O levantamento foi realizado pela Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) utilizando a plataforma DataSUS, que consolida os dados coletados em toda a estrutura do sistema de saúde do Brasil.
Manchas claras ou vermelhas na pele que causam a perda de sensibilidade na região são os principais sintomas da doença. Esses sinais geralmente acometem os braços e as pernas, mas também podem ser vistos em outras partes do corpo. Uma vez que a hanseníase ultrapassa a barreira cutânea e atinge também os nervos, o infectado perde também força e mobilidade dos membros. No Brasil, ainda segundo o levantamento realizado no DataSUS, o grau de incapacidade física dos adoecidos é avaliado em 87%.
Além disso, um dos grandes desafios no diagnóstico precoce da hanseníase é a ocorrência crescente de casos da doença em crianças, principalmente em regiões do Brasil onde está é muito prevalente, o que representa um sinal de ocorrência acentuada da doença na população que expõe a criança, desde idade bem precoce, ao contato constante com o bacilo e consequentemente ao adoecimento.
“Embora se trate de uma doença infectocontagiosa, a hanseníase não é transmitida por simples relações de toque, ela se instala em pessoas com baixa imunidade após o contato direto com gotículas de saliva ou secreção do nariz de pessoas já infectadas”, explica o médico patologista Juarez Quaresma, membro da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).
Diagnóstico e cura
A doença, também conhecida como lepra, tem como agente causador a bactéria Mycobacterium leprae. Sua descoberta se dá inicialmente em meio a um contexto clínico que associa lesões na pele e a perda de sensibilidade. Os médicos, em geral dermatologistas ou generalistas, fazem a avaliação complementar para confirmar ou não a presença da bactéria. Os testes de avaliação de força motora e de sensibilidade por uso da palpação dos nervos são feitos em clínicas dermatoneurológicas.
Feitos os exames externos, os médicos indicam testes complementares como a baciloscopia, procedimento realizado por médicos patologistas, ou seja, a análise laboratorial do material colhido de serosidades cutâneas das lesões da pele. “Na baciloscopia um fragmento de pele ou de outro tecido é alterado com reagentes químicos e após um processo específico são coletados cortes delicados e finos que permitem a observação no microscópio”, explica Quaresma.
Dado o resultado do exame, o tratamento, que pode ser gratuito pelo SUS, dura entre 6 meses e 1 ano dependendo do estágio em que a hanseníase for diagnosticada. Esse período depende também da forma clínica em que a doença se apresenta, sendo elas: indeterminada, borderline ou dimorfa, tuberculoide e virchowiana.
Pensando em reduzir os números que fazem do país o segundo com maior número de infectados por lepra, a Sociedade Brasileira de Patologia ressalta a importância do rápido diagnóstico da doença. “A hanseníase deixa de ser contagiosa quando começa o tratamento, ou seja, descobrir sua forma clínica e seu estágio para adiantar o processo de cura é fundamental para a diminuição da propagação da doença, é desse jeito que temos que trabalhar para diminuir o número de novos casos no Brasil”, conclui o médico patologista.