Presidente disse que negacionismo não ficara impune
por Paula Laboissière|Agência Brasil
Durante a 17ª Conferência Nacional de Saúde em Brasília, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou que haverá um momento em que alguém será responsabilizado pela irresponsabilidade e descaso que ocorreram durante a pandemia de COVID-19.
Em seu discurso, Lula enfatizou que não existe nenhum cidadão brasileiro de boa fé que não reconheça os esforços dos profissionais de saúde, especialmente os que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS), no enfrentamento do vírus.
“Agradecemos a vocês, pois evitamos que o número de mortos neste país ultrapassasse um milhão, ou até mais. O negacionista que governou este país precisa assumir a responsabilidade, pelo menos em relação a 300 mil das 700 mil mortes ocorridas, pois as pessoas morreram devido à falta de atenção, negação, falta de vacinas e respiradores. As pessoas morreram porque em algum momento tivemos um governo que não era um governo, mas sim um genocida praticando uma atitude cruel em relação aos seres humanos”, declarou.
Lula afirmou que haverá um dia no Brasil em que a COVID-19 será estudada em profundidade e em que alguém será responsabilizado pela irresponsabilidade e descaso no tratamento do SUS. Ele mencionou que essa pessoa desafiou a ciência, os cientistas, os pesquisadores internos e a Organização Mundial da Saúde, desrespeitando tudo. Além disso, forçou os laboratórios do Exército e das Forças Armadas a produzirem cloroquina para enganar o povo brasileiro. Ele enfatizou que essa conduta não ficará impune na história da saúde brasileira.
A Conferência Nacional de Saúde ocorre a cada quatro anos desde 1986, com o objetivo de definir e construir políticas públicas para o SUS. Durante o evento, gestores, fóruns regionais, organizações da sociedade civil, movimentos sociais e outros participantes se reúnem para discutir e propor diretrizes que nortearão as decisões do governo federal em relação à saúde pública nos próximos anos.
Segundo o Ministério da Saúde, mais de 2 milhões de pessoas participaram das etapas preparatórias e cerca de 6 mil são esperadas ao longo desta semana em Brasília. Durante o evento, serão debatidas 329 propostas que contribuirão para orientar as decisões relacionadas à rede pública de saúde pelo governo federal.
“A conferência é um instrumento constitucional que existe desde a criação do Ministério da Educação em Saúde. No início, apenas a alta cúpula do ministério participava. A ideia de uma participação social ativa, como é hoje, mais ampla e diversa, surgiu com o processo de redemocratização do Brasil em 1988. Estamos realmente resgatando esse espírito, que é o espírito do SUS e da democracia, com ampla participação social”, concluiu a ministra da Saúde, Nísia Trindade.