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O CORETO

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 Balança caixão …balança você…da um tapa na bunda e vai se esconder, Essa é uma das brincadeiras que eu mais gostava na minha infância e eu ficava sempre na frente dela, porquê seu tapa não era um tapa, era uma declaração de amor.
    Se a brincadeira fosse de passar anel, é claro que era na mão dela que eu sempre deixava.
     Pula corda, pique esconde, amarelinha, sempre eu dava um jeito de estar perto dela, as vezes até algum esbarrão proposital e os olhares e sorrisos que ela sempre correspondia é difícil de esquecer.
    Quando a gente se cansava, era no coreto da praça nosso lugar de descanso. Foi ali que eu segurei pela primeira vez em sua mão, também foi ali que eu tremendo feito vara verde fiz a minha primeira declaração de amor, com meu jeito envergonhado e caipira eu disse ,  ……eu gosto docê….e o beijo no rosto que eu ganhei foi simplesmente mágico.
      O tempo foi passando, a gente foi crescendo, o amor aumentando, o desejo florescendo e ali eu fui o seu primeiro homem e ela foi minha primeira vez.
   Aquela paixão deixou de ser infantil, nosso amor já era adulto, mas o encanto daquele romance ainda era criança.
      Aos olhos do mundo a gente era um casal perfeito, um nasceu e viveu para o outro e nada no mundo podia nos separar.
    Mas uma coisa no mundo nos separou, minha estupidez, fui estúpido quando sem mais nem menos, sem motivo algum eu disse…. não te quero mais e sai da sua vida.
     Eu achava que o mundo lá fora iria me receber de braços abertos e assim eu fui buscar novas aventuras, novos ares. Deixei de ir na igreja, como a gente fazia todo domingo, troquei minha fé pela bebida, troquei um amor de verdade por paixões fúteis, troquei o paraíso da minha cidadezinha pelo inferno dos bordéis e assim eu fiquei até a água bater na bunda e a ficha cair.
     Como minha mãe sempre dizia, voltei com o rabo no meio das pernas, sem a mala amarela, igual o filho pródigo….eu voltei, agora pra ficar….porquê aqui , aqui é o meu lugar 
    Com o coração cheio de remorso, fui buscar conforto em nosso refúgio, Então parei e o coração quase parou também, porquê ali estava ela, mais linda do que sempre foi e ao seu lado uma criança brincava, era seu filho.
     Faltou palavras no momento pra dizer o quanto me arrependi, mesmo assim, com um nó na garganta eu perguntei…..como vai você? faz tempo que se casou?
     Quase em prantos ela disse…..não..eu não me casei, ainda estou solteira, não tive outro homem e esse filho é seu.

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