Por: Jennifer Paula
Neurocientista precursor em dizer que o mau uso da internet deixa as pessoas menos inteligentes e a revelar transtornos mentais pelo excesso de uso de redes sociais, volta alertar a sociedade
O PhD em neurociências, mestre em psicologia e biólogo, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, vem alertando desde 2018 sobre o ambiente digital estar trazendo sérios riscos para a saúde mental de crianças e adolescentes. Casos como esse estão se tornando cada vez mais comuns. Inclusive, os temas ‘O mau uso da internet está deixando as pessoas menos inteligentes’ e ‘O excesso de redes sociais revela transtornos de personalidade’, fazem parte de sua turnê de palestras na Campus Party Brasil, Bolívia e agora em Portugal. O cientista no Hospital Martin Dockweiler e professor da Logos University International e Universidad Santander afirma que o problema é universal, mas é pior no Brasil.
O apego exagerado dos jovens com o celular, chegando a ser até doentio, se tornando uma necessidade incontrolável da qual a pessoa não consegue se livrar, preocupa o professor há muitos anos, mas vêm ganhando mais alarde após casos como o dos estudantes do Pernambuco.
Apesar de ser um assunto que está ganhando os holofotes somente agora, Dr. Fabiano de Abreu vem alertando sobre este assunto desde 2018: “Naquela época, publiquei um artigo científico que detalha o funcionamento do cérebro e como a internet afeta a região da inteligência, da lógica e coerência. Da região que orquestra todas as demais regiões, que alerta às consequências e que controla a emoção. Em 2019, eu já havia avisado a minha filha e demais crianças sobre o Tik Tok e que ele é mais perigoso que o Instagram”, ressalta.
Segundo Fabiano, “o que acontece no cérebro é essa intercepção, uma falta de controle emocional que desencadeia disfunções que acarretam atitudes impulsivas”. E a situação pode piorar ainda mais, revela: “A rede social vai causar danos ainda mais sérios e pode levar à morte. Empresas como Facebook e Tik Tok sabem disso e continuam investindo em neurociência inadequadamente, para que as pessoas liberem cada vez mais dopamina que é viciante segurando assim o usuário. A dopamina é conhecido como neurotransmissores da recompensa, liberada já na expectativa, mas não somente a dopamina como outras substâncias químicas estão envolvidas. O cérebro busca sempre as boas sensações aumentando a ansiedade que funciona como uma pendência para mais liberação dessas substâncias.”
Para quem não conhece, o neurocientista explica o efeito deste agente químico no organismo: “A dopamina é um neurotransmissor da recompensa que o organismo pede sua liberação de forma gradativa. Além disso, a falta de atenção, dificuldade de memorização, excesso de ansiedade, desmotivação constante e oscilações emocionais. São fruto de disfunções em regiões do cérebro”. Diante deste cenário sombrio pela frente, Abreu lamenta que muita gente ainda não tenha noção da gravidade do problema que está aí: “As pessoas não estão levando a sério pois também estão dependentes da rede social. Como um comboio que prefere não enxergar os danos que ela causa já que também se satisfaz com ela”, sinaliza.