Um novo projeto do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA) para o Brasil prevê investimentos de USD 180 milhões em seis anos, direcionados a ações de segurança hídrica e de transição para adaptação na região semiárida do Nordeste tento em conta os efeitos das mudanças climáticas. Esta parceria entre o Fida, Governo Federal e Estados, foi discutida esta semana em Brasília, e envolveu os Ministérios da Fazenda, Meio Ambiente (MMA) e Desenvolvimento Social (MDS).
O novo projeto será co-financiado pelo Fundo Verde do Clima (GCF), entidade operacional da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (Unfcc), que apoia países em desenvolvimento na promoção da mitigação da mudança climática e adaptação aos seus efeitos, e implementado pela Articulação com o Semiárido (ASA).
O “Programa Integrado de Gestão da Água e Segurança Alimentar do Semiárido do Nordeste Brasileiro”, que está em um estágio inicial de preparação, será direcionado para a adaptação das populações rurais pobres do Nordeste aos efeitos das mudanças climáticas. Serão ações complementares aos projetos do Fida já existentes nestas comunidades visando auxiliar estas famílias na convivência com efeitos da escassez de água.
Os recursos partirão de uma doação do GCF ao Fida no valor de USD 60 milhões, e contarão com USD 120 milhões em contrapartida dos projetos Fida no Nordeste, que já são apoiados pelo Fundo Internacional. Nesta fase inicial, está sendo elaborada uma nota conceito contendo estas e outras diretrizes do novo projeto, que está previsto para iniciar na segunda metade de 2018, se estendendo por mais seis anos. No segundo semestre de 2017 e primeiro semestre de 2018 a proposta deverá ser desenhada em detalhe e passará pelas instâncias de aprovação no Governo Federal, GCF e Fida.
“A área de atuação deste projeto está justamente nas regiões semiáridas que o FIDA já possui projetos de apoio em parceria com os Estados. Estas ações complementares àquelas já existentes e aplicadas pelos Projetos do Fida serão de extrema importância para que estas famílias desenvolvam novas técnicas de uso e reuso de água e aperfeiçoem as já existentes”, explicou o coordenador técnico e especialista em Desenvolvimento Produtivo e Meio-Ambiente do Fida, Emmanuel Bayle.
Como principais ações previstas pelo novo projeto estão o desenvolvimento de técnicas que venham garantir o acesso a agua de boa qualidade para consumo humano, como a instalação de dessalinizadores nas comunidades em que a água de poços apresentam grande quantidade de sal, além de estruturas como bombas movidas a energia solar ou eólica, e novos sistemas para captação e armazenamento da agua das chuvas.
“Aliada a implantação destas estruturas, também teremos um trabalho voltado ao uso e conservação do solo, desenvolvimento de práticas agroecológicas, instalação de pequenas barragens, e tecnologias mais adaptadas com pequenos sistemas de irrigação, como micro aspersão cata-vento, etc”, completou Emmanuel Bayle.
Além dos investimentos e técnicas implementadas nas comunidades, o Fida também fará um trabalho voltado à gestão do conhecimento através do Programa Semear Internacional, que é fruto de uma doação do Fundo Internacional para o país e trabalha com a disseminação das boas práticas implementadas nestas regiões.
“Através do Semear Internacional, todos os resultados que serão obtidos ao longo destes seis anos serão divulgados com o intuito de mostrar como estas práticas podem mudar a vida das pessoas, e como estas técnicas podem ser implementadas em outras comunidades, regiões e países”, disse Emmanuel.
Além do Emmanuel Bayle, participaram da missão pelo FIDA em Brasíla: Paolo Silveri, Gerente de Programa para o Brasil; Hardi Vieira, Oficial de Programas; Oliver Page, Especialista Senior em Meio Ambiente; Tatiana Botelho, Especialista em Meio Ambiente; e Danilo Pisano, Especialista Financeiro.