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Luzes

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Estava caminhando, procurando desesperadamente um lugar seguro quando tudo se apagou.

Completa escuridão.

Não deu mais um só passo.

Não se sabe de onde veio, mas ouviu-se a voz:

“Segue somente a luz branca, a mais forte, que encontrarás a segurança.”

Na mesma hora acendeu-se a mais resplandecente de todas as luzes que já vira.

Quase cegou.

Levou alguns segundos para se acostumar com tamanho brilho e, seguindo a instrução que recebera, começou a caminhar.

O caminho, que até então estava tenebroso, transformou-se em um lugar tranquilo e seguro.

Em pouco tempo, em vez de andar, corria.

Seu medo se fora.

Não havia motivos para temer. Afinal, via tudo à sua frente.

Seu coração ficou tranquilo.

Em pouco tempo, começou a apreciar a beleza à sua volta.

Belas paisagens e construções magníficas.

Foi quando, ao longe, viu muitas, muitas luzes coloridas e brilhantes. Elas piscavam, giravam e, de onde vinham, ouvia-se som de festa.

Parou, olhou e quis ir naquela direção.

Parecia tão encantador.

Quando já estava ali  a algum tempo, lembrou-se da voz:

“Segue somente a luz branca, a mais forte, que encontrarás a segurança.”

Assustou-se com a lembrança do desespero que vivera na escuridão e da alegria que a luz forte trouxera.  

 

Olhou para ela e continuou em frente.

Ao longo do caminho, por várias vezes, se deparou com luzes coloridas. Sempre a do momento parecia mais encantadora que a última.

Continuava.

A luz branca sempre ali, no mesmo lugar, apontando o caminho.

Por isso, continuava.

Lá pelas tantas, começou a tocar uma música alta, muito alta.

Melodiosa, envolvente.

Alta, mas que não incomodava, não dava vontade de fugir.

Pelo contrário.

Dava vontade de procurar de onde vinha.

Achegar-se à sua fonte.

Junto com a música, surgiram as luzes mais lindas e brilhantes que se possam imaginar e um aroma tão delicioso que ser humano algum é capaz de descrever.

Envolvimento.

Luz, som, aroma.

Foi quando viu, à sua frente, uma mesa gigantesca.

Nela, todas as delícias que se podem imaginar.

Sabor.

Luz, som, aroma, sabor.

Sentou-se e comeu como se não houvesse amanhã.

Enquanto comia explorou tudo que sua visão conseguia alcançar.

Todas as luzes, lugares, recantos coloridos.

Resolveu explorar só um pouquinho.

Desviou seu caminho em direção ao colorido, ao sonoramente agradável, cheiroso e gostoso.

Ganhou outro caminho.

Esqueceu-se da luz branca e forte que continuava lá.

Encontrou todas as cores, aromas, perfumes e sabores.

Jamais a segurança.

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