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Menininha

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Hoje, vi a fotografia de uma menininha que um dia conheci.

Não era ela, era alguém muito parecido com quem um dia foi.

Delicada, olhar tímido, cabelos muito lisos cor de trigo, presos desordenadamente.

Um sorriso discreto combinando perfeitamente com o pôr do sol que acontecia atrás de si.

Doce, a pequena, segurava algumas das muitas flores que estavam à sua volta em suas delicadas mãos.

Fiquei admirando a fotografia e me lembrando da menina que um dia conheci.

Teoricamente próximas, me lembro de que fui conhecê-la quando nasceu e ao seu primeiro aniversário.

Tudo acontecido em outro estado, mesmo assim, fomos eu e meus pais.

Naquela época, as viagens eram feitas sempre e sempre de ônibus. Ninguém nem cogitava voar para visitar. Mas isso não era empecilho.

Íamos felizes.

O tempo e a morte daqueles que nos uniam fez com que hoje não nos conhecêssemos mais.

A menininha, parecida com a da fotografia, já não existe mais. Tem hoje para si uma menininha que eu não conheço nem de longe, nem por fotografia.

Espero que esteja bem.

Triste isso, perder-se de quem um dia foi importante.

 Resgatar?

Não há qualquer possibilidade.

Foi-se.

Acabou.

Seja feliz menininha, que um dia foi moradora do meu coração.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744