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No refúgio da noite

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Escapar ileso da realidade diurna e penetrar, deslumbradamente, no antro da noite é uma aventura apaixonante. Este ritual nos eleva a alma e nos renova os sonhos onde vestimos de poderosas forças intimas.
Sabemos que a noite tem cheiro de vida, mas devemos nos conter, para que seu odor não nos abra apetite demais, tornando insaciável nossa fome de aventura.
O descanso noturno é uma gratuidade existencial dentro deste mundo cheio de cobranças imediatas. É o relapso do ócio dentro da essência do trabalho. É o vácuo, onde escondemos nossas fragilidades humanas, dividindo com alguém, sem prejuízo, para nossas batalhas cotidianas.
A noite é nosso quartel general, onde idealizamos nossas estratégias, para que com entrada dos dias fizéssemos a logística, implantando com firmeza, no centro da realidade.
É na noite que refugiamos das gigantescas pressões cotidianas. Buscamos alimentar nossas forças com as armas das motivações de sonhos que nos impulsionam a dar sobressaltos em nossos projetos.
Sem a noite, ficaríamos expostos ao sol ardente, permanentemente. Não renovaria nosso enredo real. Seriamos sacrificados pela rudeza existencial. A crueldade da realidade sepultaria nossas utopias e seriamos seres sem prazeres, atormentados só pela frieza da lógica solar.
É no refugio da noite, que aquele sonho raquítico, toma forma e corporifica substancialmente, lançando impulso, para projetar a distancia mensurável, quando o sol nasce. Penetre, sem censura, nas suas noites prazerosas, mas não esqueça que elas são um trampolim de passagem, para infiltrar nossas utopias dentro do seio da luz solar.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 744