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O COMERCIANTE E A FUNCIONÁRIA

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Proprietário de um estabelecimento, uma loja, considerada a mais chique da cidade, vendia produtos masculinos e femininos, além de uma gama de mercadorias do ramo.  O comerciante tinha bom gosto, era esmerado ao escolher bons produtos, que agradavam a clientela.

Na loja trabalhavam três funcionários, duas moças e um rapaz, além do proprietário. Uma das funcionárias se destacou como exímia vendedora e passou a ser admirada pelo patrão, por esse motivo passou a ter certas regalias.

Apesar de casado, interessou-se amorosamente pela funcionária, certo dia, diante da estante onde se acondicionavam perfumes, e artigos de maquilagem, os mais conceituados da época, fez a seguinte oferta para a vendedora da sua predileção:

_ Para seu uso pessoal, pode dispor de qualquer desses objetos, sem qualquer custo, como cortesia da casa, a fim de que você fique mais bonita. Pelo assédio e o tratamento diferenciado, a funcionária entendeu que estava sendo conquistada pelo patrão e aceitou os galanteios e essa condição.

Quando o patrão viajava para São Paulo e Rio de Janeiro para realizar compras, perguntava à predileta:  qual o número que você calça, querida? Ela respondia, certa de que seria presenteada, e assim acontecia. Os presentes se sucederam.

Naquela época, quando uma moça solteira engravidava, era uma ofensa para a família, geralmente, o pai ficava indignado com a desonra, certamente lavava a honra com sangue, principalmente se o indivíduo fosse casado, se solteiro providenciava-se o casamento.

O pai da moça, trabalhava em uma padaria como empregado, era padeiro, e irado com essa circunstância, prometeu se vingar do ofensor da honra da família. Sabedor dessa intenção o comerciante procurou o dito e fez-lhe a seguinte proposta:  Montaria uma padaria e fornecia os ingredientes, o padeiro passaria de empregado a patrão. O pagamento do empreendimento seria feito com o lucro da produção. O financiador se comprometeu a comprar uma quantidade significativa da produção para ajudar o padeiro. Dessa forma, Pedro, o pai da moça, aceitou a oferta e não mais tocou no assunto da gravidez, da desonra e da vingança.

A moça, envergonhada, pela sua condição, e as recriminações dos pais, fugiu do lugar, não se soube, nem mesmo a família, o seu paradeiro.  O pai, ganancioso e interesseiro, trocou a honradez pela condição de ser patrão.

Na vida ocorre esses problemas. O empresário rico, se valeu do privilégio financeiro, e dobrou a intenção do progenitor, com a proposta de beneficiá-lo com uma padaria. “Em terra de sapo, de cócoras com ele”. Foi assim que aconteceu. Mas, com certeza, a moça foi mais honesta, prudente e conscienciosa do que o pai.

Antonio Novais Torres

antoniotorresbrumado@gmail.com

Brumado-Bahia

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