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MARCOLINO MOURA E ALBUQUERQUE

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*21/11/1838†08/01/1908

Marcolino de Moura e Albuquerque nasceu em Bom Jesus dos Meiras,  pertencente à Comarca de Minas de Rio de Contas,  no dia 21 de novembro de 1838, filho de Manuel Justiniano de Moura e Albuquerque e de Auta Rosa  dos Santos Meira,  filha de Antonio de Souza Meira e de Zeferina Maria de Santo Antonio.  Após o casamento em 1834, a consorte passou a assinar  Auta  Rosa  Meira de Moura Albuquerque.

Foi político, deputado provincial da Bahia, deputado federal e constituinte;   tenente-coronel do Exército  brasileiro, advogado, abolicionista e membro do Partido Liberal, entre outras comendas.

Manuel Justiniano de Moura e Albuquerque, nascido em 1798, filho de Martiniano José de Moura Magalhães e de Maria Eugênia da Rocha e Albuquerque, filha de Bernardo de Matos e Albuquerque e Lizarda Liberata da Vitória Rocha era morador de Bom Jesus dos Meiras e depois do atentado cometido por Leolino,  na fazenda Boa Sentença em Rio de Contas.

 Da  união Manuel Justiniano e Auta Rosa,  nasceram  os seguintes filhos: Juvêncio de Moura e Albuquerque; Theódulo de Moura e Albuquerque; Fulgência de Moura e Albuquerque; Marcolino de Moura Albuquerque; Antonio Martiniano de Moura Albuquerque; José Egídio de Moura e Albuquerque – barão de Santo Antonio da Barra, atual Condeúba, Manuel Justiniano de Moura e Albuquerque Filho – proprietário da Fazenda Boa Sentença; Augusto de Moura e Albuquerque; Camila Augusta de Moura e Albuquerque; Maria Rosa de Moura e Albuquerque; Ana de Moura e Albuquerque; Bela de Moura e Albuquerque; Auta Amélia de Moura e Albuquerque; Florindo de Moura e Albuquerque; Honório de Moura e Albuquerque; Herculano de Moura e Albuquerque; Marcelino de Moura e Albuquerque; Raquel Augusta de Moura e Silva.

Entre outros motivos, seus pais fixaram residência em Minas do Rio de Contas, visando maiores recursos  de estudos e cultura, para os filhos,  foi aí  que Marcolino fez o curso primário. Também  possuíam uma fazenda denominada Boa Sentença  no município de Rio de Contas,  que depois passou a chamar-se Marcolino Moura em sua homenagem.

A infância e adolescência transcorreu entre a Fazenda  Boa Sentença e a cidade de Minas de Rio de Contas. Mudou-se para Salvador onde fez o curso secundário e em 1863 foi para Recife para cursar Direito, formando-se em 1867. Ainda estudante tornou-se amigo do colega  Castro Alves que dedicou-lhe uma poesia e escreveu-lhe uma carta relatando os seus problemas e suas paixões.

Na briga entre Mouras e Canguçu, seu pai foi morto por Leolino Canguçu. Marcolino Moura deve muito de sua carreira política a Exupério Canguçu, o qual tinha muita influência  no meio político da região de Bom Jesus dos Meiras, atual Brumado. De acordo com o escritor Mário Rizério Leite, Marcolino, teve muita influência na política da cidade de  Rio de Contas, tanto que  o distrito de Boa Sentença teve seu nome mudado para Marcolino Moura  em sua homenagem.

Em 1865 quando cursava  o terceiro ano, explodiu a Guerra do Paraguai (1867-1870).  A guerra do Paraguai  também era conhecida como Tríplice Aliança envolvendo a Argentina e o Paraguai.

interrompeu o curso e dirigiu-se para a Bahia com a finalidade de organizar  o batalhão de voluntários para lutar na referida guerra. Na província, a cidade de Minas de Rio de Contas, ele formou o Batalhão da Imperatriz, classificado como 22º Corpo de Voluntários da Pátria, do qual era comandante. No dia 08 de fevereiro de 1866, parte para a batalha com 386 homens  e passa a ocupar o cargo de Major.

Das batalhas sangrentas que participou no ano de 1866,  destaca-se a de Tuiuti em 23 de maio do mesmo ano. Esta batalha foi decisiva na vitória dos Aliados na Guerra e é considerada a batalha mais sangrenta da história da América do Sul, com 10.000 mortes no total. Ele também aparece em outros momentos da guerra.

Volta à Bahia, em 1867, para recrutar mais voluntários, inclusive alguns presos.  Em uma das batalhas finais da guerra pela tomada da ponte de Itororó em 12/12/1968, sua tropa ficaria famosa por utilizar a Capoeira para combater o inimigo, após a munição acabar.

Em 1867 com a diminuição dos membros do  batalhão, o contingente remanescente,  incorporou-se a outras unidades. Como comandante do 22º Corpo de Voluntários da Bahia destacou-se de tal forma que foi promovido a tenente-coronel do Exército brasileiro e condecorado com a Medalha do Mérito Militar pelos atos de bravura.

Acometido de impaludismo, licenciou-se para tratamento de saúde no Rio de Janeiro, e no seu regresso, o navio em que viajava,  sofreu um naufrágio perto de Buenos Aires, ele perdeu a bagagem, ficando apenas com a roupa do corpo.

Depois da recuperação da saúde, o Imperador D. Pedro I,  solicitou-lhe,  organizar  mais um batalhão de voluntários, porém pediu exoneração da incumbência para retornar aos estudos em Recife.  Após a vitória no Paraguai,  Marcolino formou-se bacharel em ciência jurídicas e Sociais no dia 09 de dezembro de 1867,  ostentando a condecoração de herói.

A bandeira trazida da Guerra do Paraguai, perfurada de balas  e manchada de sangue dos heróis rio-contenses, foi oferecida por  Marcolino Moura à cidade de Minas de Rio de Contas , hoje se encontra na Prefeitura Municipal dessa cidade.

Em 1868 foi nomeado Promotor Público da Comarca de Minas do Rio de Contas, entretanto não tomou posse, porque foi eleito deputado para a Assembleia Provincial do seu Estado.

Após a Proclamação da República foi eleito para representar a Bahia no Congresso Nacional Constituinte, tendo contribuído para a Constituição de 1891. Era  militante do Partido Liberal e pertencente a Sociedade contra a Escravidão. Fez muitas viagens pelo sertão, para divulgar suas ideias abolicionistas. Pertenceu à Legião de Honra da França , onde esteve por algumas vezes representando o seu país.

Recebeu, durante o Império o título de Comendador da Ordem da Rosa e o Governo provisório da República,   em 08 de março de 1890, concedeu-lhe o posto de Coronel Honorário do Exército, pelos serviços prestados  durante a Guerra do Paraguai conforme carta patente  que lhe foi enviada,  e assinada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, Benjamim Constant, Botelho de  Magalhães e Floriano Peixoto.

Marcolino Moura  casou-se com Amélia Landulfo Medrado, após o casamento,  Amélia Landulfo de Moura,  filha do coronel Reginaldo Landulfo Medrado, residente em Santa Isabel, atual cidade de Mucugê/BA, (prima de Exupério Canguçu, importante político da época),  e tiveram um filho: Auto Marcolino de Moura Medrado que faleceu ainda solteiro.

Faleceu no Rio de Janeiro em 8 de janeiro de 1908 aos 70 anos.

Complementação:

Na  Faculdade de Direito do Recife foi contemporâneo de  Rui Barbosa, Joaquim Nabuco e de Castro Alves, todos eles abolicionistas. Em 16 de janeiro de 1863 recebeu do poeta, de quem era amigo, carta escrita do Recife, em resposta a recebida, contando as suas tristezas alegando estar com o coração vazio.

No Congresso Federal defendeu a Abolição dos Escravos, tendo documentadas intervenções suas,  nos discursos de Joaquim Nabuco,  com quem também debateu em 1879,  sobre o Projeto do elemento servil.   Participou da criação da Sociedade Brasileira contra a Escravidão e do Jornal Abolicionista. Obteve nomeação para o ambicionado posto de tabelião de notas, no Rio de Janeiro, e foi inspetor geral da Inspetoria de Terras e Colonização e comendador da Ordem da Rosa.

Participou do entrevero entre as famílias Mouras e os Canguçus. Curiosamente Marcolino de Moura e Albuquerque teve o apoio político eleitoral do Coronel Exupério Canguçu, com quem seu pai Manoel Justiniano, assassinado por Leolino, irmão de Exupério,  cultivou grande rivalidade anos antes, quando se registraram vítimas fatais entre os dois lados. Esse entendimento foi patrocinado pelos irmãos maçons, pois os dois pertenciam a mesma loja maçônica.

Escreveu Elemento servil, obra na qual reuniu discursos pronunciados na Câmara dos Deputados nas sessões de 4 de setembro e 12 de novembro de 1880, publicada em Salvador, 1881.

A fazenda Boa Esperança pertencia a Manuel  Justiniano de Moura e Albuquerque, adquirida em 1848, cujo nome primitivo era Sítio do Morcego, hoje abriga o distrito de Marcolino Moura. Pela atuação parlamentar de projeção nacional, como militar e o movimento social  abolicionista que defendeu, o distrito leva o seu nome,   em homenagem a sua pessoa.

Informações do Portal dos deputados:

 Membro do Partido Liberal, ainda no Império, foi deputado provincial na Bahia entre 1868/1877 e 1880/1881;  Deputado Federal (BA), posse em 03/05/1897; Deputado Federal (BA), posse em 01/02/1877; Deputado Federal (BA), posse 15/12/1878; Deputado Federal (constituinte), (BA), posse 15/11/1890; Deputado Federal (BA), posse 06/05/1894; Deputado Federal (BA), posse 04/05/1900; Deputado Federal (BA)., posse 30/05/1903.

O escritor e geografo Teodoro Sampaio escreveu no livro  O RIO SÃO FRANCISCO  E A CHAPADA DIAMANDTINA:  “ Marcolino de Moura e Albuquerque (1838-1908) foi colega de Castro Alves na Faculdade de Direito do Recife, onde se formou em 1867. Condecorado com a Ordem da Rosa por sua participação na Guerra do Paraguai, abolicionista e integrante do Partido Liberal, foi deputado provincial (1886-1877 e 1881-1891),  deputado imperial (1877-1880) e  deputado federal (1890-1905), sendo um dos signatários da Constituição Federal de 1891”.

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