaúbas em Rio de Contas. Por falta de um ginásio rio-contense foi para Salvador a fim de dar seguimento aos estudos. Ali cursou o ginásio e o científico no Colégio Central. Prestou vestibular, aprovado, matriculou-se na Escola de Medicina da Universidade Federal da Bahia – UFBA se formou em 1956 e registrou-se no Cremeb com o nº 1224.
Após a formatura, recebeu convite de um parente e foi clinicar em Teófilo Otoni (MG). Retornou para a Bahia e exerceu o seu ofício em região próxima a Itabuna. Em 1957 foi convidado para exercer a medicina na firma Magnesita S.A., indo morar na vila de Catiboaba, por deliberação da empresa.
Em 20 de dezembro de 1957, na Igreja Matriz da cidade de Vitória da Conquista, José Álvaro Dantas casou-se com a cirurgiã dentista Nildete Dutra Amorim que, após o ato matrimonial, passou a assinar Nildete Amorim Dantas. Filha de Isai dos Santos Amorim e Jacy Dutra Amorim. Ela nasceu na cidade de Jânio Quadros, no dia 29 de outubro de 1930. O casal Dantas teve cinco filhos: Jonilde, Sandra Myriam, Kátia, José Álvaro Dantas Júnior e Paulo Sérgio, que lhe deram oito netos: Andrea, Flávia, Caroline, Bruna, Gustavo, Adriana, Clara e Júlia.
Em 1959, mudou-se para Brumado, onde se estabeleceu com consultório particular até 1967. Atuava em todas as áreas médicas como clínico geral, embora fosse especialista em ginecologia e obstetrícia. Generalista, por força das circunstâncias e por escassez de médicos para atendimento na região, na época não se cogitava em especialização. Jamais deixou de atender a quem o procurasse por seus serviços médicos a qualquer hora, quer de dia, quer de noite. Observava sempre os ensinamentos de Hipócrates: “A arte médica é sagrada. Um médico deve usar o seu saber para ajudar os doentes, de acordo com a sua habilidade e julgamento…”.
Em 12/04/1962 a Câmara de Vereadores de Brumado recebeu ofício do Dr. José Álvaro Dantas (Dr. Zezito) comunicando a assunção ao cargo de médico do Posto de Higiene da cidade.
Pertenceu ao Rotary Clube de Brumado do qual foi presidente por dois anos consecutivos de 1964 a 1966. Um dos seus fundadores batalhou para a sua instalação ocorrida em 24/12/1964. O médico José Álvaro Dantas – Dr. Zezito – fez parte em Salvador, do Rotary Clube Salvador Itapagipe.
Por motivos de saúde, em março de 1967, mudou-se para Salvador, para diminuir o ritmo de trabalho e por ter ali maiores recursos médicos que o atendessem. Na capital, manteve consultório particular, trabalhou para a Petrobras, Derba e foi médico perito do INSS.
Dr. Zezito era uma pessoa apolítica, embora tivesse recebido alguns convites para ingressar nessa carreira, mas declinou da honra. Em sua homenagem a Câmara de Vereadores de Brumado deu o seu nome a um logradouro da cidade consoante Lei nº 1.018 de 10 de abril de 1992. Nominou também um Posto municipal de Saúde no Bairro São Felix.
Através do Decreto nº 4.553 de 25 de junho de 2012, o prefeito Eduardo Lima Vasconcelos, no uso de suas atribuições legais deu o nome de Módulo de Diagnóstico de Dr. José Álvaro Dantas. Esse Módulo de Diagnóstico situa-se na área do Hospital Municipal Professor Magalhães Neto.
Na fazenda de sua propriedade na cidade de Itapetinga se deleitava com montaria e pesca. Apreciava músicas que atendiam ao seu gosto apurado e requintado, motivos para espraiar as ideias. Gostava de escrever – especialmente poesias – e de uma leitura agradável de escritores nacionais e estrangeiros, além de leituras técnicas da medicina.
Como médico, atendia a qualquer hora do dia ou da noite, sem se preocupar com o pagamento da consulta pela intervenção médica, não media esforços para atender a todos – em primeiro lugar o paciente, dizia – Seguia a intuição de proporcionar o bem-estar ao povo sem esperar recompensas. Observava o conselho dos pais: Agir com honestidade e respeito ao próximo. Era um altruísta.
Em depoimento ao autor, Dona Dazinha (esposa de Chiquinho Gavião) relatou: portadora de artrite severa teve dificuldades para se aposentar devido à resistência dos peritos em conceder-lhe um laudo favorável à sua aposentadoria. Diante disso, por conhecê-lo, ela procurou Dr. Zezito em Salvador na sua residência e cientificou-o do ocorrido. Este, que a conhecia e sabia do seu problema, fez um relatório minucioso e mondou-a entregá-lo ao médico perito, não sem antes recomendar-lhe que, ao entregar o relatório, não mencionasse o nome Zezito, que manifestava intimidade, pois, no meio médico, ele era conhecido por Dr. Dantas. Acatado o relatório, conseguiu aposentar-se.
Na altura dos seus 92 anos, ela está lúcida, porém com as sequelas da artrite, e agradece primeiramente a Deus e depois a Dr. Zezito a sua aposentadoria.
Dr. Zezito colecionou muitas amizades até pela sua profissão de médico. Fez grandes amigos nos lugares onde mourejou e tinha por princípio a humildade, o respeito e a consideração com quem se relacionava. Foi um ótimo filho, que honrou e dignificou a família. Foi irmão respeitoso e respeitado. Como esposo e pai, foi exemplo de honradez, além de extremoso avô.
Frise-se que Dr. Zezito incentivou as irmãs a estudarem em Caetité e ajudou a custear os seus estudos. Elas se formaram em magistério, profissão de professoras primárias na Escola Normal de Caetité. O curso normal era a única opção de formatura de professores no alto sertão baiano àquela época.
Em Rio de Contas, em dezembro de 1965, Dr. José Álvaro Dantas paraninfou a turma de professores da Escola Normal “Dr. José Basílio Justiniano Rocha”.
Pessoa de comportamento rígido e valores éticos, uma de suas irmãs aderiu à modernidade vestiu uma calça (vermelha) quando se deparou com ele recebeu a seguinte reprimenda: “Vá se trocar quem veste calça é homem”.
Observava as orientações paternas: sempre fazer o bem sem esperar recompensas, ser honesto e respeitar o próximo. Mania: quando se sentava à mesa tirava a aliança e dava um peteleco para fazê-la rodar.
Viveu honrado e honestamente, dedicou seu tempo à medicina, por vocação com amor, carinho e ofertando proteção aos seus pacientes. Foi atencioso, afetuoso, e consideração aos familiares.
José Álvaro Dantas, Dr. Zezito, faleceu em Salvador, no dia 24 de novembro de 1990, com 61 anos de idade e está enterrado no Cemitério Jardim da Saudade.
OUTRAS INFORMAÇÕES:
Álvaro Aurélio Dantas, Sinhô (1907-1994), pai de Dr. Zezito, proprietário da “Sapataria Lizemar”, fabricava sapatos e outros artefatos de couro, era próspero comerciante em Rio de Contas. Com a decadência da extração do ouro na região acabou com o comércio e mudou-se com a família para Brumado em 1960, onde se estabeleceu com o Hotel Brasília, muito famoso, cuja direção exercia juntamente com a sua esposa, prima e comadre Gerolina (Sinhá). Depois que o Sr. Álvaro e sua família mudaram-se para Salvador, as instalações do Hotel Brasília foram demolidas e, em seu lugar, edificou-se o prédio atual do Banco do Brasil S.A.
Certa vez, um grande amigo – Mangieri, marido de uma de suas primas (Santinha) – estava preocupado, pois o prédio onde estava estabelecido comercialmente foi posto à venda pelo proprietário. Mangieri, não tendo dinheiro para comprá-lo, ficou angustiado e depressivo, pois era do comércio que tirava o seu sustento e não via possibilidade de arrumar outro ponto igual.
Dr. Zezito, que costumeiramente tomava um cafezinho na residência da prima, antes de ir para o seu consultório, estranhou a tristeza do amigo e procurou saber do que se tratava. Colocado a par do assunto, foi-se embora sem esboçar qualquer reação. No dia seguinte, entregou à Mangieri o documento do imóvel, que havia comprado, dizendo-lhe: “Você não ficará sem o seu ponto de venda. Quando puder, devolva-me a importância paga”. Mangieri foi correto, em pouco tempo, pagou ao amigo o numerário investido na compra do imóvel. Esse relato configura a benevolência de Dr. Zezito, que tinha grande consideração aos parentes e amigos. Ele fazia ações, como essa, a pessoas da sua estima por quem nutria apreço e desprendimento. (relatado por Francisco Cláudio Mangieri).
A família Dantas é rio-contense de nascimento e brumadense de coração. Seus membros granjearam muitas amizades e prestaram serviços extraordinários à comunidade brumadense que os reconhece não só pelo labor, mas também pela intelectualidade – professores e médico – e os reverencia como filhos da terra.
Os dados para composição dessa biografia foram fornecidos por Liz Dantas Barreto a quem agradecemos pela boa-vontade de nos atender.