Temos – de maneira fortuita por sinal – recolhido cópias de textos a nós remetidos durante todos os anos em que estivemos à frente da Disciplina de Ginecologia e Obstetrícia (através de concurso público, é bom frisar). Hoje divulgamos um comunicado de que seria o principal homenageado da XXXI Turma de Medicina da Faculdade de Medicina de Itajubá e com orgulho:
Como eu aprendi com você! Não esqueço que os pacientes são grandes professores… sempre me “jogando” informações médicas brilhantes. Eles estavam com a gente… doavam seus corpos e sua dor… mas só você sabia me guiar diante deles. Só você me fazia ficar ali com quem estende a mão, esquecido de si próprio, aos que a dor ameaça afogar em desespero, num ímpeto de secreta fraternidade. Só você me fazia ficar ali sem adormecer a consciência de ninguém, mas sem tirar o sono a nenhum corpo, modesto como quem serve à mesa, leve como quem fala com menino, natural como os bichos na floresta, teimoso como quem quebra pedra no sol.
Depois de seis anos de convivência recordo quanta coisa você me ensinou:
Estar atendo diante do ignorado
Reconhecer-se no desconhecido
Olhar o mundo, o paciente iluminado
E compreender o que não tem sentido
Guardar o que não pode ser guardado
Perder o que não pode ser perdido
É preciso ser, puro, mas cuidado! É preciso ser livre, mas sentido!
É preciso paciência com o paciente, e que impaciência!
É preciso pensar, lembrar, ou esquecer
E conter a violência
Mas tudo, um médico com prudência!
Você me ensinou algo inexprimível: me ensinou o ser humano, a ser homem, a ser humano, a ser médico.
E como tudo que é belo acaba em poesia, nossa história só poderia ser assim…
Todos nós da XXXI somos um só, te comunicando com esta longa carta que você é nosso professor homenageado pois só você foi capaz de me mostrar que o que está por trás do poema e da poesia do poema é o homem e sua vida.
Com amor,
XXXI