O câncer de colo do útero é o terceiro tumor que mais atinge a população feminina no Brasil, segundo dados do INCA fica atrás apenas do de mama e o colorretal, além de ser a quarta causa de morte de mulheres no país por câncer. Entretanto, apesar dos altos números, uma parcela relevante da população não conhece adequadamente a doença, suas causas e como preveni-la.
Exemplo disso, é que foi constatado que mais da metade das mulheres não adere procedimentos simples de prevenção, como o a realização do exame Papanicolau (52%), segundo primeira pesquisa proprietária da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), o “Panorama sobre Conhecimento, Hábitos e Estilo de Vida dos Brasileiros em relação ao Câncer”.
“O dado é alarmante, pois o Papanicolau é o principal procedimento de prevenção do câncer de colo de útero – a incidência da doença pode ser reduzida em até 80% quando feito com a periodicidade indicada pelo médico. Para diminuirmos a presença da doença entre as mulheres, é essencial que utilizemos os meios que já temos em mãos, como as vacinas, os preservativos e exames de prevenção, que podem ser encontrados gratuitamente por toda a população”, diz a Dra. Andreia Melo, diretora da SBOC.
Outra das principais causas do câncer de colo de útero é o HPV, Papilomavírus Humano, uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns no mundo. Entretanto, ainda de acordo com a pesquisa, 11% das mulheres do país discorda, em maior ou menor grau, que vacinas contra Hepatite B e HPV são eficazes para evitar o desenvolvimento de variedades do câncer. Além disso, uma em cada quatro mulheres não vê a relação entre DSTs e diferentes formas da doença.
Parte do problema parece ser o desconhecimento da população em relação à doença. Uma em cada dez mulheres não conhece o câncer de colo de útero, número que chega a ser ainda mais alto em alguns estados do país, como Tocantins (20%), Sergipe (19%) e Distrito Federal (19%).
“Há anos, a rede pública de saúde do país oferece os meios necessários para que a população se proteja de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o vírus do HPV: preservativos são fornecidos e vacinas estão disponíveis gratuitamente para meninas e meninos entre 9 e 13 anos. Porém, sem a conscientização adequada, o que se percebe é a baixa adesão da população às medidas necessárias. Quatro em cada dez mulheres afirma não usar preservativos e nem aderir a campanhas de vacinação, sendo que uma parcela relevante – 12% e 7%, respectivamente –, afirma que não pretende fazê-lo no futuro próximo”, diz Melo.
Câncer de colo de útero atrelado ao tabagismo
Outro grande vilão do câncer de colo de útero é o tabagismo. Segundo a pesquisa, 12% das mulheres do país fumam, sendo que, entre elas, 14% consome mais de 10 cigarros por dia. “Apesar de o cigarro estar comumente relacionado ao câncer de pulmão, o tabagismo também é um fator de risco relevante quando se trata do tumor do colo de útero. E, mesmo o hábito sendo mais comum entre a população masculina, o que a pesquisa nos mostra é que grande parte das mulheres ainda fuma e, o mais preocupante, não pretende parar: 7% das respondentes diz que não abdicaria do hábito”, aponta Dra. Andreia Melo.
SOBRE A SBOC – SOCIEDADE BRASILEIRA DE ONCOLOGIA CLÍNICA
A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) é a entidade nacional que representa mais de 1,4 mil especialistas em oncologia clínica distribuídos pelos 26 Estados brasileiros e o Distrito Federal. Fundada em 1981, a SBOC tem como objetivo fortalecer a prática médica da Oncologia Clínica no Brasil, de modo a contribuir afirmativamente para a saúde da população brasileira. Desde novembro de 2017, é presidida pelo médico oncologista Sérgio Simon, eleito para o biênio 2017/2019.