Na cerimônia de transmissão de cargo, em Brasília, ministro destacou que o mundo passa por uma crise de governança global, agravada pela emergência climática
“O Brasil tem muito a fazer para reconstruir sua reinserção no mundo e em sua própria região. Não temos tempo a perder neste trabalho que é de todos brasileiros, todos os Poderes, de todo o governo, mas muito, especialmente, do Itamaraty sob a condução experiente do presidente Lula”, afirmou o ministro.
Mauro Vieira iniciou seu discurso expressando gratidão à indicação ao cargo. “Minhas primeiras palavras são de gratidão ao presidente da República pela confiança em mim depositada”. Além do presidente da República, os ex-ministros Celso Amorim e Renato Archer foram homenageados pelo embaixador, que alegou profunda admiração pelos dois personagens. A ex-presidenta Dilma Roussef também integrou a lista de homenageados.
“Aceito agora o desafio de retornar a este lugar e a estas tarefas, consciente de que mudanças importantes ocorreram no Brasil e no mundo nestes mais de seis anos e meio desde a minha saída.”
Emergência climática
Vieira declarou que o mundo passa, hoje, por uma “crise de governança global sem precedentes”, em razão de conflitos ativos. Segundo o ministro, “o quadro é agravado pela emergência climática, que coloca em perigo o futuro do planeta”. Com tais desafios, o trabalho deve ser diligente, contando com o empenho sólido do Itamaraty, explica ele.
Para o embaixador, os três pilares fundamentais para a gestão pública serão o econômico, o social e o ambiental. Vieira enfatizou que a proteção do clima e o desenvolvimento de ações cada vez mais sustentáveis pautarão sua atuação frente ao ministério.
Vieira também anunciou que o Brasil continuará sendo um país ancorado no agronegócio, cuja intenção é expandir os acordos para a exportação de alimentos, suprindo a cadeia internacional.
Sobre as relações com a América do Sul, o ministro disse que o fortalecimento dos laços do Brasil no Mercosul é uma situação de primeira importância em sua gestão. O estreitamento de relações com Argentina, Uruguai e Paraguai será uma prioridade do Itamaraty.
Perfil
Nascido em Niterói (RJ), Mauro Vieira graduou-se em Direito, pela Universidade Federal Fluminense (1973), e Diplomacia, pelo Instituto Rio Branco (1974), além de doutorado honoris causa em Letras, pela Universidade de Georgetown, em Washington DC (2014). No Ministério das Relações Exteriores, o embaixador Vieira atuou como coordenador de Atos Internacionais; Assessor do Secretário-Geral; assessor do ministro das Relações Exteriores; chefe de gabinete do Secretário-Geral; e chefe de gabinete do cinistro das Relações Exteriores.
O embaixador Vieira também trabalhou no Ministério da Ciência e Tecnologia, como secretário-geral Adjunto de Ciência e Tecnologia; e no Ministério da Previdência e Assistência Social, como Secretário Nacional de Administração do Instituto de Previdência Social. No exterior, atuou como Segundo Secretário da Embaixada do Brasil em Washington D.C. (1978-1982); na Missão Permanente do Brasil junto à Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), em Montevidéu (1982-1985), como Primeiro Secretário; na Embaixada do Brasil na Cidade do México (1990- 1992), como Conselheiro; e na Embaixada do Brasil em Paris (1995-1999), como Ministro Conselheiro.
O atual ministro foi embaixador do Brasil na Argentina (2004-2010); nos Estados Unidos da América (2010-2015); e representante permanente nas Nações Unidas em Nova York (2016-2020). Foi ministro das Relações Exteriores do Brasil, entre 2015 e 2016. Era embaixador do Brasil na Croácia desde fevereiro de 2020, até ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para desempenhar, a partir de 1º de janeiro de 2023, a função de ministro das Relações Exteriores do Brasil.