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Manifestantes desocupam fazendas, mas clima continua tenso na região do Distrito de Rosário, em Correntina

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As cerca de 500 pessoas, armadas com facões e paus, que invadiram na manhã desta quinta-feira (2), duas fazendas – Igarashi e Curitiba – no Distrito de Rosário, distante 129 quilômetros da sede do município de Correntina, com a chegada de reforço policial deixaram os locais no final da tarde. Segundo mensagens que circulam nas redes sociais (WhatsApp), durante a ocupação os manifestantes teriam colocado fogo em tratores e destruído galpões, pivôs de irrigação e bombas de captação de água das propriedades. A invasão e os atos de vandalismo teriam sido motivados em nome da preservação dos mananciais e pela possibilidade cada dia mais evidente do colapso no abastecimento de água do Distrito do Rosário.

Equipamentos, entre os quais bombas de captação de água das propriedades invadidas, foram danificados e queimados pelos manifestantes – Foto: Divulgação/Blog Matutar
Tratores foram queimados pelos manifestantes que invadiram as propriedades do Grupo  Igarashi,, no Distrito de Rosário, em Correntina – Foto: Divulgação/Blog Matutar

Durante a desocupação das propriedades um grupo foi conduzido, sob escolta da Companhia Independente de Policiamento Especializado do Cerrado (Cipe/Cerrado), para Correntina, onde seriam apresentados na Delegacia Territorial de Polícia Civil. Ainda segundo informações que circulam nas redes sociais, o grupo de manifestantes chegou a bloquear por alguns minutos o trânsito na BR-349, na entrada de Correntina, enquanto nas redes sociais estava sendo feita uma mobilização para evitar que fossem presos. Embora ainda não haja informações de que teriam sido apresentados à autoridade policial, identificados e fichados, todos foram liberados e seguiram para o Distrito de Rosário.

Segundo os manifestantes, a invasão e destruição de equipamentos e galpões das propriedades seria uma resposta ao Governo do Estado que, mesmo depois da realização de audiências públicas e diversos apelos solicitando providências no sentido de adotar medidas contra a exploração desenfreada dos Rios que cortam o Cerrado, não adotou e não sinaliza a disposição de patrocinar qualquer medida no sentido de preservar os mananciais. “Se o Estado não resolve, vamos lá e mostramos nossa força. Ver os nossos rios serem sugados por essas grandes empresas é que não vamos deixar sem fazer nada”, disse um dos manifestantes.

Outorgas foram concedidas pelo Estado

Informações da Secretaria de Estado de Meio Ambiente da Bahia comprovam que as fazendas invadidas e depredadas possuem, conforme prevê a legislação vigente, outorga de direito de usos de recursos hídricos, ou seja, autorização para uso das águas do Rio Arrojado para atividades agropecuárias, emitido pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema).

Grupo Igarashi

O Grupo Igarashi, que controla as duas fazendas, conseguiu a outorga d’água em 2015 para irrigar 2.530 hectares com volume de 180 mil metros cúbicos/dia. No local, estão instalados 32 pivôs que retiram água diretamente do leito do Rio Arrojado. 

Informações não confirmadas indicam que o empreendimento do Grupo Igarashi, que atua em diferentes segmentos de negócios nos Estados da Bahia, Minas Gerais, Goiás e Santa Catarina e está entre os cinco maiores produtores nacionais de alho, batata, cebola, tomate, cenoura, repolho, entre outras culturas, possuindo cerca de 40 mil hectares de terras em produção agrícola, estaria sendo implantado na região Oeste em razão do comprometimento que causou em afluentes do Rio Paraguaçu, na região de Ibicoara e Mucugê, na Chapada Diamantina, que já estariam causando prejuízos à organização.

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