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MALÁRIA: Brasil e Japão trabalham no desenvolvimento de nova vacina para doença

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Fiocruz Amazônia recebe incentivo do Fundo Global de Tecnologia Inovadora em Saúde (GHIT), do Japão, para pesquisa pré-clínica do imunizante contra malária vívax

 

Por: Gabriel Lucas Soares Campos/Agência Brasil 61 

 

Pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane, da Fiocruz Amazônia, e de universidades do Japão e do Reino Unido participam do desenvolvimento de uma vacina para a malária vívax. O projeto será financiado pelo Fundo Global de Tecnologia Inovadora em Saúde (GHIT), do país asiático, e busca um imunizante para a malária causada pelo Plasmodium vivax. Esse parasita é responsável por 83% dos casos no Brasil, segundo a Fiocruz.

No Brasil, a Fiocruz Amazônia conduz a pesquisa pré-clínica. Esse estágio antecede os testes clínicos em humanos. “[O incentivo] É muito importante para nós, porque o Japão tem um polo tecnológico bastante avançado. E consegue produzir essa formulação vacinal para que a gente possa fazer essa avaliação pré-clínica”, explica a vice-diretora de Pesquisa da Fiocruz Amazônia e coordenadora local dos estudos, Stefanie Lopes.

“Aqui, no Brasil, vamos fazer isso, avaliando se essa vacina é capaz de inibir a infecção no mosquito [Anopheles, vetor do Plasmodium vívax]”, completa a pesquisadora.

A pesquisa pré-clínica acontece antes dos testes clínicos em humanos. Ela serve para a análise de como uma substância reage ao corpo. Os testes podem ser realizados in vivo (em animais), in vitro (em amostras biológicas) e em ex vivo (em tecidos). Caso o resultado seja positivo, o estudo passa para a próxima fase, de ensaio clínico. “[A pesquisa pré-clínica] É para de fato avaliar se essa estratégia, essa formulação de vacina com os antígenos que a gente está propondo, vai ter o efeito esperado. Se esse resultado for positivo, é possível fazer os ensaios clínicos”, esclarece a coordenadora local da pesquisa.

No Brasil, a pesquisa ainda está sendo feita com os ensaios in vivo, bloqueando a transmissão da doença no vetor e ex vivo atuando no estágio sanguíneo do parasita.

Malária no Brasil

Dados do Ministério da Saúde apontam que cerca de 99% dos casos de malária estão concentrados na região Amazônica, nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Em 2021, o Brasil registrou 145 mil casos de malária. A meta brasileira é eliminar a transmissão da doença até o ano de 2035.

Para o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Correia de Medeiros, os números estão sendo controlados aos poucos, mas é necessário ter mais prevenção, tratamento e informação para que o país consiga controlar a malária. “Entre 2019 e 2020, tivemos uma redução de mais de 10% do número de casos de malária no Brasil. Entretanto, apesar das boas notícias, é preciso lembrar que a malária é um desafio para a saúde pública. Por ano são mais de 140 mil casos, quase todos na região amazônica”, pontua o gestor.

Malária

A malária é uma das doenças parasitárias mais antigas do mundo, causada por quatro diferentes tipos do protozoário. É transmitida pela fêmea infectada do mosquito Anopheles, que pica o ser humano, que, por sua vez, se transforma em hospedeiro do protozoário.

Se um mosquito não infectado picar uma pessoa contaminada, ele passa também a transmitir a malária. Mas também pode ser transmitida pelo compartilhamento de seringas, transfusão de sangue ou até mesmo da mãe para o feto, na gravidez. Os sintomas mais comuns são febre alta, calafrios e falta de apetite.

No mundo, há apenas uma vacina para a doença, a RTS,S/AS01 (RTS,S), implementada pela OMS em três países africanos: Gana, Quênia e Malaui. Esse imunizante controla os casos da malária falciparum.

Foto da capa: Freepik.com

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