Empreendedoras falam sobre a presença de mulheres no setor de tecnologia
Por: Maria Eduarda
Segundo um estudo feito pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), os homens ocupam 67% das posições mais altas nas empresas de tecnologia, enquanto que as mulheres apenas 33%. Mesmo que esse dado não seja positivo, há bons exemplos de profissionais que enfrentam os desafios de atuar no setor de tecnologia.
Entre as profissionais está Andrea Miranda, CEO e cofundadora da STANDOUT, martech referência em inteligência em trade marketing digital que auxilia marcas e indústrias a falarem diretamente com os seus públicos nas páginas de produtos dos e-commerces. Andrea é Cientista de Computação com mais de 30 anos de experiência em TI aplicada ao marketing digital e publicidade. Graduada em Ciência da Computação na USP e Pós-Graduada em Automação e Informática Industrial na USP e já passou por diversas empresas.
“Essa área seja na engenharia ou na computação é algo que nunca nos pertenceu e tem várias carreiras que possuem essa mesma característica. Depois que me formei e fui, eventualmente, liderar algum time, ainda muito jovem, com pessoas mais velhas e com mais estrada, precisei usar de estratégias para garantir minha competência, por exemplo, usar roupas muito mais sérias, que gostaria, para passar convicção do meu trabalho e capacidade. Não bastava tudo o que tinha estudado ou vivenciado”, destaca Andrea.
A executiva, que hoje lidera a martech, desde o planejamento de estratégias para aquisição de parcerias, a criação e implementação das soluções que a STANDOUT oferece, faz um comparativo e complementa. “Quando vemos uma mulher em uma mesma posição e situação que um homem, pode ter certeza, que ela passou por muito mais coisas, muito mais desafios. Somos muito mais cobradas e julgadas, é como se sempre estivéssemos devendo, algo que na figura masculina não ocorre”, finaliza a CEO da STANDOUT.
Infelizmente, o cenário que a CEO da martech pontua continua também no acesso à educação no setor de tecnologia. Hoje, apenas uma em cada três pessoas pesquisadoras de ciência e engenharia no mundo é mulher. Barreiras estruturais e sociais impedem que mulheres e meninas entrem e avancem nas áreas de STEM (Tecnologia, Engenharia e Matemática). Para Carine Roos, CEO da Newa, empresa de consultoria em DE&I e saúde emocional para as organizações, é preciso um olhar atento das empresas em relação à equidade de gênero do time de tecnologia.
“Embora o setor de tecnologia esteja avançando rapidamente e só se tem falado nisso por aí, é importante ter em mente que ainda existem muitos desafios éticos e sociais que devem ser olhados de maneira crítica. A inclusão, e principalmente, a equidade de gênero no setor é primordial, não só para as organizações em si, mas para os usuários dessas tecnologias que terão acesso a produtos e serviços que foram elaborados por um time mais diverso”, complementa Carine que além de CEO da Newa, é Socióloga e atualmente faz um mestrado em letramento de gênero.
Ainda de acordo com a especialista e empreendedora, a presença das mulheres nas áreas tecnológicas abrange as criações, que sai do escopo de homens brancos de classe média com um ethos forte na valorização de crescimento a qualquer custo, liderando o setor. “Isso muda não só o time de tecnologia, mas a visão das colaboradoras de toda a organização, que conseguem ver mulheres ocupando espaços majoritariamente masculinos”, conclui a executiva da Newa.
Outro dado que mostra os desafios que as mulheres enfrentam ao empreenderem é o universo das startups. De acordo com um estudo do Distrito em parceria com a aceleradora B2Mamy e a Endeavor, no Brasil, as mulheres são fundadoras de apenas 4,7% das startups e scale-ups. Outro dado desproporcional é o fato de apenas 0,04% delas terem acesso a investimentos.