A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, tem de ser firme, inflexível e não ceder em defesa de sua pasta, pois foi promessa de campanha do presidente Lula defender o meio ambiente nacional. E o presidente da República, em vez de se manifestar a favor da Petrobras, deveria respeitar a competência do ministério e de seus técnicos, que se posicionaram contrários às ambições da petroleira.
Enquanto o mundo procura fontes de energia renovável, o Brasil, na contramão, continua apostando na energia fóssil, cujos efeitos danosos ao meio ambiente são conhecidos.
Aliás, o Congresso Nacional deveria votar lei restringindo novas perfurações de poços de petróleo no território nacional, para que a Petrobras passasse a se interessar aqui por investimento em fontes alternativas não poluentes.
A proposta de segurança ambiental da Petrobras é ilusória. Visa apenas induzir o Ibama a acreditar em mentiras, pois, o país já conhece as consequências prejudiciais ambientais em casos considerados seguros. Por exemplo, o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, em 2019, causou um grande desastre ecológico. A Barragem 1 da Minas Córrego do Feijão desabou, e a lama atingiu a área administrativa da Vale, bem como a comunidade da Vila Ferteco, deixando um grande rastro de destruição e dezenas de mortes. A mineradora afirmou que a barragem possuía Fator de Segurança de acordo com as boas práticas mundiais e acima da referência da Norma Brasileira, e apresentava declarações de estabilidade que atestavam a segurança tanto física quanto hidráulica da barragem.
O presidente Lula equivoca-se ao fragilizar a autoridade do ministério do Meio Ambiente, diante da Petrobras, e causa desconforto à ministra Marina Silva, que interrompeu o mandato de senadora para servir ao governo, mas está sendo desprestigiada.
Cabe registrar o mal-estar de Marina ao percebe que a sua pasta está sendo também esvaziada nas alterações propostas na Medida Provisória que reorganiza a Esplanada dos Ministérios. “ A MP é uma tentativa de implementar o governo Bolsonaro no governo Lula”, disse a ministra.
Marina já deixou o governo Lula, e o PT, em outra passagem, por divergências. Não será novidade ela abandonar o governo. Tudo isso pode custar caro politicamente para Lula, com repercussão negativa aqui e no exterior.
Pois bem, vejam quando os interesses paroquiais de políticos falam mais alto. Bastou o Ibama negar licença para a Petrobras realizar pesquisa na costa do Amapá para o senador Randolfe Rodrigues (AP) ficar nervosinho e se desfiliar da Rede, faltando-lhe coerência com o partido ambientalista. Aliás, o senador é useiro e vezeiro pulador de partido.