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NÃO VIVEU

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De tanto querer

Perdeu o passo,

Tropeçou no laço,

Caiu de cara no chão.

Esticou demais o braço

Arranjou um torcicolo;

Deitou-se, sem querer

Numa cama de varas;

Pior, passou a crer

Que existe mesmo

Verdades incontestáveis,

Absolutas realidades.

 

De tanto esperar

Perdeu a fé.

Não colheu flores,

Nem viveu amores

Nem mesmo amores vãos

Não conheceu o desejo

Que arrepia a pele,

Que corta o fôlego,

Que corre pelas as veias

E desencadeia a febre

Da paixão.

Perdeu a vez

De ser feliz

Por alguns instantes!

Não viu o sol nascer

Nem a lua surgir

Atrás dos montes.

Não percebeu a brisa

Afogando-lhe a carne

Nem a flor desabrochando

Na beira da estrada.

Não sentiu o perfume

Do beijo

Nem o sabor do prazer

De ser prazer

No prazer do outro.

 

Não percebeu o tempo passar.

1 comentário em “NÃO VIVEU”

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744