Por Aline Dias
A população brasileira deve começar a reduzir a partir de 2047. Os dados, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o Brasil, que hoje tem população total de 208,5 milhões, alcançará 233,2 milhões em 2047 e, a partir daí, reduzirá a 228,3 milhões. Ainda segundo o IBGE, a partir de 2039, haverá mais idosos que crianças no país. Neste ano, um a cada quatro brasileiros terá mais de 65 anos.
O envelhecimento da população traz consequências como o aumento com gastos de saúde e aposentadorias e impactos no mercado de trabalho, que enfrenta uma espécie de conflito. Isso porque as pessoas, mesmo envelhecendo, desejam ou necessitam continuar trabalhando, e as empresas, por sua vez, não estão preparadas para manter esses trabalhadores.
“Hoje, nesse contexto laboral, muitas vezes nós já temos três gerações trabalhando de forma conjunta, às vezes quatro. Nós temos esse impacto de conflitos dentro das nossas casas ou o não entendimento de diferentes gerações. Imagine isso no contexto industrial… acaba tendo impacto voltado à produtividade”, explica a coordenadora do Centro de Inovação SESI em Longevidade e Produtividade, Noelly Mercer.
Outra previsão do IBGE é de que, em 2040, a maior parte das equipes de trabalho será de pessoas com mais de 45 anos. O Centro de Inovação SESI em Longevidade e Produtividade cria soluções para evitar a geração de custos com saúde e perdas de produtividade. Segundo a coordenadora do centro, o objetivo é fazer com que “as pessoas construam hábitos saudáveis para que elas cheguem aos 70 anos com capacidade produtiva e qualidade de vida, podendo continuar contribuindo no ambiente de trabalho”.
Uma das ferramentas utilizadas para alertar as empresas sobre a importância de investir em um ambiente saudável, capaz de conciliar a longevidade nas indústrias é o portal longevidade.ind.br. O site reúne indicadores de todos os estados e municípios brasileiros, notícias e eventos sobre envelhecimento.
Além do centro especializado em longevidade e produtividade, localizado no Paraná, o SESI conta com mais sete centros de inovação, com diferentes temáticas, para atender à demanda da indústria nacional na área de saúde e segurança do trabalhador. São elas: prevenção da incapacidade, na Bahia; economia para saúde e segurança, no Ceará; ergonomia, em Minas Gerais; sistemas de gestão de SST, em Mato Grosso do Sul; higiene ocupacional, no Rio de Janeiro; tecnologias para a saúde, em Santa Catarina e fatores psicossociais, no Rio Grande do Sul.
Para receber o apoio de um dos centros de inovação, as empresas podem entrar em contato pela plataforma www.inovacaosesi.org.br. Nela estão todas as soluções já desenvolvidas pelos Centros.
Segurança e saúde no trabalho
Enquanto o investimento em longevidade nas empresas ainda é pequeno, os recursos investidos em gestão de saúde aumentaram. Prova disso é a queda no número de acidentes no Brasil, durante os últimos anos. De 2008 a 2017, a taxa de incidência no país passou de 22,98 para 13,74 acidentes a cada mil vínculos empregatícios, de acordo com a Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda (SPrev).
Uma pesquisa realizada pelo Serviço Social da Indústria (SESI) mostra que 71,6% das indústrias estão dando prioridade à gestão de segurança e saúde dos trabalhadores e que 76,4% dos entrevistados acreditam que o nível de atenção da indústria brasileira com o tema deve aumentar nos próximos anos.
O especialista em ergonomia e saúde e segurança ocupacional, Fernando Amaral, ressalta que um dos motivos para a redução dos acidentes de trabalho é o comportamento das empresas, que têm investido, cada vez mais, na segurança e saúde do trabalhador. “A conscientização, hoje, é maior por parte das empresas. Elas têm uma preocupação já inerente, na maioria dos setores produtivos, de pensar mais no trabalhador, dentro do contexto de trabalhar com saúde e segurança”, destaca.
SESI Viva+
Para facilitar o acesso a informações e auxiliar os gestores na tomada de decisões sobre investimentos em segurança e saúde dos trabalhadores das indústrias e prevenção de risco de acidentes, o SESI lançou, em junho de 2018, uma plataforma multifuncional para auxiliar a indústria. O SESI Viva+ pode ser acessado pela internet e também como aplicativo para celular, nas versões para o empregado e para o empregador.
A plataforma reúne um conjunto de ferramentas para interação entre empresa e empregados, onde há trocas de experiências, dicas e notificações importantes, como de campanhas de saúde que mobilizam toda a empresa. As indústrias também podem usar o canal para armazenar e compartilhar com trabalhadores conteúdos técnicos de segurança e saúde no trabalho, como políticas da empresa, procedimentos, informes diários de segurança, vídeos de capacitação e sensibilização e informações sobre campanhas.