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Não se governa uma democracia com a força das armas

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Em toda e qualquer sociedade quando um grupo específico que forma o seu corpo social coordena o governo, os resultados são desastrosos, e essa mesma sociedade passa a ser um regime de exceção, simplesmente porque quem governa deixa de ser governo para todos e passa a ser o governo de um grupo específico de interesses.

Esses governos nascem da existência de crises políticas e distúrbios institucionais, e como sempre se comprovou historicamente eles não servem para nenhuma sociedade, exatamente porque a sociedade é formada por muitos outros grupos de interesses, que podem naturalmente quando se mobilizar politicamente serem eliminados pelo grupo que governa, principalmente quando o grupo governante tem a força das armas.

O caso mais emblemático e conhecido em nossa sociedade foi o governo da ditadura militar de 21 anos, que transformou o país exatamente num regime político de exceção, porque quando um determinado setor da sociedade não concordou com as posturas políticas dos militares foram exterminados pelo uso da força das armas.

Nesse sentido, como estamos vivendo uma espécie de regime brando de exceção, quase que uma ditadura porque o governo não tem apoio da população, a crise política e os distúrbios institucionais atingiram os limites daquilo que pode ser tolerado numa sociedade, e assim uma luz amarela se acendeu. Principalmente quando vemos um general do Exército Brasileiro assumir um discurso de que pode haver intervenção militar no Brasil.

Como o general Antonio Mourão afirmou de que se o judiciário brasileiro não resolver o problema da crise política do país o Alto Comando do Exército pode intervir politicamente (mesmo que a resposta do próprio Exército chegou em conta), é bom que as instituições sérias desse país que não estão no olho do furação da própria crise criada por outras instituições, façam um debate na sociedade, porque tudo o que o país não precisa nesse momento é um novo regime de exceção pautado na força das armas de apenas um grupo de interesses.

O discurso do general mesmo que rechaçado pelo Alto Comando do Exército foi perigoso, porque tudo o que o Exército não pode e nem tem competência para fazer é Segurança Pública como está querendo fazer no Rio de Janeiro, e principalmente lograr a fazer política, pois ao Exército cabe a defesa da nação e a grupos componentes da sociedade civil cabe governar. 

Governar é coisa séria, mesmo sabendo que Michel Temer e sua organização estranha que assaltou o poder pautado nas regras e nos rigores cegos constitucionais, representam uma espécie de distúrbio da libido política desse país. É hora de pensar e não de criar mais crise!

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