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Duas coisas boas, nos últimos dias, me remeteram à terrinha, aquela Portugal linda e única do outro lado do oceano. Tenho saudades muitas de Lisboa – a cidade da luz única: Luzboa; Porto, Coimbra, Sintra, Extremoz, Douro, Óbidos, Évora, Guimarães e tantos outros lugares por onde passei.

A primeira coisa, a notícia de que a cantora brasileira Adriana Calcanhoto, grande estudiosa da poesia e entusiasta da poesia cantada, está na nossa querida Portugal, para dar uma série de masters classes na famosa Universidade de Coimbra.

Adriana nunca dissociou a poesia da música. Isso me faz pensar que, quando o Bob Dylan ganhou o Nobel de Literatura – e ela já tinha incluído Dylan na sua aula de trovadores medievais e contemporâneos – eu não concordei muito com um cantor ganhando um Nobel de Literatura. Pensei que deveria haver alguma obra de algum escritor, por todo este mundão de Deus, que merecesse o prêmio. Mas agora percebo que a Academia pode ter sua razão, pois Adriana Calcanhoto me abriu os olhos, com sua paixão e seu conhecimento da poesia cantada, me lembrando que  muitos poemas da melhor qualidade são cantados todos os dias, mesmo quando não são poemas de poetas consagrados musicados. Que algumas letras de músicas não são apenas letras, mas poemas.

Li a entrevista de Adriana Calcanhoto no Diário de Notícias de Lisboa, entrevista alentada, grande mesmo, mas deliciosa de ler. Ou “ouvir”. Fiquei triste quando acabou. Senti orgulho de ser brasileiro, Adriana. De ser poeta. Tenho só um poema meu musicado, gravado em Recife, mas vou pedir para o Pierre Aderne, cantor e compositor da família que faz sucesso no Brasil, em Portugal, nos Estados Unidos, na Polônia, no Japão e por aí afora, para ver se tenho algum poema bom o bastante para ser musicado. Como Adriana nos ensinou, poesia e música tem tudo a ver. Eu, disse, uma vez, num poema, que a música é a poesia do som. E Adriana confirma.

Segunda coisa boa: no dia do meu aniversário, 16 de fevereiro, ao receber os parabéns da filha Daniela e do genro Pierre Aderne, eis que ganho de presente um concerto, ao vivo, via Facetime, direto de Lisboa. Pierre cantou o “Parabéns a você” ao violão, em ritmo de fado e mais, cantou uma das músicas do seu novo CD, “Da Janela de Inês”, que nem tinha sido lançado ainda, seria lançado no dia seguinte, 17 de fevereiro. Foi muito lindo. Obrigado, Pierre. Pierre é francês, mas cresceu no Brasil, então é um francês muito brasileiro, é um carioca autêntico. E ele leva a música popular brasileira, de Portugal e de outros países pelo mundo. No Brasil, teve vários programas produzidos e apresentados por ele no Canal Brasil, como “Música Portuguesa Brasileira”, “Rua das Pretas”, “Cantoras Portuguesas”, etc. O novo CD de Pierre, “Da Janela de Inês”, pode ser pedido nas lojas Fnac.

O concerto ao vivo de Pierre foi um daqueles presentes tipo “a coisa linda do dia”, como diria minha amiga cronista Norma Bruno, que segue daqui alguns meses para Portugal, para passar uns meses lá e ser a cronista do Porto, também. Acho que vou também. Adoro aquela terrinha, adoro Portugal. Vamos passear por lá com Norma, para instigar-lhe ainda mais a inspiração. E escrever a continuação de “Portugal, Minha Saudade”, quem sabe.

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745