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Número de homicídios na Bahia cai 15,3% em janeiro, segundo Polícia Civil do estado

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Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado é o segundo mais violento do Brasil

Por Landara Lima

O número de crimes violentos e letais na Bahia diminuiu cerca de 18% em janeiro de 2024, segundo levantamento realizado pela polícia Civil do estado. Conforme os dados, a taxa de homicídios teve uma queda de 15,3% no primeiro mês de 2024. Foram registrados 360 casos, contra 450 do mesmo período do ano anterior.

A taxa de feminicídio caiu pela metade, com quatro casos. As lesões corporais saíram de 13 casos em 2023, para duas em 2024. O latrocínio teve três ocorrências a menos, reduzindo de cinco para dois.

Já em relação aos crimes contra o patrimônio, não houve registro de assalto a banco. Os roubos de veículos tiveram uma diminuição de quase 14%, com 952 registros, 154 a menos em comparação ao período de 2023. O furto de veículos também reduziu 19,1%. Foram 511 ocorrências contra 632. Os assaltos a ônibus tiveram 24 casos a menos. Foram 33, contra 57 em janeiro de 2023.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), os dados demonstram “a importância do trabalho integrado entre polícia civil e militar, investimento e inteligência policial”. 

A redução das taxas de crimes violentos vem em meio a uma crise de segurança pública no estado. Nos últimos anos, A Bahia tem enfrentado um crescimento da criminalidade, com disputa de território por facções criminosas. 

Segundo o 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, com dados referentes a 2022, a Bahia possui doze das 50 cidades mais violentas do Brasil — e é considerado o segundo estado mais violento do Brasil, ficando atrás somente do Amapá.

Na avaliação do coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia, Dudu Ribeiro, diversos fatores acentuaram a crise da segurança pública na Bahia. 

“Nós temos, sim, algumas tomadas de decisão importantes que, ao longo dos últimos anos, acentuam a crise na Bahia, com o fortalecimento dos batalhões especializados, que atuam de forma ainda mais ostensiva e letal. Uma pouca e precária produção de dados, o que interfere na boa produção de políticas públicas. E o investimento maciço em um tipo de política que não tem é de fato promovido mais segurança para os baianos”, explica.

Tempo maior para analisar a queda da violência

O especialista ainda explica que somente com sucessivas reduções nos indicadores é possível dizer que o sistema e ações de segurança pública estão funcionando de forma efetiva.

“Para a gente verificar uma real eficácia de uma política pública, é necessário haver um tempo maior de queda sucessiva para avaliar a sua real efetividade. Porque são números que flutuam não apenas a partir das decisões na política pública, mas também com a reorganização, sobretudo geopolítica, das organizações ligadas ao tráfico de drogas e diárias. Então, é fundamental que seja monitorado e com aprofundamento da qualidade dos dados em segurança pública, verificar o que de fato é eficiente para atingir esses dados de forma positiva”, diz.

A empreendedora Marlene Matias, de 51 anos, moradora do bairro da Federação, em Salvador, relata que não percebeu uma redução de criminalidade. Ela conta que não se sente segura fora do seu bairro.

“A violência aumentou; ela aumenta a cada dia. Eu me sinto segura no meu bairro, mas eu não me sinto segura fora do bairro. No meu bairro me sinto segura porque aqui ninguém mexe com a gente, mas fora acontece muito assalto e outras coisas mais. E também eu não confio muito na polícia, porque teve tanto caso de polícia abordando a pessoa com violência — então a gente não acaba não confiando na polícia”, comenta.

Para a presidente da Comissão de Segurança Pública da Ordem dos Advogados do Distrito Federal, Izabel Gonçalves, os resultados positivos devem ser mais visíveis a partir de 2025.

“Diminuiu  aparentemente. Porque, na verdade, para ter um resultado mais firme, só com mais ou menos 2 anos. Mas eu acredito que melhorou bastante à vista de como estava ou como está. O governador de lá não pediu a intervenção, mas ele pediu uma ajuda ao estado, que entrou de uma maneira tranquila. Trabalhando com bastante cautela e implantando delegacias. Eu acredito que vá melhorar mais, mas resultado completo mesmo será em 2025”, ressalta.

O coordenador da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia conclui que é preciso um investimento maior nos serviços de inteligência e de dados, tanto no âmbito do governo como da sociedade civil, para melhoria da segurança pública do estado.

“Continuamos defendendo a importância de uma boa qualidade de dados, obviamente produzidas pelo estado, mas também contando com a parceria da sociedade civil. No que a gente chama de produção cidadã de dados também das universidades, outros especialistas que podem nos ajudar a incrementar o que a gente vem chamando de um mosaico de produções que complexifiquem a análise do quadro geral, para dar boas perspectivas para a produção de políticas públicas”.
 

Foto: Alberto Maraux/SSP-BA

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