A maioria dos frequentadores das academias tem o mesmo objetivo em comum: perder peso. Isso é justificável diante do grande número de brasileiros com sobrepeso ou obesidade atualmente. O restante das vagas é ocupado por aqueles que querem definição muscular e há espaço ainda para os que fazem a manutenção das medidas em prol da saúde. No entanto, ao se matricular com o foco voltado ao emagrecimento, as pessoas se deparam com o treino de musculação, indicado pela maioria dos profissionais de educação física, esta modalidade aparenta não ser a mais ideal para queimar as gordurinhas, mas é aí que está o engano.
Os exercícios aeróbicos, como corrida, spinning, jump, natação e outros, são os mais procurados quando se trata de eliminar calorias, o que as pessoas ainda não sabem é que a musculação é tão importante quanto eles, e, se realizada de maneira correta e regular, juntamente com a dieta adequada, ela pode potencializar o efeito das outras atividades e acelerar o aparecimento dos resultados, por isso a modalidade de treino é altamente recomendada. Para emagrecer de forma eficiente e manter a boa forma é preciso fortalecer o tecido muscular e adquirir massa magra, dessa forma o corpo aumenta a queima de calorias e a dieta se torna muito menos rígida e mais prazerosa.
Por que é necessário o aumento de massa magra?
O corpo exige um grande aporte de energia para realizar a manutenção das células musculares, isso eleva a atividade metabólica e, consequentemente, a queima do tecido adiposo. O nutricionista Willian Ribeiro explica que o organismo com a musculatura desenvolvida demanda mais energia porque os músculos aumentam nossa Taxa de Metabolismo Basal (TMB) – medida que representa a quantidade mínima de energia necessária para manter as funções vitais do organismo enquanto estamos em repouso. Segundo o especialista, a TMB pode variar de pessoa para pessoa, pois ela é calculada de acordo com vários fatores, como o sexo do indivíduo, a altura, idade, questões genéticas, nível de atividades ou sedentarismo e a composição corporal, que nada mais é do que a quantidade de massa magra e massa gorda que cada um possui.
“A musculatura é um tecido metabolicamente ativo, portanto, quanto maior o percentual de massa magra no organismo, mais acelerado será o metabolismo. Isso pode significar um aumento de cerca de 15 a 25% se comparado a outra pessoa com o mesmo percentual de massa gorda. Os músculos requerem um esforço maior do metabolismo do que as células de gordura. Por isso é comum aquela percepção de que algumas pessoas magras podem comer de tudo sem engordar, o que acontece é que elas possuem uma massa magra elevada. Isso significa que quanto mais músculos, mais calorias são queimadas, mesmo quando estiver em repouso, pois cada quilo de massa magra no corpo requer cerca de 100 calorias a mais por dia” – explica o profissional da Nature Center.
Musculação X aeróbicos
Muitas pessoas cometem o grande erro de avaliar a atividade física sob o ponto de vista do gasto calórico na execução do exercício em si, no entanto, para uma análise correta, é necessário considerar o gasto total, ou seja, a soma do quanto foi eliminado com a prática do exercício mais a energia que o corpo utilizou para se recuperar depois da atividade. Isso significa que, quanto maior for a intensidade do treino, maior será a demanda de energia para reparar o que foi gasto pelo corpo. Então, por mais que a atividade aeróbica permita queimar um maior número de calorias durante sua realização, a musculação permite elevar essa queima durante o dia inteiro.
Para se ter uma ideia, nosso metabolismo leva cerca de 1 hora para se recuperar de um exercício aeróbico, mas após a musculação, o metabolismo continua com uma demanda energética mais elevada até 15 horas. Isso acontece porque a modalidade atua diretamente na formação dos músculos. Durante sua pratica, o tecido muscular é desgastado e, logo em seguida, o organismo entra em estado de anabolismo para regenerar a musculatura, tornando-a mais forte e resistente. Por isso o corpo exige mais calorias na realização dessa tarefa, mantendo o metabolismo acelerado por um período de tempo muito maior. Justamente por esse motivo é que não se deve treinar o mesmo grupo muscular todos os dias, é preciso respeitar o tempo de descanso para alcançar o resultado esperado.
A balança se torna inimiga
Perder peso na balança nem sempre é sinônimo de emagrecimento, muitas vezes os quilos a menos podem ser resultado da eliminação de água ou, até mesmo, da diminuição de músculos. De acordo com Ribeiro, emagrecer significa perder gordura e elevar a taxa de massa magra, ou, pelo menos, mantê-la estável. É comum ver o ponteiro da balança subir quando isso acontece, mas não significa que a pessoa engordou, muito pelo contrário, o aumento do peso ocorre devido ao crescimento muscular. “O processo saudável de emagrecimento consiste na eliminação de gorduras e não se resume apenas aos números da balança, pois eles, sozinhos, não dizem nada. É preciso acompanhar as medidas, afinal, os músculos ocupam menos espaço no corpo. É como comparar um quilo de chumbo a um quilo de algodão, ambos têm o mesmo peso, mas o chumbo é mais denso e menor, enquanto o algodão ocupa uma área maior, dando a falsa impressão de que há uma quantidade maior, assim como a gordura” – afirma o nutricionista.
Cuidado com o regime
Quando se trata de emagrecimento, a alimentação é tão importante, ou até mais, do que a quantidade e a qualidade dos treinos na academia. Isso porque a dieta que seguimos é a grande responsável por fornecer a energia necessária ao corpo para realizar suas atividades. O maior erro cometido por aqueles que visam a perda de peso é adotar um cardápio restritivo. Ribeiro alerta que comer pouco é tão prejudicial quanto comer demais: “Se o organismo não encontrar os nutrientes que precisa para cumprir suas tarefas físicas e metabólicas ele acaba usando os músculos como fonte e, nesses casos, além de não ganhar massa magra, a pessoa acaba perdendo a já existente. O resultado disso é que os números na balança até diminuem, mas o metabolismo fica mais lento devido à menor quantidade muscular e a pele fica mais flácida e com celulites”.
De acordo com o nutricionista, para uma dieta efetivamente saudável nenhum grupo alimentar deve ser excluído, basta apenas se atentar às quantidades e aos horários. Em resumo, um cardápio voltado ao emagrecimento, que favoreça o aumento de massa magra, deve ser rico em proteínas, moderado em carboidratos complexos, baixo em carboidratos simples e acrescido de gorduras boas. “Equilibrar o consumo desses nutrientes faz toda a diferença na obtenção dos resultados. Além disso é importante lembrar que passar longos períodos sem comer também é prejudicial nesse processo. É preciso respeitar os horários para garantir energia suficiente ao corpo, especialmente no pré-treino, onde é indicada a ingestão de carboidratos, e no pós-treino, no qual as proteínas se encaixam melhor” – acrescenta Ribeiro.
Aumente o consumo de alimentos proteicos
Para favorecer a construção de músculos e evitar o acumulo de gorduras o ideal é focar no maior aporte proteico. Para isso é fundamental incluir no cardápio uma variação de proteínas provenientes de laticínios, carnes magras ou de origem vegetal. Vale lembrar que elas devem ser consumidas em todas as refeições, especialmente após os exercícios físicos, tanto de musculação quanto aeróbicos, pois elas possuem aminoácidos que participam diretamente do processo de regeneração muscular e ajudam a reconstruir tecidos lesionados durante as atividades.
Infelizmente, diante da correria do dia a dia, ou, ás vezes, pelo receio de engordar, muitas pessoas acabam negligenciando a alimentação e comendo de forma inadequada, seja por passar longos intervalos sem comer, treinar em jejum, excluir algum grupo alimentar, ou simplesmente não ingerir a quantidade suficiente dos nutrientes necessários. Esses fatores influenciam negativamente nos resultados: “É por isso que algumas pessoas que fazem treinos intensos se perguntam porque não estão conseguindo perder peso e aumentar a massa magra. Elas não se dão conta de que o erro pode estar na dieta” – explica o nutricionista.
De acordo com Ribeiro, nesses casos, é possível adotar o auxílio suplementar, recorrendo ao uso de algum complemento nutricional rico em proteínas, como o famoso Whey Protein, que nada mais é do que um composto concentrado de proteínas extraídas do soro do leite. “É uma ótima alternativa também para aqueles que tem intolerância à lactose ou pessoas que não consomem carnes, como os vegetarianos, nem derivados do leite, no caso dos veganos. Vale ressaltar também a importância da hidratação nesse processo, pois a água garante que as toxinas geradas pelo metabolismo das proteínas sejam eliminadas e ajuda a evitar o estado catabólico – quando o corpo usa os músculos como principal fonte de energia” – finaliza o especialista.
Fonte: Nature Center