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O Homem Que Matou os Facínoras, de Raiva

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Tempos bestamente românticos aqueles em que mocinho era mocinho e bandido era bandido!  Tempos românticos que muitos abestalhados – dentre estes a besta-mor que vos fala – teimam ainda em reviver ou rememorar, como acontece, por exemplo, quando assistem às reprises de clássicos filmes de cawboy!

Tanto que, não faz muito tempo, vibrei mais uma vez assistindo àquele famoso faroeste: “O Homem Que Matou o Facínora”.  No dito filme os mocinhos sabiam que eram mocinhos.  E o bandido não só sabia que era bandido, como sabia e assumia ser portador dos piores predicados da espécie, dentre esses o de ser bruto, traiçoeiro, perverso, corrupto, cínico e de aparência sinistra. Ou seja, um facínora! E na fita, desde sua primeira aparição, até a vitória do bem sobre o mal, providenciada pelo mocinho no certeiro balaço que viria a abatê-lo pouco antes do “The End”, o bandido mostrou, com toda a brutalidade e arrogância que lhe eram peculiares, por que era facínora. E daqueles que nenhum advogado de defesa de poderosos, nem mesmo o Gilmar Mendes, se atreveria de socorrer com a tese de inocência.

E assim, caros(as) “homens sapiens e mulheres sápias”, sou compelido a confessar agora, embora muito constrangido, que ao assistir pela enésima vez à reprise do belo faroeste, me senti também pela enésima vez, o próprio mocinho. Bestíssimamente romântico. Tudo isso até Sua Excelência, o Supremo Magistrado da Nação, ter decidido há pouco me colocar no lugar que mereço, juntamente com milhões de “outros(as) sonhadores(as) tupiniquins e tupiniquinas bestamente românticos(as)”, qual seja o de reles facínora(s)!

Isso mesmo: justo agora, na bruta realidade do tormentoso e deslavadajato momento histórico da nossa “pátria amada, idolatrada, salve salve-se quem puder”, a verdade é impiedosamente atiçada em nossa cara: nós é que somos os facínoras! Sobretudo, nós, os leitores e eleitores que pensam e nos achamos bem informados, e de modo especial, os que pensam, fazem e veem os meios de comunicação, desde o Jornal do Sudoeste ao New York Times ou ao Newsweek! Desde o Mandacaru da Serra ao Le Monde ou ao Le Figaro. Todos tremendos facínoras! “Facínoras que roubam do país a verdade”!  Foi o que proclamou sua excelência o mocinho-mor, em nome de toda a quadr, digo, em nome de todos os seus excelentíssimos compar, digo, pares!

Enfim, ser ou não ser facínora! Eis a questão no antedito tormentoso e deslavadajato momento histórico que ora vivenciamos (ou nos mortificamos?). Mas isso é irrelevante, diria Sua Excelência, o vice que o PT mandou Mamãe Dilma entronizar como majestade no Planalto.  Relevante mesmo é que no elenco da memorável fita despontam, primeiro, pela ordem, os mocinhos: Mr. Temer, o mocinho-mor na fita atual; segue-se Mr. Gilmar, misto de xerife e advogado de defesa de poderosos (abomina ser juiz), atualmente estrelando “O Exterminador do Futuro da Lava-Jato”. Brilha ainda Mr. Lula, ex-mocinho-mor (estreou em “Sexta Feira 13 – Parte 13”, fez “O Homem Que Não Sabia de Nada” e ameaça voltar em “Django Lula Livre”, a ser lançado em 2018); Em eterno e milionário ocaso, Mr. Sarney, ex-xerife-mor e xerife vitalício do Maranhão, protagonista de “O Marimbondo Imortal”; Garbosamente, compete Mr Collor, ex-xerife-mor e xerife vitalício das Alagoas, premiado com o Oscar por sua atuação no faroeste “O Caçador de Marajás”; Apresenta-se, ainda, Mr. Geddel, atualmente estrelando o lacrimoso “O Homem de 51 Milhões de Dólares”, isso após ser injustamente preso em razão da falsificação, por facínoras, de suas digitais em todas as cédulas de 51 caixas e malas de dinheiro honestamente lavado; o sorumbático Mr. Dirceu, em “A Face Oculta”; Mrs. Dilma e Mr. Silas, em “O Duelo da Mandioca”; segue-se o eletrizante “O Homem da Mala Misteriosa”, estrelado por Mr. Temer e coadjuvado por Mr. Loures; com toda a grandiosidade, o Sr & Sra Cabral estrelam a milionária superprodução “Bonnie & Clide In Rio”; na mesma temporada três grandes sucessos, “Se o Apartamento de Mamãe Falasse”, com Mr. Neves, “O Meu Apartamento Falou”, com Mr. Geddel e, para brindar os cinéfilos mais puros e castos, o retumbante pornô explícito “Suruba no Planalto”, com Mr. Jucá & Cia; despontam ainda, garbosa e heroicamente, Mr. Michel, Mr. Renan, Mr Jader, e os Batista Brothers em participação especialíssima, estrelando as bilionárias superproduções mundiais, com externas em New York (Dow Jones e Nasdaq) e magníficas locações em paraísos fiscais, “Por Um Punhado de Bilhões de Dólares” e “Por Um Punhado de Bilhões de Dólares a Mais”; e, no maior espetáculo de todos os tempos, co-produção PT / PMDB, Mr. Lula, Mr. Cunha, Mr. Dirceu, Mr. Geddel, Mr. Palloci, Mr. Renan e Mr. Jucá, estrelam o grandioso “Sete Homens e um Destino: a Papuda”. E muitos e muitos outros!

Do outro lado, seguem-se, também pela ordem – conforme a abalizada avaliação do mocinho-mor, Mr. Temer – aqueles que Sua Excelência considera bandidos, a serem apenados com a hedionda qualificadora de facínoras: Mr. Janot, Mr. Facchin, Mr. Moro, Mr. Bretas, Mr. Dalagnol, Mr Simon, Mr. Genro, Mr. Suplicy, Mr. Cristóvão, Mrs. Marina, Mr. Wal …, como é mesmo o nome desses atores? Me danei a esquecer! Quanto mais dos figurantes,… Ah! Entre estes, você e eu (ôps!) …Chega! É melhor passar a régua para só ficar na lembrança que todos esses atores foram riscados da filmografia mundial justo por sua imperdoável condição de facínoras. E foi assim que os formidáveis mocinhos, unindo suas forças inversoras de plantão nos três poderes, e empreendendo o maior arrastão de todos os tempos, boicotaram, asfixiaram e trucidaram todas as facinorosas produções que estavam em curso, entre outras: “Os Homens de La Mancha”, “Em Busca da Verdade”, “O Ocaso dos Honestos”, “Duelo de Bravos”, “Lava-jato: A Verdade Que Não Queria Calar”, etc.  E, o filme que chegou a ser o mais esperado de todos os tempos: “Os Homens Que Não Venderam Sua Alma”.  Bem Feito! Coisas de facínoras!  

Ah! Os facínoras tentaram ainda, nos seus estertores finais, fazer um filme sobre valores morais e sobre a eterna luta do bem contra o mal, a ser inspirado na célebre frase dita justo por um jornalista, personagem de “O Homem que Matou o Facínora”: “Aqui é o Oeste, senhor. Quando a lenda é maior que o fato, publique-se a lenda” O filme não chegou sequer a ter nome. Os poderosos mocinhos massacraram tão fulminantemente o fato que não restou aos facínoras nem o consolo da lenda.

Bem feito, de novo! Olhaqui-ó! Cambada de facínoras!

The End

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Jornal Digital Jornal Digital – Edição 745