E se, assistindo a vídeos na internet, simpatizantes do gênero cinematográfico ficção científica, finalmente, pudessem entender os conceitos por trás de filmes como Matrix, Transformers e O Homem Bicentenário? Meros curiosos ou mesmo aspirantes a cientistas e pesquisadores têm, no Canal Peixe Babel, criado pela jovem youtuber baiana Camila Laranjeira, a chance de aprofundar o conhecimento sobre robótica e inteligência artificial.
Formada em Sistemas de Informação pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Camila – que, atualmente, mora em Belo Horizonte (MG), onde cursa o Mestrado – integrou o Núcleo de Arquitetura de Computadores e Sistemas Operacionais (Acso/Uneb) por quatro anos. A permanência no grupo possibilitou a presença em três competições mundiais (RoboCup), duas latino-americanas e, ainda, acumulou duas participações remotas no Portugal Open. O Acso, inclusive, é considerado o grupo brasileiro com maior representatividade no RoboCup.
A vlogueira de ciência vislumbrou uma forma de “tornar simples o que, por muitos, é considerado complexo”. Usando muita criatividade e uma linguagem simplificada, evitando termos mais técnicos, a youtuber busca “trazer exemplos e analogias mais próximas do cotidiano e destacar a relevância destes conceitos tecnológicos na vida das pessoas”.
Muita gente deve se perguntar de onde vem o exótico nome escolhido para batizar o canal do Youtube. Camila explica que é “inspirado no Peixe Babel, espécie fictícia do livro O Guia do Mochileiro das Galáxias, que, quando introduzido no ouvido de alguém, é capaz de traduzir qualquer idioma no universo”. E é isso que a baiana faz: transforma conteúdos carregados em mensagens leves, de fácil absorção.
O Canal possui mais de 27 mil inscritos e registra uma média de oito mil visualizações por vídeo postado. Como se não bastasse, a página Peixe Babel no Facebook conta com quase dois mil curtidores. Esses bons números, de acordo com Camila, em grande parte, são fruto do “apoio recebido por outros divulgadores científicos, como o Science Vlogs Brasil”. Trata-se de um selo de qualidade recém-criado para vlogs de ciência, que permitiu a união de dezenas de criadores de conteúdo científico, o que, segundo a jovem, fortaleceu esse grupo como comunidade, “aumentando a visibilidade de canais menores, como o Peixe Babel”.
Apesar das constantes conquistas, Camila lamenta que apenas 4% do público do Peixe Babel tenha menos de 18 anos – segundo a ferramenta de estatísticas fornecida pelo Youtube, 81% do público do canal está entre 18 e 34 anos -, pois a vlogueira de ciência “gostaria que os adolescentes assistissem mais, pois dos principais objetivos do canal é motivar as pessoas a ingressarem nessa área”.
A youtuber avalia a criação de espaços como o Parque Tecnológico da Bahia, unidade ligada à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado, cujo papel é disseminar e intensificar ações do segmento, como sendo importantíssima, pois une “a pesquisa acadêmica com a iniciativa privada, um relacionamento essencial para ampliar a produção científica como um todo, tanto a baiana quanto a brasileira”.
Camila (que até julho deste ano também integra o Comitê Técnico da Liga de Simulação 3D da RoboCup) conta que pretende trazer, no segundo semestre, pessoas de áreas distintas da ciência para enriquecer o conteúdo produzido, tornando-o ainda mais interdisciplinar e dinâmico.