Agentes da Delegacia da Polícia Federal de Vitória da Conquista cumpriram, na sexta-feira (04), Mandado da Justiça Federal determinando o afastamento do cargo de prefeito de Encruzilhado, por tempo indeterminado, médico Wekisley – Dr. Lei – Teixeira Silva, do PMDB. A medida atingiu também um servidor público municipal lotado na Secretaria Municipal de Saúde cuja identidade não foi revelada.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Mêrques – Merquinho – José Alves Rocha (PMDB) foi notificado para adotar as medidas previstas na legislação vigente para o afastamento do prefeito.
As medidas cautelares foram adotadas com base no Artigo 17-D da Lei Federal 9.613/98, que trata dos crimes de lavagem de dinheiro.
De acordo com a Polícia Federal, o prefeito Wekisley – Dr. Lei – Teixeira Silva (PMDB) e o servidor público municipal estariam envolvidos em crimes de responsabilidade, fraude a licitações e lavagem de dinheiro, além de integrar uma organização criminosa envolvida no desvio de recursos públicos da área da Saúde através de uma Cooperativa Médica que atuou em diversos municípios da região Sudoeste que teria, entre 2013 e 2014, causado um prejuízo aos cofres públicos superior a R$ 6,2 milhões.
O suposto esquema de desvio de recursos públicos, operacionalizado através de fraudes em licitação, conforme o Ministério Público Federal, Polícia Federal e Tribunal de Contas dos Municípios, é investigado desde 2013, quando o programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, fez a denúncia. Segundo as denúncias, na região Sudoeste da Bahia, os recursos federais da área da Saúde que entram nas contas das Prefeituras teria sido utilizado para a contratação, através ´dispensa ou de fraude em licitações, da Cooperlife Cooperativa de Trabalhadores na Saúde [empresa que tem como um dos seus sócios o prefeito de Encruzilhada, médico Wekisley – Dr. Lei – Teixeira Silva], para cuidar do setor de Saúde Pública municipal.
Outro lado
A reportagem do JS não conseguiu contato com o prefeito Wekisley – Dr. Lei – Teixeira Silva para que ele pudesse contraditar as alegações da Polícia Federal e apontar as providências que estaria ou adotaria para reverter a decisão cautelar pelo seu afastamento por tempo indeterminado do cargo.
Um assessor do gestor, cuja identidade solicitou fosse preservada, disse à reportagem do JS que a medida adotada teria sido desnecessária e não teria legitimidade. “Não há que se admitir que o prefeito, que foi eleito pela vontade soberana da maioria da população de Encruzilhada e investido no mandato pela Justiça Eleitoral tenha o exercício de suas funções interrompido por ordem judicial provisória para fins investigatórios, que é o que se supõe tenha justificado a decisão judicial cumprida pela Polícia Federal, antes mesmo de qualquer decisão judicial. De resto, concluir que, se depois de três anos de investigação não há elementos para conclusão do inquérito, fica claro que as denúncias não se sustentaram. Estou certo que o prefeito vai recorrer da decisão, que consideramos desnecessária, e retornar ao cargo para dar seguimento ao trabalho que vem sendo realizado em prol do povo de Encruzilhada”, apontou.