Análises realizadas pela Agência Tatu com base nos dados do IBGE indicam que, em 2010, o Nordeste tinha uma população total de 53.081.950 habitantes, enquanto em 2022 esse número subiu para 54.644.582, representando um crescimento de apenas 2,94%
Por Comunicação/Agência Tatu
Os dados do Censo de 2022 revelam que o Nordeste foi a região brasileira que apresentou o menor crescimento percentual em número de habitantes em comparação ao levantamento de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto isso, o Centro-Oeste foi a região com o maior aumento populacional. A migração de pessoas do Nordeste para o Centro-Oeste é apontada como um dos fatores que contribuem para essa disparidade entre as regiões do país.
Análises realizadas pela Agência Tatu com base nos dados do IBGE indicam que, em 2010, o Nordeste tinha uma população total de 53.081.950 habitantes, enquanto em 2022 esse número subiu para 54.644.582, representando um crescimento de apenas 2,94%. Já o Centro-Oeste, no mesmo período, registrou um aumento de 15,86%, passando de 14.058.094 habitantes para 16.297.809.
Desigualdade no crescimento
O economista e professor Cícero Péricles destaca que as regiões do Brasil sofrem com um movimento desigual de crescimento populacional. O movimento migratório entre as regiões é impulsionado pela busca de oportunidades de trabalho e renda, levando muitas pessoas a deixarem o Nordeste em busca de melhores condições de vida em outras regiões do país. Historicamente, o Nordeste tem sido uma região de imigração.
Essa tendência fica evidente quando se observa a evolução da população brasileira ao longo dos anos. No primeiro Censo realizado em 1872, o Nordeste concentrava 47% da população do país, enquanto o Centro-Oeste representava apenas 2% e o Sudeste, 20%. No entanto, esses números sofreram mudanças significativas ao longo do tempo. Em 2023, o Nordeste passou a representar 27% da população brasileira, enquanto o Centro-Oeste aumentou para 8% e o Sudeste para 42%.
A expansão do agronegócio no Centro-Oeste é um dos fatores que têm atraído milhares de trabalhadores de diversas partes do país, incluindo o Nordeste, para a região em busca de oportunidades de emprego e melhores condições de vida.
O dilema dos trabalhadores migrantes
O caso de Juan Gomes ilustra a realidade de muitos trabalhadores nordestinos que migraram em busca de oportunidades no Centro-Oeste. Em 2016, aos 21 anos, Juan deixou sua cidade natal, Santana do Mundaú, em Alagoas, e partiu para o estado de Mato Grosso em busca de trabalho em uma produtora agrícola. Desde então, ele raramente consegue ver sua família, reencontrando-a apenas durante suas férias, que ocorrem uma vez ao ano.
O distanciamento da família é uma das dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores migrantes, como ressalta o professor Cícero Péricles. Além disso, a migração retira a capacidade produtiva dos estados nordestinos e afeta a dinâmica econômica dos municípios menores, que são os mais vulneráveis.
Possíveis soluções
Para enfrentar esse cenário, Péricles sugere o desenvolvimento de setores empregadores de mão de obra e geradores de dinâmica local no Nordeste. Investir em áreas como a agricultura familiar, a construção civil e pequenas e médias empresas urbanas pode aumentar as possibilidades de emprego na região.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE revelam que cerca de 3 milhões de nordestinos estão desempregados, 2,4 milhões estão no desalento (desistiram de procurar emprego) e outros 2 milhões trabalham em regime de tempo parcial, totalizando aproximadamente 7,4 milhões de nordestinos potencialmente propensos a migrar em busca de oportunidades de trabalho e uma vida melhor.