Ainda bem que jogou para as calendas de 2020 a aplicação do semipresidencialismo. A comissão que criou para estudar o assunto, diz ele, nada proporá para aplicação em curto prazo.
Contudo, há algo que precisa ser dito. O objetivo último do semipresidencialismo é dissolver em águas constitucionais as poucas prerrogativas ainda remanescentes do presidente da República, transferindo o coração do governo para a maioria parlamentar.
Um sistema de governo que aumente as competências do Congresso Nacional com o atual perfil do Poder Legislativo significa entregar as ovelhas aos cuidados dos lobos. Não devemos – jamais! – aceitar algo assim, saído, não por acaso, de reiteradas sugestões de Rodrigo Maia, Arthur Lira e Gilmar Mendes.
Desde jovem, sou parlamentarista. O semipresidencialismo também pode atender pelo nome de semiparlamentarismo. No entanto, ainda que a proposta fosse para um parlamentarismo integral, eu concordaria se antecedido pela adoção do voto distrital, em virtude dos estreitos vínculos de fiscalização e cobrança que esse sistema estabelece na relação entre eleitos e eleitores.
Com a atual franquia, em que os congressistas viram as costas para a sociedade, ocultam seus votos e suas posições, escondem o que fazem, vivem na bolha do partido e dos seus cabos eleitorais, nem pensar em lhes atribuir maiores competências e responsabilidades.