A discórdia no seio do PSL pela ânsia de seus políticos em viabilizar as suas candidaturas nas eleições municipais de 2020 é o retrato desbotado da velha prática política de interrupção de mandatos, que a corja política, mesmo renovada, continua de forma indecente a desrespeitar o eleitor.
Do ponto de vista de moralidade e de lealdade ao voto recebido, mandato político é para ser cumprido até o fim e não para servir de trampolim às luzes da ribalta do poder.
Certa feita o jornal espanhol El País escreveu que ser político no Brasil é um grande negócio, uma dádiva caída do céu, visto as grandes recompensas de toda a ordem obtidas pelos políticos.
Poucos vão para a política por patriotismo. A maioria abraça a política apenas para defender os seus solertes interesses e tirar proveito da coisa pública, fato que a sociedade vem testemunhando com o rol de políticos envolvidos em processo de corrupção. Inclusive, temos hoje um ex-presidente da República condenado e preso por corrupção e lavagem de dinheiro.
O mordaz jornalista e literato Nelson Rodrigues deixou cunhado esta pérola, que se aplica perfeitamente aos nossos atuais políticos: “Eu me nego a acreditar que um político, mesmo o mais doce político, tenha senso moral”.
Trata-se como se observa de indisfarçável verdade. E quem acompanha o dia a dia político pode atestar a falta de seriedade e moralidade de nossos políticos. Não são confiáveis. Elegem-se com o sagrado propósito de defender os interesses da sociedade e da nação, mas logo em seguida deturpam a sua trajetória como se não devesse satisfação a ninguém.
Veja o que está ocorrendo com o PSL, o partido do presidente da República. Um caldeirão de discórdia. Parlamentares da sigla que deveriam se preocupar apenas com o cumprimento de mandatos, brigam por candidaturas ao pleito municipal de 2020.
Como se pode acreditar na seriedade política de nossos representantes? Eles só veem os seus interesses, esquecendo-se de trabalhar em prol da sociedade e da nação. Nem bem foram eleitos ou reeleitos e já se preocupam com a próxima eleição. Mas a culpa é do instituto imoral do voto obrigatório, que os políticos não querem revogar, responsável pela eleição e reeleição de políticos mequetrefes.