Da Redação
Por pouco não fracassou a proposta do Movimento Baiano de Fé e Política, idealizado e coordenado pelo Diretório Regional do Partido dos Trabalhadores, com a participação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Movimentos Sociais, Igreja católica (alguns setores e sem o aval da cúpula da Diocese, segundo informações colhidas pela reportagem do JS), Universidade e Juventude, todos de Bom Jesus da Lapa e sua microrregião de realizar uma celebração eucarística no próximo sábado, 26, no Santuário do Bom Jesus da Lapa, tendo como mote a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde último dia 7 de abril, nas dependências da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba (PR), para cumprimento da pena de doze anos e um mês imposta pela Justiça Federal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP).
A proposta do Partidos Trabalhadores, cujo convite atribuído ao presidente regional da legenda, Everardo Anunciação, convocando os devotos do Bom Jesus a se juntarem aos militantes e simpatizantes do ex-presidente a participar de uma missa no Santuário de Bom Jesus da Lapa por um Brasil justo, de paz e pela libertação do ex-presidente Lula, circula nas redes sociais, gerou polêmica.
O anuncio da celebração, prevista para acontecer no próximo sábado (26), às 08hs30, causou forte reação da comunidade católica de Bom Jesus da Lapa. Ouvidos pela reportagem do JS, nas ruas de Bom Jesus da Lapa, expressiva maioria dos católicos repudiaram o que chamaram de tentativa de instrumentalização da Igreja para realização de um ato político. Houve, inclusive, que fosse incisivo ao afirmar que, apesar de ter apoiado o ex-presidente nas eleições em que foi candidato, se recusava a aceitar a realização do ato. “Não podemos aceitar que usem a nossa fé em favor de uma causa política”, desabafou um comerciante que preferiu não ser identificado. Na mesma linha de pensamento, uma senhora, de 84 anos, que também solicitou ter a identidade preservada, disse que a realização do ato político no Santuário seria uma afronta às fé de milhares de devotos do Bom Jesus.
Diante das reações e demonstrando estar convencido da inoportunidade da utilização do espaço da Igreja Católica para fins políticos, o Reitor do Santuário do Bom Jesus da Lapa, Padre Devaldo Menêz, chegou a comunicar ao dirigentes do Sindicato Rural do município, um dos parceiros na realização do “ato”, o cancelamento da celebração.
Segundo o sacerdote, o Santuário do Bom Jesus é um espaço sagrado, que acolhe todos os filhos e filhas de Deus, devotos e peregrinos do Bom Jesus, sem distinção. Ainda segundo o Padre Devaldo Menês, por ser um local sagrado [o Santuário] não pode ter seu espaço utilizado para fins políticos.
Uma fonte da Reitoria do Santuário, disse à reportagem do JS, também com o compromisso da preservação da identidade, que desde que foi feito o anúncio da possível celebração no sábado já havia como certo que o Padre Devaldo Menêz se posicionaria contrário à sua realização. “Ele [Padre Devaldo Menês] tem sido muito claro ao afirmar, sempre que necessário, que [o Santuário] por ser um lugar sagrado, não pode e não deve ter seu espaço utilizado para fins alheiros ao da profissão da fé”, pontuou.
Ouvido, por telefone, pela reportagem do JS, o presidente regional do PT, Everaldo Anunciação, confirmou a realização da missa na manhã do sábado. Esclareceu ter havido um mal entendido na divulgação da celebração e assegurou que nunca houve a intenção de utilizar o Santuário para realização de uma ato político, “até porque afrontaria a Lei”, conforme ressaltou.
Segundo Anunciação, por desinformação, foi divulgado que deputados fariam pronunciamentos durante a celebração, o que, naturalmente, teria feito com que o Reitor do Santuário se posicionasse contrário a sua realização. De acordo com o presidente regional do PT, tudo foi esclarecido em um contato das lideranças de Bom Jesus da Lapa com o Reitor do Santuário, ficando confirmada a celebração, que apenas terá sua homilia pautada na defesa de um Brasil justo socialmente, da democracia e da paz social, e marcada pela solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Não temos intenção e não vamos promover, durante a celebração, nenhum ato político. Vamos estar lá, no sábado pela manhã, unidos em uma missa e solidários com o presidente Lula”, concluiu.
