Há anos, o surgimento de fake news na área da saúde está causando prejuízos incalculáveis e colocando a vida de milhares de pessoas em risco
Atualmente, muito se tem discutido sobre o tema “fake news”, pois o enorme fluxo de notícias falsas compartilhadas nas redes sociais está causando impactos inesperados, até mesmo na política do país. Contudo, na área da saúde, os casos de fake news já são bem antigos, especialmente no que diz respeito à vacinação e aos seus supostos efeitos colaterais.
Recentemente, vários países da Europa enfrentaram uma epidemia abrupta de sarampo, com mais de 500 casos registrados em poucos meses. Como a doença era considerada erradicada nesses locais, as autoridades foram pegas de surpresa com o ocorrido. Ao estudar o caso mais a fundo, a BBC identificou que a porcentagem de crianças vacinadas contra o sarampo no continente europeu diminuiu ao longo dos últimos anos. A óbvia relação entre a queda no número de vacinações e o surgimento de um novo surto da doença tem levado alguns países, como a Alemanha e a Itália, a cogitarem punições para os responsáveis que não vacinarem as crianças.
O motivo para tantos pais estarem deixando de vacinar seus filhos certamente está ligado as controvérsias geradas pelas fake news sobre o tema. Contudo, ao tomar a decisão de não vacinar uma criança, os pais não colocam somente seu filho em risco, mas também a todos aqueles que tem contato com aquela criança e ainda não foram imunizados.
Fake news sobre vacinação e autismo é uma das mais compartilhadas na rede
Notícias que reportam uma suposta relação equivocada entre o autismo e a vacinação já circulam pela internet há anos, e permanecem assustando a muitas famílias. Acredita-se que a origem dessa fake news aconteceu nos anos 90, quando um médico chamado Andrew Wakefield escreveu e publicou um artigo no qual defendia que as vacinadas contra rubéola, sarampo e caxumba, quando combinadas, poderiam causar um quadro de autismo.
Alguns anos depois, a revista onde o artigo foi publicado se retratou publicamente, desmentindo que essa informação fosse verdadeira. Além disso, Andrew Wakefield perdeu o seu registro de médico pois as autoridades identificaram que não apenas esse, mas outros estudos realizados pelo profissional haviam sido desenvolvidos de maneira fraudulenta. Porém, apesar de ser desmentida, a notícia ainda continua em circulação, enganando a milhões de pessoas.
Ministério da Saúde cria canal de combate às fake news
Em função das ameaças originadas pelo compartilhamento de notícias falsas ligadas à doenças e vacinação, o Ministério da Saúde tomou a iniciativa de criar um canal dedicado a combater as fake news. Através de um número de WhatsApp, representantes do órgão se prontificam a receber mensagens enviadas pelos cidadãos e a tirar dúvidas sobre a veracidade de informações relacionadas à área da saúde.
Entre os meses de agosto e novembro de 2018, esse canal do Ministério da Saúde recebeu mais de 4 mil mensagens e apurou quase mil notícias falsas diferentes. Entre os três assuntos mais abordados nas fake news, a vacinação apareceu no topo da lista, sendo seguida por questionamentos sobre determinados tipos de dieta e dúvidas sobre medicamentos.
Para evitar a propagação de notícias falsas, é importante sempre checar a fonte de toda e qualquer informação, além de verificar a confiabilidade do autor da notícia e do site em que a mesma foi publicada.