Desperto, nesta manhã de setembro, dia 04, com na triste notícia da morte do Dr. Juracy Pires Gomes, ituaçuense de nascimento, médico e político, tendo chegado a Brumado em 1959.
Em particular, um amigo que tive, desde que aqui aportei em 1970, vindo de Salvador, como um dos integrantes da equipe gestora do recém-estadualizado Colégio de Brumado, ocorrido graças ao seu empenho, como Prefeito, junto ao Governador Luís Viana Filho e ao Secretário de Educação Edvaldo Machado Boaventura. Os quatro nomes requisitados pela SEC, foram de professores egressos da gloriosa Faculdade de Filosofia da Universidade Federal da Bahia, concursados, portanto, não indicados politicamente, colocados à disposição do Estado, uma vez que Brumado não possuía, ao tempo, educadores com formação de nível superiorpara a assunção dos respectivos cargos de direção e vice-direção do Colégio Estadual.
Por ele, Prefeito Dr. JURACY, fomos recebidos e merecemos o seu inconteste apoio, para darmos início ao processo de renovação da tradicional educação brumadense, sob a égide da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 5692/71, que preconizava a introducão da Escola Secundária Moderna.
Apesar da nossa inexperiência administrativa, porém bem formados, aos vinte e seis anos, para empreendermos a nossa missão, contando com o Poder Municipal e de valorosos professores que vieram do Ginásio Nelson de Mello, cujo nomes omito para não cometer injustiças, bem como da família brumadense nos anos seguintes da nossa gestão.
Foram contratados vários professores, inclusive de municípios vizinhos, inúmeros funcionários, hoje, aposentados e agradecidos por terem tido os seus empregos.
Durante as três gestões municipais do Dr. JURACY, continuamos a merecer o seu apoio político e pessoal, sobretudo consciente da nova realidade educacional de Brumado, com um marco do seu progresso.
Deixo o político ao sabor dos seus adversários e correligionários, para falar do médico e do cidadão brumadense, que, no desempenho da sua profissão e cidadania, enraizou-se no mais recôndito dos corações dos habitantes do Bon-I-Zú, na feliz expressão popular que vem de lá do Bom Jesus dos Meiras, cunhada pelo escritor Tiãozito, para tornar-se querido de todos, pelos seus serviços médicos diuturnos, levados às residências, sempre que chamado. Foi o pioneiro médico de família, em Brumado.
Nas ocasiões em que pude estar ao seu lado, ficava admirado de ver a alegria e reconhecimento devotados a ele, sobretudo, pelas mães brumadenses ou pelos que necessitaram do seu ofício, não raro à distância da sede. Não será outro o sentimento dos brumadense, em geral.
Como cidadão, como é fácil dizê-lo! Extremoso pai de família, amigo de intensas relações, amante desta terra, homem probo, que em nenhuma situaçáo tirou proveito da sua vida pública, para enriquecer-se ilicitamente pela prática de atos capazes de envergonhar os seus descendentes e amigos. Por minha conta, coloco-o a prova desde que o conheci, para dele merecer nada mais que a amizade e consideração, tambèm da família, da diligente esposa, das filhas, sobrinhas por afinidade, na convivência desfrutada.
A última vez que nos vimos, foi no sábado, vinte e nove de fevereiro, na festa comemorativa dos meus dezenove bissextos (setenta e seis anos), em companhia da esposa, quando me abraçou afetuosamente, tecendo alguns elogios a meu respeito. Gratificante momento!
De lá para cá, no curso dessa terrível pandemia, cujo vírus o fez vítima fatal, só os telefonemas para saber da sua saúde, aos seus oitenta e oito anos, recebendo todos os cuidados e vigilância, que, infelizmente não evitaram a inexplicável ocorrência.
Assim, com a mais intensa saudade, despeço-me dele, à distância, com os nossos votos de pesar à pranteada família.
Gratidão, Jura! Vá em paz! Até lá!
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Do amigo Zewalter