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Mulheres, homenagens e suas histórias

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O HOMEM E A MULHER

Victor Hugo

O Homem é a mais elevada das criaturas, a Mulher é o mais sublime dos ideais!

Deus fez para o Homem um trono, para a Mulher, um altar. O trono exalta, o altar santifica!

O Homem é o cérebro, a Mulher, o coração. O cérebro produz a luz; o coração, amor. A luz fecunda; o amor ressuscita!

O Homem é o gênio, a Mulher é o anjo… O gênio é imensurável; o anjo, indefinível! …

A aspiração do Homem é suprema glória; a aspiração da Mulher, a virtude suprema… A glória traduz grandeza, a virtude traduz divindade! …

O Homem tem a supremacia; a Mulher, a preferência… A supremacia representa a força, a preferência representa o direito! …

O Homem é forte pela razão; a mulher é invencível pela lágrima… A razão convence, a lágrima comove! …

O Homem é capaz de todos os heroísmos; a Mulher, de todos os martírios… O heroísmo enobrece; o martírio sublima! …

O Homem é o código; a Mulher, o evangelho… O código corrige; o evangelho aperfeiçoa! …

O Homem é o templo; a Mulher, um sacrário… Ante o templo, nos descobrimos; ante o sacrário, ajoelhamo-nos! …

O Homem pensa, a Mulher sonha… Pensar é ter cérebro; sonhar é ter na frente uma auréola! …

O Homem é um oceano; a mulher, um lago… O oceano tem a pérola que o embeleza, o lago tem a poesia que o deslumbra! …

O Homem é a águia que voa; a Mulher, o rouxinol que canta… Voar é dominar o espaço, cantar é conquistar a alma! …

O Homem tem um farol: a experiência; a Mulher tem uma estrela, a esperança… O farol guia, a esperança salva! …

Enfim, o Homem está colocado onde termina a Terra; a mulher, onde começa o Céu! …

 

MULHERES

Pablo Neruda

Elas sorriem quando querem gritar./Elas cantam quando querem chorar./Elas choram quando estão felizes./E riem quando estão nervosas.//Elas brigam por aquilo que acreditam./Elas levantam-se para injustiça./Elas não levam ‘não’ como resposta/Quando acreditam que existe melhor solução.//Elas andam sem novos sapatos/para suas crianças poder tê-los./Elas vão ao médico com uma amiga assustada./Elas amam incondicionalmente.//Elas choram quando suas crianças adoecem/e se alegram quando suas crianças ganham prêmios./Elas ficam contentes quando ouvem/sobre um aniversário ou um novo casamento.

AS MULHERES FAZEM HISTÓRIA

1822 – Brasil: A Arquiduquesa da Áustria e imperatriz do Brasil, Maria Leopoldina Josefa Carolina, exerce a regência, na ausência de D. Pedro I, que se encontrava em São Paulo. A imperatriz envia-lhe uma carta, juntamente com outra de José Bonifácio, além de comentários de Portugal criticando a atuação do marido e de dom João VI. Ela exige que D. Pedro proclame a independência do Brasil e, na carta, adverte: “O pomo está maduro, colhe-o já, senão apodrece”.

1827 – Brasil: Surge a primeira lei sobre educação das mulheres, permitindo que frequentassem as escolas elementares; as instituições de ensino mais adiantado eram proibidas a elas.

1879 – Brasil: As mulheres têm autorização do governo para estudar em instituições de ensino superior; mas as que seguiam este caminho eram criticadas pela sociedade.

1885 – Brasil: A compositora e pianista Chiquinha Gonzaga estreia como maestrina, ao reger a opereta “A Corte na Roça”. É a primeira mulher no Brasil a estar à frente de uma orquestra. Precursora do chorinho, Chiquinha compôs mais de duas mil canções populares, entre elas, a primeira marcha carnavalesca do país: “Ô Abre Alas”. Escreveu ainda 77 peças teatrais.

1887 – Brasil: Formou-se a primeira médica no Brasil: Rita Lobato Velho. As pioneiras tiveram muitas dificuldades em se afirmar profissionalmente e algumas foram ridicularizadas.

1893 – Nova Zelândia: Pela primeira vez no mundo, as mulheres têm direito ao voto.

1917 – Brasil: A professora Deolinda Daltro, fundadora do Partido Republicano Feminino em 1910, lidera uma passeata exigindo a extensão do voto às mulheres.

1920 – EUA: Sufrágio feminino.

1923 – Japão: As atletas femininas ganham o direito de participarem nas academias de artes marciais.

1928 – Brasil: O Governador do Rio Grande do Norte, Juvenal Lamartine, consegue uma alteração da lei eleitoral dando o direito de voto às mulheres. Elas foram às ruas, mas seus votos foram anulados. No entanto, foi eleita a primeira prefeita da História do Brasil Alzira Soriano de Souza, no município de Lages – RN.

1928: As mulheres conquistaram o direito de disputar oficialmente as provas olímpicas. O Barão Pierre de Coubertin criador das Olimpíadas da era moderna – era totalmente contra a participação feminina nesse evento, então decidiu pedir demissão do cargo de presidente do Comitê Olímpico Internacional. No Brasil, a primeira partida de futebol feminino foi realizada em 1921, em São Paulo, onde se enfrentaram os times das senhoritas catarinenses e tremembeenses. Em 1964, o Conselho Nacional de Desportos – CND proibiu a prática do futebol feminino no Brasil. Levou tempo para mudar essa situação. A decisão só foi revogada em 1981. E em 1996 o futebol feminino foi incluído como categoria nas Olimpíadas. O Brasil ficou com o quarto lugar, a mesma colocação que obteve nas Olimpíadas de Sydney, em 2000.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

1932 – Brasil: Getúlio Vargas promulga o novo Código Eleitoral, garantindo finalmente o direito de voto às mulheres brasileiras.

A primeira atleta brasileira a participar de uma Olimpíada, a nadadora Maria Lenk, de 17 anos, embarca para Los Angeles. É a única mulher da delegação olímpica.

1933 – Brasil: Nas eleições para a Assembleia Constituinte, são eleitos 214 deputados e uma única mulher: a paulista Carlota Pereira de Queiroz.

1937/1945 – Brasil: O Estado Novo (governo Getúlio Vargas) criou o Decreto 3199 que proibia às mulheres a prática dos esportes que considerava incompatíveis com as condições femininas tais como: “luta de qualquer natureza, futebol de salão, futebol de praia, polo, polo aquático, halterofilismo e beisebol”. O Decreto só foi regulamentado em 1965.

1945: A igualdade de direitos entre homens e mulheres é reconhecida em documento internacional, através da Carta das Nações Unidas.

1948 – Brasil: Depois de 12 anos sem a presença feminina, a delegação brasileira olímpica segue para Londres com 11 mulheres e 68 homens. Neste ano, a holandesa Fanny Blankers-Keon, 30 anos, mãe de duas crianças, foi a grande heroína individual da Olimpíada, superando todos os homens ao conquistar quatro medalhas de ouro no atletismo.

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou e proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. (Ler texto).  Logo após, a Assembleia Geral solicitou a todos os Países – Membros que publicassem o texto da Declaração para que ele fosse divulgado, mostrado, lido e explicado, principalmente nas escolas e em outras instituições educacionais, sem distinção nenhuma baseada na situação política ou econômica dos Países ou Estado.

1949: São criados os Jogos da Primavera, ou ainda “Olimpíadas Femininas”. No mesmo ano, a francesa Simone de Beauvoir publica o livro “O Segundo Sexo”, no qual analisa a condição feminina.

1951: Aprovada pela Organização Internacional do Trabalho a igualdade de remuneração entre trabalho masculino e feminino para função igual.

1960 – Brasil: Grande tenista brasileira, a paulista Maria Esther Andion Bueno torna-se a primeira mulher a vencer os quatros torneios do Grand Slam (Australian Open, Wimbledon, Roland Garros e Us Open). Conquistou, no total, 589 títulos em sua carreira.

1974 – Argentina: Izabel Perón torna-se a primeira mulher presidente.

1975 – Argentina: Ano Internacional da Mulher. A ONU promove a I Conferência Mundial sobre a Mulher, na Cidade do México. Na ocasião, é criado um Plano de Ação.

1979 – Brasil: Eunice Michilles, então representante do PSD/AM, torna-se a primeira mulher a ocupar o cargo de Senadora, por falecimento do titular da vaga. A equipe feminina de judô inscreve-se com nomes de homens no campeonato sul-americano da Argentina. Esse fato motivaria a revogação do Decreto 3.199.

1980 – Brasil: Recomendada a criação de centros de autodefesa, para coibir a violência contra a mulher. Surge o lema: “Quem ama não mata”.

1983 – Estados Unidos: Sally Ride é a primeira mulher astronauta. Voou na nave espacial Challenger.

1983 – Brasil: Surgem os primeiros conselhos estaduais da condição feminina (MG e SP), para traçar políticas públicas para as mulheres. O Ministério da Saúde cria o PAISM – Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher, em resposta à forte mobilização dos movimentos feministas, baseando sua assistência nos princípios da integralidade do corpo, da mente e da sexualidade de cada mulher.

1985 – Brasil: Surge a primeira Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher – DEAM (SP) e muitas são implantadas em outros estados brasileiros. Ainda neste ano, com a Nova República, a Câmara dos Deputados aprova o Projeto de Lei que criou o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.

1987 – Brasil: Criação do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher do Rio de Janeiro – CEDIM/RJ, a partir da reivindicação dos movimentos de mulheres, para assessorar, formular e estimular políticas públicas para a valorização e a promoção feminina.

1988 – Brasil: Através do “lobby do batom”, liderado por feministas e pelas 26 deputadas federais constituintes, as mulheres obtêm importantes avanços na Constituição Federal, garantindo igualdades, direitos e obrigações entre homens e mulheres perante a lei.

1990 – Brasil: Eleita a primeira mulher para o cargo de senadora: Júnia Marise, do PDT/MG.

1993 – Brasil: Assassinada Edméia da Silva Euzébia, líder das Mães de Acari, o grupo de nove mães que ainda hoje procuram seus filhos, 11 jovens da Favela de Acari (RJ), sequestrados e desaparecidos em 1990.

1993 Ocorre, em Viena, a Conferência Mundial de Direitos Humanos. Os direitos das mulheres e a questão da violência contra o gênero recebem destaque, gerando assim a Declaração sobre a eliminação da violência contra a mulher.

1994 – Brasil: Roseana Sarney é a primeira mulher eleita governadora de um Estado brasileiro: o Maranhão. Foi reeleita em 1998.

1996 – Brasil: O Congresso Nacional inclui o sistema de cotas, na Legislação Eleitoral, obrigando os partidos a inscreverem, no mínimo, 20% de mulheres nas chapas proporcionais.

1996 – Brasil: A escritora Nélida Piñon é a primeira mulher a ocupar a presidência da Academia Brasileira de Letras. Exerce o cargo até 1997 e é membro da ABL desde 1990.

1997 – Brasil: As mulheres já ocupam 7% das cadeiras da Câmara dos Deputados; 7,4% do Senado Federal; 6% das prefeituras brasileiras (302). O índice de vereadoras eleitas aumentou de 5,5%, em 92, para 12%, em 96.

1998 – Brasil: A Senadora Benedita da Silva é a primeira mulher a presidir a sessão do Congresso Nacional.

2001 – Alemanha: A alemã Jutta Kleinschmidt é a primeira mulher a vencer o Rali Paris-Dakar, na categoria carros. Considerada a prova mais difícil do planeta – seu desafio é atravessar o deserto – Kleinschmidt, com essa vitória, faz jus à força feminina, presente em todas as atividades do mundo atual. Em 23 anos de disputa, jamais uma mulher havia ganhado nessa competição.

2003 – Brasil: Marina Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT) do Acre, reeleita senadora com o triplo dos votos do mandato anterior, assume o Ministério do Meio Ambiente do governo Lula no dia 1º de janeiro de 2003. Em seu discurso de posse, disse: “Não acho que devemos nos render à lógica do possível. O possível é feito para não se sair do lugar”.

PRIMEIRA MULHER DIPLOMADA NO BRASIL

De acordo com pesquisa realizada pela professora de pós-graduação em História Social da USP Maria Regina da Cunha Rodrigues Simões de Paula a primeira mulher diplomada no Brasil foi a médica Rita Lobato Velho Lopes (1867-1960). Segundo pesquisa, com os impedimentos existentes na época, Rita Lobato só pode iniciar seus estudos depois que o imperador d. Pedro II assinasse um decreto-lei.

Infelizmente, a história das mulheres nem sempre foi marcada por conquistas. Em muitos lugares do mundo ainda falta mudar muita coisa para que a mulher tenha seus direitos respeitados.

MUTILAÇÃO GENITAL FEMININA

Alguns grupos étnicos praticam a mutilação genital feminina, ou seja, a retirada total ou parcial dos órgãos sexuais femininos (clitóris e lábios da genitália). Essa prática só vem afirmar o desrespeito à mulher nessas comunidades, pois a mutilação é praticada geralmente entre os 4 e 8 anos, quando a criança nem sabe do que se trata e muito menos tem o direito de rejeitar o ato. O objetivo é fazer com que a mulher já adulta não sinta prazer no ato sexual. Como se não bastasse o desrespeito, ainda há agravantes: a mutilação é feita sem qualquer anestésico, porque fazem parte do ritual o sofrimento e a dor; fato que pode provocar hemorragia, infecções muito graves e até mesmo a morte. Além disso, a utilização dos instrumentos em várias meninas pode provocar a transmissão da AIDS.

A mutilação é praticada em mais de 28 países africanos, em populações muçulmanas, na Indonésia, Sri Lanka, Malásia, Índia, Egito, Omã, Yemem e Emirados Árabes Unidos. Cerca de 135 milhões de meninas e mulheres em todo mundo sofreram a mutilação genital feminina. A Organização Mundial da Saúde calcula que são mutiladas 6.000 mulheres por dia 41 por minuto.

ULTRASSONOGRAFIA A SERVIÇO DO ABORTO

Em Bangladesh, país localizado na Ásia, a ultrassonografia não vem sendo usada simplesmente como um recurso para garantir o melhor acompanhamento da gravidez e da saúde da mulher. Como o método permite saber o sexo do bebê bem antes do nascimento, muitas vezes as famílias, ao saber que a criança é do sexo feminino, decidem fazer o aborto. Isto porque nessa sociedade a mulher é vista como inferior e o filho tem mais valor que a filha.

CONTROLE CRUEL DE NATALIDADE

 A China, devido à superpopulação e à consequente dificuldade em sustentar os filhos, o governo estabeleceu que as famílias só pudessem ter um filho. Como nesse país a mulher não é vista com bons olhos – eles preferem os homens, que têm força para trabalhar e lutar – é sabido que quando nasce uma menina não é raro a criança ser morta, pois não terá utilidade para a família e será desvalorizada pela sociedade. Como só podem ter uma criança, é melhor então que seja menino.

VIOLÊNCIA EXTREMA

Na Índia as mulheres têm sempre que ser submissas e obedientes aos seus maridos. E as autoridades fazem vista grossa às maiores atrocidades cometidas, como por exemplo, o fato de o homem cobrir com líquido inflamável e atear fogo à esposa. Ele é como se fosse dono dela. E a mulher é como se fosse uma mercadoria, um objeto, que ele pode utilizar como bem entender e da qual pode se desfazer se por algum motivo não a quiser mais.

CRENÇAS QUE AUMENTAM A POSSIBILIDADE DE RISCO

Separamos aqui algumas crendices, comuns principalmente entre povos africanos. Estas ideias partem de princípios preconceituosos, que subjugam o gênero feminino e resultam em problemas de saúde física e psicológica para as mulheres. Aí se inclui a contaminação pelo HIV, muitas vezes corroborada por estas crenças infundadas.

Uma delas é a ideia de que ter relação sexual com uma mulher virgem curaria o homem do HIV. Daí é fácil imaginar o resto: muitas meninas novas acabaram sendo forçadas a fazer sexo sem proteção com homens contaminados.

Outro pensamento comum, desta vez no Senegal, é de alguns homens que acreditam que a circuncisão feminina seja positiva porque “racionaliza” o desejo das mulheres. Embora soe muito agradável para uma cultura machista, a prática da extirpação do clitóris da mulher aumenta, e muito, o risco de contaminação pelo HIV.

Do mesmo modo, as meninas que se casam muito cedo, de acordo com o costume de algumas tribos, têm mais chances de contrair AIDS. Forçadas a terem relações sexuais sem estar preparadas e orientadas, corre o risco de contágio.

EXAMES FEMININOS GRATUITOS NO BRASIL

Os exames preventivos anuais de ginecologia e de mamografia são importantíssimos para acompanhar a saúde da mulher. Mesmo assim, estes exames não eram oferecidos gratuitamente a todas as brasileiras: era preciso apresentar uma declaração de pobreza para consegui-los através do Sistema Único de Saúde (SUS).

A Câmara dos Deputados aprovou a gratuidade destes exames anuais para todas as mulheres a partir de 30 anos e também para aquelas que apresentem problemas ginecológicos ou de mama, desde que constatados por médicos credenciados pelo SUS.

A ideia de estender o direito aos exames tem como base o artigo 194 da Constituição da República, que prevê a universalidade do atendimento na área de saúde.

Outro projeto que beneficia as mulheres é o Projeto de Lei 848/99, também aprovado, permitindo a realização gratuita de testes de mamografia, senografia e mastografia, desta vez para as mulheres que tenham sido recomendadas a fazê-los, por causa de um diagnóstico anterior.

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

A frase de Marx “A opressão do homem pelo homem iniciou-se com a opressão da mulher pelo homem”, é esta a sua visão.

Antonio Novais Torres

antoniotorresbrumado@gmail.com

Brumado março de 2020.

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